E se o SNS usasse a montanha de informação que tem para prestar um serviço melhor? É isso que o PS quer
O PS prevê no programa eleitoral uma medida que dá ao SNS a possibilidade de usar os dados que já tem sobre tratamentos médicos para prestar um serviço melhor aos utentes. Privacidade será respeitada.
Em 2017, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) passou cerca de 55 milhões de receitas, a maior parte delas de forma eletrónica. Algumas delas — talvez demais — de antibióticos. A comunidade científica tem aventado a possibilidade de o uso exagerado de antibióticos estar a aumentar as resistências da população a infeções. Perceber melhor isto implica cruzar dados, tentar perceber o que leva o médico a receitar o antibiótico… estudar padrões. Mas para isso é preciso organizar um grande volume de informação que já existe mas está dispersa pelo SNS. Este é um dos temas que preocupa o PS e que está previsto no programa eleitoral que leva a votos nas legislativas de 6 de outubro.
“Estimular o uso de Big Data no SNS para permitir diagnósticos mais personalizados, assim como tratamentos mais eficazes” é uma das propostas que se pode ler num dos capítulos já avançados pelos socialistas, que apresentam o programa completo no próximo sábado numa convenção.
Ao ECO, João Tiago Silveira, que está a coordenar o programa eleitoral explica que “no SNS há muitos dados dispersos sobre exames e tratamentos de diversas patologias que, respeitando a privacidade do utente, podem servir para antecipar problemas de evolução de tratamentos, a partir de tendências, traçar probabilidades e riscos associados e antecipar até tratamentos mais adequados a cada um dos casos”.
Mas para isso é preciso que o SNS tenha competências para usar aquela montanha de informação útil. João Tiago Silveira lembra que a Fundação Para a Ciência e Tecnologia (FCT) está a estudar os padrões de prescrição de antibióticos e que este é o tipo de caminho que o SNS tem de seguir, numa altura em que as infeções pesam na saúde.
O coordenador do programa eleitoral explica que a existência deste tipo de medidas — que surgem como pioneiras, numa altura em que há notícias de falhas em serviços básicos do SNS — com a necessidade de olhar para a frente. “Há problemas no SNS que precisam de ser resolvidos, mas não devemos deixar de olhar para o futuro”.
E argumenta que “o PS é o partido do Simplex. Se não olhássemos para a frente ainda andávamos com quatro cartões na carteira em vez do cartão do cidadão”.
"O PS é o partido do Simplex. Se não olhássemos para a frente ainda andávamos com quatro cartões na carteira em vez do cartão do cidadão.”
Além desta medida, o PS tem ainda no capítulo dedicado à economia digital outras medidas que tentam antecipar respostas a problemas no SNS que serão dominantes no futuro. O desenvolvimento da inteligência artificial como meio de prevenção e diagnóstico de doenças é uma delas. Neste caso, o objetivo além dos dados que estão no SNS recorrer a fórmulas matemáticas que ajudam a antever cenários. Por exemplo, usar motores de busca para calcular que a prevalência de uma gripe num determinado ponto do mundo pode alastrar para outro.
A automatização dos pedidos de isenção de taxas moderadoras — atualmente os pedidos de isenção são feitos online, mas a resposta do sistema não é automática — e as marcações online de consultas e não apenas o pedido de agendamento são outras das soluções que os socialistas querem implementar se vencerem a corrida às urnas.
Outra das sugestões que consta do programa eleitoral é, “com completa proteção de privacidade, e numa base voluntária, permitir uma monitorização à distância de pessoas idosas para que haja uma alerta para o SNS sempre que há um problema”. Esta medida dirige-se a idosos em centros urbanos e zonas despovoadas e pretende combater o isolamento. Já existem algumas experiências piloto, mas o objetivo do PS é alargar a toda o SNS.
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