Regulador russo exige à Google que pare de “promover ações não autorizadas”
As notificações sobre ações não autorizadas estão a chegar a numerosos internautas russos, "incluindo os que não subscrevem" canais, como o Youtube
O regulador da comunicação social russo exigiu este domingo à Google que pare de “promover” ações públicas “não autorizadas” na Rússia, através do seu canal Youtube.
“Roskomnadzor [o regulador] enviou uma carta à companhia Google a exigir que tome medidas para evitar promover ações em massa não autorizadas na sua plataforma YouTube”, disse o regulador num comunicado publicado na página oficial.
A exigência acontece um dia depois de uma manifestação em Moscovo se ter saldado com mais de 256 detidos, de acordo com números fornecidos pela organização não governamental OVD-Info.
Segundo o organismo, as notificações sobre ações não autorizadas estão a chegar a numerosos internautas russos, “incluindo os que não subscrevem” os canais.
O regulador russo sublinha que, caso a Google não responda positivamente à exigência, o interpretará como uma “interferência” nos assuntos internos da Rússia e uma “obstrução à realização de eleições democráticas” – referindo-se às votações locais marcadas para 8 de setembro e contestadas pela oposição.
Se a Google não acatar a orientação, Moscovo reserva-se o direito de retaliar.
No mesmo sentido, Andrei Klimov, chefe da Comissão de Defesa da Soberania Estatal do Senado russo, assinalou que “forças estrangeiras” usaram o canal YouTube, no sábado, para “manipular os cidadãos” russos e incitá-los a “infringir a lei”.
Citado pela agência russa Itar-Tass, o senador afirmou que, durante o protesto da oposição na Avenida Sajarov, que foi autorizado pela autarquia, os seus assistentes começaram a receber notificações de páginas que não subscrevem nos seus dispositivos eletrónicos e que os incitavam a realizar uma marcha não autorizada contra “alvos federais” depois da concentração, que foi a maior mobilização da oposição russa nos últimos sete anos.
No final da concentração, que reuniu quase 50 mil pessoas, segundo a organização não-governamental Compteur Blanc, que organizou o protesto, várias centenas quiseram continuar a manifestar-se diante da administração presidencial, com um forte dispositivo policial.
A concentração foi organizada contra a exclusão de candidatos da oposição e independentes nas eleições locais de setembro, sendo este o quarto fim de semana consecutivo de protestos na Rússia.
Os manifestantes empunharam cartazes pedindo o “direito de votar”, assim como bandeiras russas ou retratos de ativistas presos. Vários líderes da oposição foram condenados a curtas penas de prisão.
Os protestos começaram após a rejeição de cerca de 60 candidatos independentes às eleições locais de 8 de setembro, num contexto de descontentamento social.
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