Malparado da banca cai 2,5 mil milhões desde o início do ano. Falta “limpar” 23,4 mil milhões
Bancos portugueses chegaram a junho deste ano com um rácio de crédito malparado nos 8,3%, uma redução de 1,1 pontos percentuais face a dezembro.
Os bancos portugueses continuam com a difícil de missão de baixar a exposição a ativos problemáticos para níveis de acordo com as exigências dos reguladores. Na primeira metade do ano esse esforço resultou numa redução do stock de crédito malparado (os chamados non performing loans) em cerca de 2,5 mil milhões de euros. O sistema financeiro chegou a junho com um rácio de NPL de 8,3%, menos 1,1 pontos percentuais (p.p.) face a dezembro.
Os dados foram divulgados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal, que no relatório trimestral sobre o Sistema Bancário Português fornece uma radiografia sobre a saúde da banca portuguesa.
No que toca aos NPL, os bancos nacionais ainda detinham no balanço 23,45 mil milhões de euros em termos brutos a 30 de junho. Se descontarmos as imparidades que já foram constituídas para fazer face a estes ativos tóxicos, o valor líquido do malparado na banca situa-se nos 11,2 mil milhões de euros (ou um rácio de 4,4% face ao total de crédito).
Por definição, um crédito malparado surge quando um cliente bancário deixa de pagar as prestações de um empréstimo e o banco tem de classificar esse crédito como não produtivo. E é um problema para o banco porque pode perder parte ou a totalidade do empréstimo, assim como os juros e comissões. Por outro lado, os reguladores tendem a exigir mais requisitos de capital aos bancos com níveis elevados de NPL.
Em Portugal, o malparado continua a ser um dos principais desafios. Mas a tendência de redução do stock e do rácio tem sido por demais evidente nos últimos anos. Depois de ter atingido o pico no final de 2015, nos 50 mil milhões de euros (17,5% do total dos empréstimos), o malparado tem vindo a reduzir-se de forma significativa fruto sobretudo das reestruturações levadas a cabo nos principais bancos: Novo Banco, Caixa Geral de Depósitos (CGD) e BCP. De lá para cá o volume de NPL no balanço dos bancos já caiu mais de 25 mil milhões de euros, ou seja, reduziu-se para menos de metade. As autoridades estão a exigir um rácio de 5% rumo a essa meta que os bancos correm.
A diminuição do malparado tem sido conseguida sobretudo através da venda de carteiras a empresas especializadas na recuperação de créditos. Outros caminhos passam pelos processos de recuperação dos empréstimos pelos próprios bancos ou pelo abate dos empréstimos no ativo.
NPL em queda
Fonte: Banco de Portugal
Bancos (um pouco) mais rentáveis
Em termos gerais, a fotografia tirada pelo Banco de Portugal ao sistema bancário evidencia melhorias na rentabilidade e eficiência dos bancos, isto depois dos anos de crise ter obrigados as instituições a reestruturações que implicaram cortes de agência e trabalhadores. Na última ronda de apresentação de resultados, os presidentes dos principais bancos nacionais sublinharam a necessidade de manter este esforço não só porque têm planos a cumprir, mas também porque o Banco Central Europeu (BCE), com a política de juros mínimos, vai pressionar o negócio bancário nos próximos anos.
Segundo os dados apresentados pelo regulador, a rendibilidade do ativo (ROA) dos bancos aumentou 0,05 p.p. face ao primeiro semestre de 2018, tendo-se situado em 0,8% e a rendibilidade do capital próprio (ROE) aumentou 0,74 p.p. cifrando-se em 8,4%.
“O aumento do ROA refletiu a subida dos outros resultados de exploração, uma diminuição do fluxo líquido de provisões e, em menor grau, um aumento da margem financeira. Esta dinâmica foi parcialmente compensada por uma deterioração dos
resultados de operações financeiras”, explica o Banco de Portugal no relatório.
Com ganhos de rendibilidade vieram ganhos de eficiência, medida pelo rácio cost-to-income. A eficiência “aumentou, refletindo um crescimento do produto bancário superior ao dos custos operacionais”, diz o supervisor.
(Notícia atualizada às 11h49)
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