Solidão no trabalho: tecnologia alterou relações laborais
A tecnologia liga escritórios em diferentes continentes e põe equipas a trabalhar à distância, mas a nova forma de comunicar contribuiu para o isolamento dos colaboradores.
Globalmente, perto de 70% dos trabalhadores trabalha remotamente pelo menos uma vez por semana, e mais de 50% só vai ao escritório dois ou três dias. Hábitos que estão a alterar drasticamente a forma como colaboradores da mesma organização comunicam e convivem, contribuindo para a solidão ou sensação de isolamento destas pessoas. Não sendo por si um problema de saúde mental, estes sentimentos podem representar fatores de risco.
Apesar do trabalho remoto, pela flexibilidade que oferece, ser valorizado por muitos colaboradores, especialistas de recrutamento da Hays, acreditam que “trabalhar a partir de casa pode ser um fator que contribui para que os trabalhadores se sintam isolados”.
“Os líderes empresariais precisam de garantir que os trabalhadores remotos vão com regularidade ao escritório, pelo menos uma vez por semana. Isso ajudará a combater qualquer sentimento de isolamento, por interagirem apenas com os colegas por computador ou por telefone”, refere Joana Santos, HR Manager da Hays Portugal, que aconselha os colaboradores a estarem “atentos aos colegas, especialmente aqueles que passam muito tempo longe do escritório, muitas vezes é uma pessoa que pode fazer a diferença”.
Emma Mamo, head of workplace wellbeing na Mind (instituição solidariedade social britânica na área da saúde mental), constata que a solidão e a sensação de isolamento não são um problema de saúde mental, mas podem ser um fator que contribui. “A sensação de isolamento pode contribuir para o desenvolvimento de problemas como a ansiedade e a depressão, enquanto as pessoas que vivem com questões de saúde mental são mais propensas a sentirem-se sozinhas”, diz.
Tão perto e tão longe
Mas mesmo para as equipas que continuam a cumprir horário no mesmo escritório, as relações interpessoais também se alteraram. A explicação, para a Hays, está na “dependência excessiva da tecnologia quando se comunica no local de trabalho [que] pode levar a que os colaboradores se sintam isolados”, já que apesar de mais conectados digitalmente diminuíram as interações presenciais entre colegas.
“Visto que a era digital aproximou colegas de diferentes países, é contraditório que tenha criado um maior distanciamento entre colegas no mesmo local de trabalho. É importante que os profissionais de RH e líderes de negócios identifiquem os colaboradores que possam estar a sentir-se mais solitários, caso contrário, o custo de não o fazer pode ser grande e afetar o desempenho geral da empresa através da baixa produtividade e pouca retenção de talentos” afirma a mesma responsável.
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