Ana Gomes responde a César sobre Benfica: “Não abdico de usar a minha cabeça”
Ana Gomes já respondeu a Carlos César que respondeu ao Benfica sobre a transferência de João Félix para o Atlético Madrid. A antiga eurodeputada diz que não é um "apparatchik".
O Benfica pediu ao PS que esclareça se as declarações públicas de Ana Gomes sobre a transferência do futebolista João Félix para o Atlético Madrid refletem a opinião do partido. Em reação, Carlos César demarcou-se da ex-eurodeputada, o que levou a socialista a escrever no Twitter: “Agradeço ao presidente Carlos César o afã de esclarecer o óbvio: não represento o PS e o que digo e escrevo só me vincula. Sendo socialista, e não apparatchik, não abdico de dar uso à minha cabeça”.
Ana Gomes referiu esse termo de origem russa que serve para designar um funcionário do “aparato” governamental ou partidário, antes de deixar um recado ao presidente do PS: “Já César, usa o que pode face a Vieira. A César o que é de César”.
Tweet from @AnaMartinsGomes
Na missiva, assinada pelo presidente Luís Filipe Vieira, o Benfica escrevia: “Vimos solicitar a V. Exa. que o PS, com a brevidade possível, e através da sua Direção, esclareça de forma a não subsistirem publicamente quaisquer potenciais equívocos, se as declarações proferidas por Ana Gomes refletem a opinião do partido ou se, ao invés, tais declarações não merecem senão rejeição e repúdio por parte do partido”.
Nessa carta, lia-se ainda que o “silêncio continuado” do PS perante as declarações da sua ex-eurodeputada “pode ser publicamente lido e entendido como aceitação tácita ou, pelo menos, tolerância quanto ao respetivo teor, enquanto tal extensível à direção do partido”.
O clube da Luz entendia que a qualidade de deputada no Parlamento Europeu “acentua a notoriedade da declarante e a relevância mediática das suas declarações, promovendo a sua assimilação nesses termos pela opinião pública, com a inerente associação de Ana Gomes ao PS”.
O Benfica já tinha anunciado que iria processar Ana Gomes devido a um comentário na rede social Twitter, em que questiona se a venda do futebolista João Félix “não será negócio de lavandaria”. A frase em causa foi escrita em 27 de junho, em resposta a um tweet de um jornalista da revista Sábado, que se interrogava sobre a transferência de avançado internacional português por 120 milhões de euros para o Atlético de Madrid.
“Um jogador de futebol com apenas 19 anos, que jogou meia época num campeonato de terceira categoria, e que aí se revelou, é vendido por 120 milhões de euros, naquela que é a quarta maior transferência de sempre. Ainda não li uma explicação racional, e fundamentada, para isto”, comentou o jornalista. Ana Gomes reagiu, deixando uma interrogação: “Não será negócio de lavandaria?”. O Benfica considerou que aquele comentário conotava a transferência de João Félix “com uma operação de lavagem de dinheiro / branqueamento de capitais”.
Em resposta, o PS escreveu: “Na posse da sua carta de 11 de julho, relacionada com declarações proferidas pela Dra. Ana Gomes, a qual desempenhou funções de Deputada no Parlamento Europeu, compete-me transmitir-lhe que o Partido Socialista não tomou qualquer ‘posição institucional’ sobre o assunto objeto dessas afirmações”. Na missiva, Carlos César sublinhava ainda que as posições assumidas por Ana Gomes são “próprias e pessoais”, não se vinculando ao partido em causa.
Foi esta mensagem que levou a antigo eurodeputada a esclarecer no Twitter que falava em nome própria, não sendo um apparatchik.
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