Investir num tijolo de uma loja do Pingo Doce? Pode render até 10% nos fundos da Corum

Corum Investments, uma gestora de fundos francesa que aposta em imóveis comerciais, quer atrair as poupanças de pequenos aforradores com retornos que poderão chegar a dois dígitos.

Há uma nova sociedade gestora em Portugal que quer dar a oportunidade a pequenos investidores de aproveitarem o boom do imobiliário. Os dois fundos de investimento alternativos da francesa Corum Investments já estão disponíveis através do EuroBIC e, dentro de uma semana, irão começar a ser distribuídos diretamente. Com pagamentos mensais aos acionistas e rendibilidades no ano passado acima de 7%, a sociedade quer atingir retornos de 10%.

“A Corum Investments foi criada em 2011 e, em 2017, começou a pensar na internacionalização em Portugal, Áustria e Holanda”, explicou José Gavino, responsável para o mercado português, numa apresentação esta quinta-feira em Lisboa.

Com mais de três mil milhões de euros em ativos sob gestão, a Corum Investments investe em imobiliário comercial (indústria, retalho, hotelaria ou saúde) em 15 países diferentes. Em Portugal, começou a comprar em 2014 e detém atualmente 11 imóveis avaliados em 60 milhões de euros. A sociedade recebe rendas destes ativos e redistribui-as na forma de dividendos mensais, através de dois fundos que se ficam agora disponíveis para investidores portugueses.

Meta é dar retornos de dois dígitos

O Corum Origin tem atualmente cerca de 1,8 mil milhões de euros em ativos distribuídos por 12 países, sendo que em Portugal são 3% do total. É o caso de lojas do Pingo Doce — incluindo a de Grijó, no Porto, que foi a mais recente aquisição –, porque “o objetivo é ter arrendatários fortes”, diz Gavino ao descrever as empresas a quem arrendam imóveis comerciais. “Não investimos em arrendamento habitacional”, clarifica o responsável da sociedade que tem como arrendatários empresas como o Carrefour, Foot Locker, Deutsche Bank ou MediaMarkt.

A rendibilidade deste fundo em 2018 foi de 7,28%, uma taxa que sobe para 8,30% de performance total considerando os dividendos mensais, as mais-valias de vendas de imóveis (que é feita logo no momento da venda de um espaço) e da valorização das próprias ações. O investimento mínimo para subscrever estes títulos é de 1.090 euros.

Há dois ou três anos que vemos que os preços estão menos interessantes para investirmos [em Portugal], mas continua a haver oportunidades. Não acreditamos que haja uma bolha. Pode-se chegar a um momento de estagnação dos preços, mas vemos que os motivos [para a subida dos preços dos imóveis] são muito diferentes que há dez ou 15 anos.

José Gavino

Responsável da Corum Investments para o mercado português

Já no caso do Corum XL, a subscrição é ainda mais baixa: 189 euros. O fundo com 500 milhões de euros deu 7,91% de retorno no ano passado, o que representou uma perfomance total de 10,07%. Mas os gestores querem mais.

Procuramos ter ganhos nos ativos e na vertente cambial para chegar a 10% a dez anos“, refere o responsável da Corum para Portugal. Mas a este objetivo de retorno anual é preciso considerar que há uma comissão única, mas pesada: 12% pagos apenas uma vez no momento do resgate. “Não compensa aos investidores estarem sempre a entrar e sair do fundo, mas a longo prazo compensa”, refere. O resgate pode ser feito a partir de dez dias depois da subscrição.

Há oportunidades em Portugal, mas Reino Unido é que está barato

No caso do fundo Corum XL, 64% dos ativos são no Reino Unido. Porquê a escolha? “Acreditamos que o Brexit é uma oportunidade única e que o Reino Unido é perfeitamente capaz de ultrapassar um hard Brexit”, considera Gavino. “Temos yields acima de 10% no Reino Unido, o que só é possível neste momento. Estamos bastante confortáveis com este tipo de investimento e não estamos preocupados com o que a libra vai fazer dentro de seis meses porque somos investidores de longo prazo”.

Já sobre Portugal e Espanha, a sociedade gestora considera que o mercado está em alta, mas que ainda há oportunidades. “Houve uma evolução muito positiva dos preços, mas principalmente no setor habitacional. Há dois ou três anos que vemos que os preços estão menos interessantes para investirmos, mas continua a haver oportunidades“, diz.

Não acreditamos que haja uma bolha. Pode-se chegar a um momento de estagnação dos preços, mas vemos que os motivos [para a subida dos preços dos imóveis] são muito diferentes do que há dez ou 15 anos, quando eram compras feitas por portugueses muito alavancadas”, acrescentou Gavino, apontando para o elevado endividamento das famílias antes de crise e para a crescente tendência de investimento estrangeiro no imobiliário português.

A escolha dos ativos para investir é feita a nível global por uma equipa de 15 pessoas em França, que trabalha em cooperação com a equipa de dez pessoas que faz a gestão de ativos. Em Portugal, a Corum tem atualmente cinco funcionários (que quer aumentar para dez ainda este ano) e ainda outros dez funcionários que fazem todo o IT do grupo.

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