Novo Banco vai incorporar BES das Ilhas Caimão

Simplificar estrutura, cortar custos e responder às exigências de Bruxelas. Novo Banco prossegue reestruturação e prepara-se para incorporar o BES das Ilhas Caimão até final do ano.

Apresentação de resultados do Novo Banco - 01MAR19
António Ramalho, presidente do Novo Banco, quer continuar a reduzir custos na instituição.Hugo Amaral/ECO

Continua a todo o vapor o processo de reestruturação no Novo Banco. O banco liderado por António Ramalho prepara-se agora para incorporar o antigo BES nas Ilhas Caimão. A operação visa simplificar a estrutura do grupo e poupar dinheiro com auditores, ao mesmo tempo que responde às exigências das autoridades da concorrência de Bruxelas. Ficará concluída até final do ano, mas falta luz verde do Banco de Portugal.

Em causa está um processo de fusão transfronteiriça por incorporação do Bank Espirito Santo International Limited (BESIL), sediado naquele paraíso fiscal e com ativos no valor de 340 milhões de euros, no Novo Banco. A decisão foi oficialmente aprovada pela administração do banco no final do mês passado e produzirá efeitos em meados de dezembro.

Esta operação, que ainda carece da autorização do supervisor, tem como objetivo simplificar a estrutura do grupo Novo Banco, prevendo-se poupanças. “A fusão das sociedades levará à simplificação organizacional e a corte nos custos, nomeadamente, por exemplo, através da redução do número de contas anuais a preparar e da eliminação de relações intragrupo”, diz o Novo Banco no projeto de fusão. “Em particular, os custos com auditoria e com a submissão de documentos junto do registo comercial e das autoridades serão reduzidos”, acrescenta.

Ainda esta terça-feira, António Ramalho frisou a necessidade de continuar a cortar custos, depois de se saber que o Novo Banco quer despedi 27% dos trabalhadores em Espanha. “A nossa capacidade de nos reajustarmos sobre custos mais baixos é real”, afirmou o presidente do Novo Banco, na conferência “Banca do Futuro”, organizada pelo Jornal de Negócios, em Lisboa, referindo ainda que os bancos deverão “abandonar alguns negócios onde não há rentabilidade suficiente”.

Há outro motivo para lá da simplificação da estrutura do grupo. “A fusão será ainda realizada com o objetivo de cumprir com os compromissos assumidos pelo Estado português diante da Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia em 2017“, sublinha ainda a instituição. Foi nesse ano que o Novo Banco foi vendido aos americanos do Lone Star (75% por 1.000 milhões de euros), num acordo que incluiu o mecanismo de capital contingente no valor de 3,9 mil milhões e que obrigou o banco português a uma profunda reestruturação com saída de trabalhadores, fecho de agências e venda de negócios.

O BESIL foi constituído em 1983, tendo passado para a esfera do BES em 2002, após a aquisição à Espírito Santo Financial Group por 60 milhões de euros. A aquisição da totalidade do capital social do BESIL “insere-se no quadro do desenvolvimento da estratégia de aproximação às comunidades portuguesas no exterior”, explicava o BES no relatório e contas de 2002. Entretanto, com a medida de resolução aplicada ao BES em agosto de 2014, ativos como o BESIL passaram para o Novo Banco criado na altura.

O BESIL não terá qualquer trabalhador no momento da fusão, nem detém qualquer imóvel. O BESIL é um dos credores reconhecidos pela comissão liquidatária do BES, reclamando um crédito de 170 euros ao banco falido.

O Novo Banco registou prejuízos de 400 milhões de euros no primeiro semestre do ano, tendo sinalizado já que tenciona pedir 540 milhões de euros ao Fundo de Resolução no âmbito do mecanismo de capital contingente.

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