Carteiras de crédito e fusões aumentam procura por analistas financeiros em Portugal

Prestes a abandonar o cargo seis anos depois de ter criado a Associação CFA Portugal, o presidente conta como o dinamismo do mercado está a fazer crescer a necessidade por profissionais no país.

O dinamismo do mercado de carteiras de crédito está a aumentar a procura por analistas financeiros. A associação de chartered financial analysts (CFA) em Portugal tem recebido vários contactos de investidores internacionais que querem apostar nestes ativos e procuram profissionais com quem trabalhar.

“Como os investidores internacionais sabem que temos qualificação para avaliar de forma profissional e de acordo com um standard a que estão habituados, não querem arriscar e contratar outros profissionais. Ainda há pouco tempo fui contactado com um pedido de alguém que queria recrutar vários CFA para avaliar carteiras de crédito bancário“, afirmou Ulugbek Suyumov, presidente da Associação CFA Portugal, ao ECO.

A procura resulta do forte dinamismo do mercado, nomeadamente com os maiores bancos portugueses a colocarem no mercado carteiras de crédito malparado, mas não só. Segundo Suyumov, que trabalhou tanto na compra da seguradora Tranquilidade pelo fundo Apollo em 2015 como na aquisição do Novo Banco pelo Lone Star em 2017, a tendência tem sido impulsionada também por grandes fusões e aquisições (M&A).

Em ambas operações, conta, havia CFA do lado do comprador. “Não quer dizer que não haja outros profissionais de qualidade, mas o CFA é uma marca internacional presente em 164 países”, defende o analista, que é também board advisor na consultora João Mata – Insurance Brokers and Consultants.

O certificado — que demora 900 horas de estudo individual ao longo de três anos a ser conseguido — ter um selo internacional reconhecido é uma das principais vantagens que o presidente vê. É um “passaporte” para uma carreira internacional em cidades como Nova Iorque, Londres, Hong Kong ou Zurique, mas também uma rede de networking em termos de troca de informação, experiências e oportunidades de emprego na área financeira.

Em Portugal ainda é pouco conhecido mas estamos a trabalhar na divulgação“, conta Suyumov, que foi a primeira pessoa a ter a certificação no país e também responsável por trazer a associação internacional para Portugal, em 2013. Desde então, o número de associados cresceu de 43 para os atuais 116.

O analista financeiro prepara-se para abandonar o cargo de presidente da associação, a 24 de junho. O seu sucessor deverá ser o único candidato às eleições, Marcos Soares Ribeiro (diretor da área de universidades do Santander Totta). “Propus o fim do mandato porque propus uma mudança nos estatutos para que os mandatos sejam limitados a dois de três anos cada e tenho que dar o exemplo”, explica Suyumov.

O balanço dos últimos seis anos é positivo para o analista financeiro. “É um projeto para Portugal, para a sociedade e para o setor financeiro”, sublinha, apontando para a intervenção da associação. Entre os profissionais, têm vários procedimentos para acompanhar se os deveres de ética (em relação a clientes, entidade patronal ou relações familiares) são cumpridos. Se não forem, há uma avaliação e, em última análise, é retirada a certificação. Por outro lado, pretendem ser uma rede de segurança caso alguém perca o emprego por questões éticas.

Mas a intervenção da associação vai além do setor financeiro. No campo empresarial, por exemplo, Suyumov está em contacto com o terceiro maior acionista dos CTT (com 5,45% do capital), o CFA Steven Wood, com quem quer discutir a reestruturação da operadora postal.

No campo político, a associação reuniu-se recentemente com o líder do PSD, Rui Rio, para fazer sugestões para a campanha eleitoral para as próximas eleições legislativas, incluindo o reforço dos impostos dos Golden Visa e a diferenciação do valor pago por estrangeiros ou nacionais em transportes públicos ou museus. “Damos sugestões a quem nos queira ouvir. Não temos nenhuma agenda política, mas queremos ajudar o país a desenvolver-se em prol dos portugueses”, acrescentou.

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