Com economia a abrandar, Fórum Económico Mundial quer políticas e reformas que acelerem produtividade
A economia está a abrandar, mas a produtividade continua estagnada. Os países vão ter de investir e adotar políticas e reformas que contrariem esta tendência, avisa Fórum Económico Mundial.
Os países têm de implementar reformas estruturais e políticas orçamentais que promovam o investimento em infraestruturas e capital humano. É a fórmula encontrada pelo Fórum Económico Mundial (WEF, na sigla em inglês) para pôr fim à estagnação do crescimento da produtividade e fazer frente ao abrandamento da economia mundial. O aviso faz parte do Relatório Global da Competitividade 2019, no qual Portugal manteve a mesma 34.ª posição alcançada na edição anterior.
“Através de políticas monetárias permissivas, os bancos centrais em economias avançadas injetaram mais de dez biliões de dólares durante a última década e provavelmente evitaram uma segunda Grande Depressão. No entanto, o crescimento da produtividade continua estagnado e, numa altura em que a economia mundial se prepara para um abrandamento, a política monetária está sem gás”, lê-se numa apresentação oficial do relatório anual do WEF, que mede os países em 12 pilares de competitividade, desde as instituições à inovação, passando pelo dinamismo empresarial, o sistema financeiro, entre outros.
Num total de 141 nações, a pontuação de Portugal no ranking geral registou uma subida marginal. O relatório mostra também que o mercado laboral português perdeu competitividade em praticamente toda a linha, incluindo nos direitos dos trabalhadores e na facilidade de contratação no estrangeiro — dois eixos nos quais o país até surge bem posicionado face aos pares. Um indicador que surge numa altura em que Portugal acaba de adotar uma série de alterações ao Código do Trabalho. Houve ainda perdas de competitividade em aspetos como a formação de pessoal e facilidade em encontrar trabalhadores com boas capacidades.
Enquanto o WEF pede políticas orçamentais mais favoráveis ao capital físico e humano, os níveis de investimento público do país registam valores na ordem dos 3,496 mil milhões de euros (2017), um valor ainda em linha com os tempos da troika, à medida que o Governo de António Costa tem apostado em equilibrar as contas públicas e pagar antecipadamente a elevada dívida pública aos credores internacionais. Uma política que não foi suficiente para recuperar terreno no indicador da dinâmica da dívida. Contas feitas, o país manteve a 62.ª posição no pilar da estabilidade macroeconómica na última edição do relatório do WEF, com uma pontuação de 85 em 100.
O crescimento da produtividade continua estagnado e, numa altura em que a economia mundial se prepara para um abrandamento, a política monetária está sem gás.
Menor investimento penaliza infraestruturas
O relatório do WEF que analisa a competitividade dos países reflete o menor investimento público nas infraestruturas, com o país a ser penalizado em toda a linha, desde a ferrovia aos aeroportos, passando pelos portos e pelas estradas.
No indicador “eficiência do serviço de comboios”, Portugal cai nove posições face a 2018, passando da 23.ª para a 32.ª, num aspeto do ranking que tem o Japão à cabeça. A par com a ferrovia, a “eficiência dos serviços de transporte aéreo” em Portugal recua 16 posições face a 2018, numa altura em que são conhecidas as dificuldades no Aeroporto de Lisboa, o maior do país.
Já no que toca aos portos, o país perde dez lugares na “eficiência dos serviços portuários”, ficando em 36.ª lugar, que pode refletir a situação de greves nos portos do país, com especial destaque para o porto de Setúbal, que acabou por afetar as exportações da Autoeuropa e que teve reflexo nos dados do comércio externo a nível nacional. Quanto à qualidade das estradas e autoestradas, Portugal perde menos, mas cai da 5.ª posição para a 8.ª posição. Continua a ser, ainda assim, um dos aspetos em que o país se encontra mais bem posicionado em termos de competitividade, a par de outros, como a nula incidência do terrorismo, por exemplo.
Sistema financeiro ganha competitividade
O relatório divulgado esta terça-feira reconhece ainda que o sistema financeiro nacional está mais competitivo numa escala global. O documento expõe que as empresas em Portugal estão mais capitalizadas, há mais financiamento para as pequenas e médias empresas (PME) e maior disponibilidade de capital de risco, ainda que a carga fiscal e alguns subsídios tenham tido um efeito mais negativo do ponto de vista concorrencial.
No campo da estabilidade financeira, o WEF também reconhece uma maior competitividade da banca portuguesa, nomeadamente através da solidez dos bancos nacionais. Contudo, a aposta das instituições bancárias na redução do crédito malparado, ainda não foi suficiente para ter reflexo neste relatório, uma vez que Portugal recua da 112.ª para a 121.ª posição.
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