Ricardo Martins, diretor-geral da CEGOC, conta à Pessoas o que motivou a escolha do tema da 4ª. edição do Business Transformation Summit e refletiu sobre os desafios de um mundo em "aceleração".
Num ritmo de constante disrupção e inovação, onde parar já não é uma opção, são cada vez maiores os desafios para as empresas que querem garantir um crescimento sustentado e equilibrado. Para ajudar a encontrar soluções, a CEGOC escolheu o tema “Acceleration” para guiar a quarta edição do Business Transformation Summit, que vai decorrer a 31 de outubro, no Lx Factory, em Lisboa.
Porquê o hub criativo Lx Factory?
Precisamente porque é um espaço que tem história de transformação, que está em contínua transformação, sempre acrescentando valor e até reinventando a sua existência. Estamos apostados em repetir a receita para os próximos anos e fazer do Lx Factory a casa para o Business Transformation Summit.
O que motivou a escolha do tema da 4.ª edição do Business Transformation Summit?
Para este ano optámos por um tema que está associado àquilo que é o status quo da economia portuguesa, de uma forma mais recente bastante mais visível, que é o tema da “aceleração”. Há cerca de 1.800 empresas que há três ou mais anos, crescem dois dígitos e todos os anos duplicam a força de trabalho. É diferente gerir uma empresa uma empresa com 10 ou até 20 colaboradores, de gerir uma empresa que tenha mais de 100, ou 150 colaboradores, 400 ou 600 colaboradores. Nessa perspetiva, um evento como o BTS, mais do que ajudá-los na mudança, pretende alertá-los para a necessidade da transformação.
Que oradores destaca nesta 4ª edição do BST?
Faria uma referência forte ao Jeremy Gutsche. Dizem que é um “red bull com pernas”, mas é alguém que tem um ritmo absolutamente acelerado de comunicação e que está sempre um passo à frente do seu tempo. A Sophie Devonshire vem falar mais na perspetiva dos líderes das empresas. Como é que eu consigo fazer a liderança de equipas e de empresas que têm de crescer rapidamente, manter a passada desse crescimento, mas manter a sanidade? O Zolton [Istvan] é um provocador. É alguém que vem com uma mensagem, que é por um lado assustadora, e por outro lado, bastante provável de acontecer. É, destes três, o orador que tem uma mensagem mais arrojada e nos desafiará a perceber: será este o futuro que eu quero?”. Destacaria ainda Jack Korsten, um acelerador de negócios. Tem casos em Portugal, e que vão ser apresentados no workshop.
"Se as empresas puderem preparar-se para essa transformação, transformando-se elas próprias, seguramente estão numa posição para assegurar a sua sobrevivência.”
Quais são os maiores desafios da “aceleração”?
Há um risco grande de passarmos de uma civilização assente no princípio da escassez e do crescimento para uma época onde estaremos a viver num universo de abundância, onde o valor dos bens é cada vez mais irrisório. Através dos processos que envolverão IA [Inteligência Artificial] e robotização, segundo o Fórum Económico Mundial, há um grande número de pessoas que ficará sem emprego. Ao mesmo tempo, também dizem que vão surgir 2,5 milhões de novos empregos associados a novas competências da era digital. Não se sabe muito bem.
O que podem fazer as empresas perante esta “aceleração”?
Se as empresas puderem preparar-se para essa transformação, transformando-se elas próprias, seguramente estão numa posição para assegurar a sua sobrevivência e tirarem proveito desse processo de transformação global.
O que vão precisar as empresas do futuro?
Neste contexto, mais do que as hard skills são cada vez mais as soft skills que vão fazer a diferença. São aquelas competências que nos tornam verdadeiramente estratégicos numa organização, pela componente humana que trazemos e não tanto pelo saber tecnológico.
Será que não temos de olhar de novo para estes temas e perceber até que ponto, enquanto seres biológicos, estamos preparados para outros ritmos?
Será esta a solução para alcançar o equilíbrio entre a tecnologia e a vertente humana?
Não sei, não tenho essa bola de cristal. Estamos numa época super interessante, algo que a humanidade nunca teve de enfrentar e é impossível adivinharmos o que vai ser o futuro. A noção de que as pessoas vão ter uma vida até aos 80, 100 anos, para o Zolton [Istvan], por exemplo, é algo que temos de questionar. Até que ponto olharíamos para o processo de educação se, em vez de vivermos de 80 a 100 anos, vivêssemos 200 a 250 ou 300 anos? Há aqui a possibilidade de, num futuro que não há de ser tão longínquo, sermos desafiados para uma revolução civilizacional onde tudo aquilo que temos como forma de estar hoje em dia é completamente revisto.
Qual o setor empresarial estará em maior destaque nesta edição?
Temos uma participação muito alargada de empresas grandes do setor financeiro em Portugal, do setor das Tecnologias de Informação e dos setores industriais. Temos cada vez mais participações de empresas desconhecidas, startups inclusivamente. Nos últimos dois anos, tivemos cada vez mais participantes das áreas de marketing e general managers. Este ano, com a parceria com a IDC, o universo do IT e pessoas que estão ligadas a proteção de dados e à inovação, vão estar interessadas em participar.
Qual poderá ser o tema para o BST 2020?
Há necessidade de começarmos a trabalhar o lado humano da transformação. Será que não temos de olhar de novo para estes temas e perceber até que ponto, enquanto seres biológicos, estamos preparados para outros ritmos? Devemos considerar maneiras de viver com a tecnologia, é certo, mas sem perdermos a humanidade. Se calhar o próximo tema será em volta da Humanidade
Já não é um evento em Portugal. Este ano, vamos ter uma experiência diferente, numa lógica de trendsetting, que tem a ver com o nosso ADN: transformação. Há uma app e permitirá aos participantes das várias geografias poderem ver o que está a acontecer nos outros sítios.
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“Devemos considerar maneiras de viver com a tecnologia mas sem perdermos a humanidade”
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