Ursula von der Leyen, a ministra mais leal a Merkel, vai liderar a Comissão Europeia. É médica e defende um exército comum
Já com o título da primeira mulher a assumir a pasta da Defesa alemã, Ursula von der Leyen está no Governo de Merkel desde sempre e pode, agora, trocar Berlim por Bruxelas.
Os chefes de Estado da União Europeia (UE) já se alinharam e decidiram, finalmente, os nomes indicados para os cargos de topo das instituições comunitárias na próxima legislatura. O acordo coloca Ursula von der Leyen, atual ministra da Defesa da Alemanha, no cargo de presidente da Comissão Europeia.
Já com o título da primeira mulher a assumir a pasta da Defesa alemã, Ursula von der Leyen está no Governo de Merkel desde sempre e deve, agora, trocar Berlim por Bruxelas. Para já, ainda é preciso que Ursula von der Leyen seja votada no Parlamento por maioria absoluta.
Afinal, quem é Ursula von der Leyen?
Ursula von der Leyen tem 60 anos, nasceu na Bélgica e viveu nos Estados Unidos. Ao nível académico, Ursula tentou formar-se em economia, mas acabou por seguir medicina, área na qual é doutorada, chegando mesmo a exercer a especialidade de ginecologia. No seu currículo, consta também o facto de ser a primeira mulher a assumir a pasta da Defesa no Governo alemão.
Aliás, Ursula von der Leyen é a única ministra que se mantém desde o início no Governo da chanceler alemã Angela Merkel. O seu primeiro cargo foi, em 2005, como ministra dos Assuntos Sociais. Em 2010, foi eleita vice-presidente da CDU.
Com o mandato de Merkel a chegar ao fim, a ministra da Defesa da Alemanha chegou a ser apontada como a sucessora da chanceler alemã. Há quem a veja mesmo como uma espécie de eterna candidata a sucessora de Merkel.
Aposta na segurança e acolhimento dos refugiados
No currículo de Ursula von der Leyen é impossível não falar do facto de a responsável pela Defesa alemã ter sido uma das vozes ativas que defendeu, em plena crise dos refugiados, ser um erro comparar refugiados a terroristas. Em 2015, anunciou a mobilização de quatro mil soldados alemães para atuarem em caso de um grande fluxo de refugiados. Na altura, a Alemanha disse estar disponível para acolher 800 mil refugiados, quatro vezes mais do que em 2014 e um recorde na Europa.
Entre os temas mais quentes, Ursula von der Leyen tem dado especial atenção aos Estados Unidos da América (EUA). Em 2017, a ministra da Defesa da Alemanha rejeitou as acusações do Presidente Donald Trump, quando este disse que Berlim deve “vastas somas de defesa” à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e aos EUA.
Ursula von der Leyen, citada pelo Politico, depressa se insurgiu. “Não há registo de dívidas registadas com a NATO”, disse, acrescentando que o compromisso financeiro de um país com a aliança militar não é a única medida. “Os gastos com a defesa também vão para as missões de manutenção da paz da ONU, para as nossas missões na Europa e para a nossa contribuição na luta contra o terrorismo do Estado islâmico”, recordou na altura.
Meses depois, ainda sobre o mesmo tema, Ursula von der Leyen rejeitou que o Governo alemão estaria a favorecer o Presidente Donald Trump, ao concordar em aumentar os gastos com a defesa para 2% do Produto Interno Bruto (PIB). A ministra, por outro lado, defendeu que o aumento destes gastos é necessário para a segurança da Europa, bem como para manter a sua palavra. “A Alemanha mantém sua promessa”, afirmou, na altura, acrescentando que os seus vizinhos europeus esperavam precisamente isso.
Defensora da criação de um exército comum
Outro dos temas que faz parte do percurso profissional de Ursula von der Leyen é a criação de um exército comum. No final do ano passado, a ministra da Defesa da Alemanha disse que a União Europeia precisa do seu próprio exército para uma melhor defesa dos interesses comuns europeus em situações de crise.
“O exército europeu, que protege a população da comunidade europeia, precisa, não apenas de militares bem equipados, mas também da vontade política de defender os interesses europeus caso surja uma crise”, referiu, na altura, citada pelo Hamburger Abendblatt.
As vozes contra Ursula von der Leyen
Martin Schulz, ex-líder do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), foi um dos primeiros que se insurgiu contra a candidata Ursula von der Leyen para o cargo de presidente da Comissão Europeia. “Ursula von der Leyen é a ministra mais fraca do Governo”, afirmou, citado pelo Spiegel.
Já Sigmar Gabriel, do SPD, disse, ainda antes do anúncio de Tusk, que se a “chanceler vender o excelente presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, permitirá o fracasso da ministra da Defesa”.
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