Elogios do FT? “O jornalista está longe de Portugal e não tem conhecimento do nosso quotidiano”, diz Rui Rio
Presidente do PSD diz que quem escreveu o artigo do FT, onde se elogia o bom desempenho de Portugal, "está longe" do país e "não tem conhecimento do quotidiano".
O presidente do PSD, Rui Rio, rejeita o tom elogioso do Financial Times em relação a Portugal, dizendo que é a opinião que quem não conhece a realidade portuguesa e adiantando que o jornal britânico teria outra opinião se soubesse que o défice externo, mais importante do que o défice orçamental, está a aumentar novamente.
“É a opinião de alguém que até está longe. É a opinião desse jornalista, está longe da Europa e particularmente está longe de Portugal e não tem conhecimento do que é o quotidiano aqui“, começou por dizer Rui Rio em declarações transmitidas, esta segunda-feira, pela RTP 3, depois de questionado sobre o editorial publicado este domingo pelo FT (acesso pago, conteúdo em inglês) com o título “Perspetivas brilhantes para Portugal oferecem à Europa alguma esperança”.
O jornalista do FT, prosseguiu Rui Rio, “vê os números e diz: ‘Olha, o défice baixou’. Fica contente, acha que o défice baixou. A taxa de desemprego também baixou, mas é preciso ir ver essas coisas. A taxa de desemprego baixou, é verdade. Pois, então, se a economia internacional cresce, se a economia portuguesa quando este governo tomou conta da governação estava razoavelmente estabilizada por força do período negro que tivemos da troika e que não foi da responsabilidade do PSD, mas também foi da responsabilidade do PS, naturalmente que esses indicadores acabam por melhorar”, declarou o dirigente social-democrata.
“Agora, que emprego é que nós criamos? Críamos emprego relativamente precário e fundamentalmente emprego de baixos salários”, acrescentou de seguida.
Rio explicou depois que para se ter melhores empregos com salários mais elevados “é preciso modificar completamente o modelo de crescimento da economia portuguesa”, o qual “tem de assentar em exportações e tem de assentar em investimento”.
"É a opinião de alguém que até está longe. É a opinião desse jornalista, está longe da Europa e particularmente está longe de Portugal e não tem conhecimento do que é o quotidiano aqui.”
Não isto é o que está a acontecer, na opinião do presidente do PSD. “Estamos num patamar em que é o consumo que já está a puxar pelo crescimento da economia. O que é que isto dá? Dá um défice na balança de pagamentos. O défice externo português já aumentou outra vez. Tinha sido eliminado, estávamos com excedente e agora o défice aumentou. Isto quer dizer que o endividamento de Portugal face ao exterior está a aumentar. Esse endividamento externo de Portugal face ao exterior foi aquilo que há uns anos determinou a falência”, disse.
“Esse desequilíbrio é tão ou mais importante, no sentido negativo, do que o equilíbrio do orçamento do Estado português”, notou Rui Rio.
Para Rio, “o défice mais grave que temos é o défice externo, é esse que temos de eliminar”. “Já foi eliminado, mas está a aumentar outra vez. Se quiser dizer estas coisas ao homem ou mulher do Financial Times talvez mudem de opinião”, declarou o líder do PSD.
Num editorial publicado este domingo, o FT referiu que de bom se passa em Portugal é um mix de “escolhas políticas acertadas” e “uma boa dose de sorte” e que António Costa “tem razões para estar mais otimista do que muitos outros líderes europeus”.
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