Mario Draghi: “Não vemos bolhas na Zona Euro”
Assim que a recuperação económica estiver finalizada, Mario Draghi está pronto para aumentar as taxas de juro. Para já não vê "bolhas" na economia da Zona Euro mas não descarta cenário de nova crise.
“Estamos a monitorizar os riscos da estabilidade financeira, mas não vemos bolhas bolhas na Zona Euro”. A afirmação é do presidente do Banco Central Europeu (BCE), em entrevista ao El País, em resposta aos efeitos negativos da política de quantitive easing. Mario Draghi acredita que as medidas do BCE foram “muitos eficazes” e garante que “o acesso ao crédito já não é um problema”.
"A fragmentação financeira entre países com economias mais fortes e países com economias mais vulneráveis tem vindo a reduzir-se muito.”
Numa altura em que cresce a expectativa à volta da extensão do programa de quantitive easing (a decisão final é feita a 8 de dezembro), o governador do BCE dá mais um sinal de que esta é uma política de continuidade: “Continuamos empenhados em preservar a acomodação monetária que é necessária para suster uma convergência sustentada da inflação para níveis inferiores, mas próximos de 2% a médio prazo“, meta que pretende atingir entre 2018 e 2019.
Ainda longe de atingir essa meta, Draghi mostra-se otimista com a política que adotou. “A fragmentação financeira entre países com economias mais fortes e países com economias mais vulneráveis tem vindo a reduzir-se muito”, afirmou em entrevista ao El País. Apesar de admitir que houve uma altura em que o dinheiro não circulava dos bancos para os consumidores, o italiano garante que isso acontece atualmente.
“Não vemos bolhas bolhas na Zona Euro”
Quanto aos potenciais efeitos negativos da política de acomodação monetária, Draghi é direto: “Para falarmos de bolhas tem de haver um pico nos preços e um aumento forte de empréstimos. Essa dinâmica não se verifica“. O líder do Banco Central Europeu garante que estão atentos a esse risco: “Estamos a monitorizar os riscos da estabilidade financeira, mas não vemos bolhas bolhas na Zona Euro”.
Além disso, o governador do BCE rejeita a ideia de que a sua política monetária está a criar desigualdade. “Não podemos esquecer-nos que a maior causa de desigualdade é o desemprego. Por isso, se olhar para as consequências de médio prazo de aumentar o emprego e comparar com as consequências de curto prazo de piorar a desigualdade, a resposta é não, o quantitive easing não aumentar a desigualdade”, argumentou, reforçando que as taxas de juro baixas são “essenciais para um recuperação total” da economia. Quando a recuperação for atingida, “as taxas de juro vão aumentar”, garante.
"Estamos a monitorizar os riscos da estabilidade financeira, mas não vemos bolhas bolhas na Zona Euro.”
“As políticas orçamentais devem ajudar a recuperação, mas também ter em conta o Pacto de Estabilidade e Crescimento, o qual tem flexibilidade de interpretação suficiente para acomodar fatores extraordinário e reformas estruturais“, afirma Draghi em resposta ao sinal da União Europeia para os Estados-membros de gastarem mais dinheiro para estimular a economia. O governador do BCE diz que o essencial é criar “confiança nos mercados e credibilidade nos Governos”, apesar de reconhecer o “espaço” orçamental de cada país é diferente.
E se vier aí uma nova crise? Mario Draghi não exclui esse cenário, mas garante que se aprende bastante com a crise financeira de 2008 e deixa conselhos: “A melhor proteção contra as regras que requerem a ajuda estatal para a recuperação dos bancos — algo que é sempre associado com problemas sérios a nível político e económico — é que todos os bancos tenham amortecedores no caso de haver problemas, com ativos que possam facilmente absorver prejuízos. Isto é fundamental”.
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