Governo está a preparar tirar pelo menos três secretarias de Estado de Lisboa

Marques Mendes revelou no seu comentário, que o Executivo está a estudar a possibilidade de descentralizar, pelo menos três, secretarias de Estado. Castelo Branco, Bragança e Guarda são as escolhas.

O Governo está a preparar tirar pelo menos três secretarias de Estado de Lisboa, revelou Marques Mendes no seu comentário semanal da SIC. O objetivo é colocá-las em Castelo Branco, na Guarda e em Bragança, acrescentou. A opção é, para o antigo líder do PSD, demagógica e show off, para preparar as eleições autárquicas.

Em causa estará, por exemplo, a secretaria de Estado da Inclusão Social.

Para Marques Mendes, esta opção, que não é nova, o PSD já a teve, “não vai resolver nenhum problema do interior, é apenas show off a pensar nas autárquicas e, em termos de eficácia do Governo só vai complicar”. “É demagogia”, remata.

As eleições autárquicas são, segundo o comentador um momento de medo para António Costa. Recordando a frase de António Costa, no discurso de tomada de posse, no Palácio da Ajuda no sábado de que “cada eleição vale por si e nenhuma se substitui às demais ou altera o mandato da Assembleia da República”, Marques Mendes defende que se tratou de “um erro político e de fraqueza”. Isto porque, “apesar de ser formalmente inatacável”, o facto de ter sido escrita — o discurso do primeiro-ministro na cerimónia foi lidosignifica que “foi pensada” e ao ser “dita nas circunstâncias de um Governo minoritário, que não se sabe se dura quatro anos”, é reveladora de “um estado de espírito de António Costa de medo”.

E de que tem medo António Costa? Segundo Marques Mendes de três coisas: “de um mau resultado nas eleições autárquicas, do segundo mandato presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa e de eventuais eleições antecipadas em 2021 ou 2022”. Esta frase mostra que António Costa está com medo da sombra, está psicologicamente frágil, porque pensava que ia ter uma maioria”, explica o antigo líder do PSD. “É uma fragilidade psicológica que pode dar a seguir uma fragilidade política”, frisa.

Nas últimas eleições autárquicas, o PS teve um resultado histórico, quer em número de votos quer em número de câmaras ganhas, batendo as 150 câmaras conquistadas, em 2013, por António José Seguro. Com o PSD a apostar agora todas as fichas nas eleições autárquicas, António Costa sabe que será difícil conseguir igualar os resultados de 2017. Quanto ao segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa — a recandidatura ainda não é certa e está dependente dos resultados do cateterismo que o Chefe de Estado disse que ia realizar — o discurso da tomada de posse do Executivo já deixa antever que “não se compromete com o Governo”, vai ser “mais exigente” e “elevou as expectativas ao pedir resultados nas áreas económicas”, sublinhou Marques Mendes.

A ausência de referências a desafios como o crescimento económico, competitividade fiscal e investimento público no discurso da tomada de posse, são apontadas por Marques Mendes. “Vamos continuar com estas políticas que nos dão um crescimento medíocre?”, questionou o comentador, lembrando que Portugal cresce acima da média europeia porque a Europa está crescer pouco em virtude do abrandamento de grandes economias como a alemã. O PSD na reação ao discurso de tomada de posse também frisou a falta de referência ao crescimento e, no congresso da CIP, esta semana, o próprio Presidente da República tinha frisado que este crescimento não chega, mais um sinal de distanciamento entre as dias figuras da nação, segundo o advogado.

Marques considera que “as coisas com este Governo não vão correr bem”, a partir de 2021, mas acredita que “o Governo vai durar quatro anos”, porque António Costa não se demite, à semelhança do que aconteceu com António Guterres, “é muito difícil derrubá-lo”, porque para isso os partidos mais à esquerda (BE e PCP) teriam de se unir ao PSD e CDS para o fazer e “essa união é quase impossível”.

Não vão correr bem porque o Executivo “cheira a fim de ciclo”, porque “os ministros estão desgastados”, porque haverá uma presidência portuguesa da União Europeia, que “causa sempre desgaste interno” e porque haverá uma remodelação governamental, antecipa Marques Mendes, depois da presidência, devido à saída de Augusto Santos Silva e de Mário Centeno. Embora, seja possível que o ministro das Finanças saia ainda no próximo ano, por vontade própria. Ministros da Saúde, Educação e Ciência são outros que estão na calha para a remodelação que surgirá mais à frente, mas que não vai adiantar de nada.

A estes problemas internos acresce o abrandamento económico e, na segunda metade do mandato a sucessão de António Costa na liderança do Partido Socialista, acrescenta o comentador da SIC. “E a sucessão no plano interno é terrível porque cria desgaste, críticas internas e uma situação pantanosa”, vaticina Marques Mendes fazendo um paralelismo entre a situação do primeiro-ministro e o terceiro mandato de Cavaco Silva que também teve uma presidência rotativa da UE e a sucessão de liderança.

(Notícia atualizada)

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