Com juros zero, aposta em fundos de ações está mais atrativa
Fundos de investimento são a recomendação para equilibrar risco e retorno. Se no ano passado, a aposta não compensou, o investimento dos fundos em ações está a dar ganhos em 2019.
Os depósitos têm um lugar especial no coração (e nas poupanças) dos aforradores em Portugal. Mas com os juros em mínimos históricos — em parte devido à política monetária do Banco Central Europeu (BCE) –, é preciso procurar alternativas. Ao contrário do que aconteceu no ano passado, a aposta em fundos de investimento está a compensar em 2019.
“Tendo em consideração o tradicional investidor português, as medidas do BCE tem condicionado os rendimentos nominais obtidos nos depósitos a prazo“, explica Carlos Almeida, diretor de investimentos do Banco Best. “Na hora de aplicar o seu dinheiro num depósito a prazo, os aforradores portugueses (os particulares) privilegiam o curto prazo. Cerca de 70% dos depósitos a prazo dos particulares são efetuados pelo prazo máximo de um ano”, realça.
Para responder à crise financeira, o BCE cortou as taxas de juro de referência, levando as taxas de mercado a cair para mínimos históricos. Com a queda das Euribor, a remuneração dos depósitos das famílias e empresas começou a afundar, levando o juro médio para pouco mais de 0,1%, no valor mais baixo de sempre, com muitos bancos a não pagarem quase nada pelas poupanças dos aforradores.
"Tendo em consideração o tradicional investidor português, as medidas do BCE tem condicionado os rendimentos nominais obtidos nos Depósitos a Prazo. Importa realçar que os aforradores portugueses (os particulares), na hora de aplicar o seu dinheiro num depósito a prazo, privilegiam o curto prazo.”
O ambiente de taxas de juro baixas estimula o consumo em detrimento do aforro, pelo que a taxa de poupança em Portugal situa-se atualmente de apenas 4,5%, ou seja, menos de cinco euros guardados por cada 100 de rendimentos.
“Este cenário beneficia claramente quem pede financiamento para investir ou consumir visto que o valor a pagar pelo dinheiro é menor. Por outro lado, os aforradores veem as suas poupanças render cada vez menos se persistirem na aplicação das suas poupanças em produtos tradicionais como os depósitos a prazo ou os instrumentos do mercado monetário“, explica Luís Filipe Carvalho, do departamento de marketing e comercial do GNB GA.
Depósitos não rendem quase nada
Fonte: Banco de Portugal
Fundos de investimento regressam aos ganhos
Mas então, qual é a alternativa para os aforradores em Portugal? “Para obter rendibilidade acima da inflação, o aforrador tem de estar disposto a assumir mais risco, pelo menos numa parte dos seus investimentos“, explica Steven Santos, gestor do BiG – Banco de Investimento Global.
Os três especialistas apontam para os fundos de investimento como alternativa para equilibrar o risco com a procura por retornos. “Sugiro que uma pequena parte do património dos aforradores seja alocada a ativos de crescimento, como, por exemplo, ações ou fundos de investimento com um peso relevante em ações. De outra forma, a rentabilidade real — isto é, a rentabilidade nominal depois de retirar a inflação — será nula ou negativa“, refere Santos.
“As ações conferem a possibilidade de participar na história de crescimento das empresas, através de ganhos de capital e/ou dividendos, sendo que os estímulos monetários reforçados recentemente pela Reserva Federal e pelo BCE suportam o desempenho das ações”, acrescentou o gestor. A perspetiva é partilhada por Carvalho, enquanto Almeida explica que o Best tem assistido a uma maior procura na categoria dos fundos de investimento multiativos, que combinam ações e obrigações.
"As ações conferem a possibilidade de participar na história de crescimento das empresas, através de ganhos de capital e/ou dividendos, sendo que os estímulos monetários reforçados recentemente pela Reserva Federal e pelo BCE suportam o desempenho das ações.”
No ano passado, os fundos de investimento mobiliário nacionais não foram uma aposta certeira. Apenas dois fundos num universo de três centenas (denominados em euro) conseguiram apresentar retornos positivos, só um deles conseguiu ganhos acima da inflação e as ações foram mesmo o investimento que deu maiores perdas. Mas o cenário é agora muito diferente.
Os dez fundos de investimento mobiliário que deram rendibilidades mais elevadas, nos 12 meses terminados a 25 de outubro, conseguiram todos ganhos acima de 10%. O pódio foi exatamente conseguido com o investimento em ações, sendo que a lista é liderada pelo Caixagest Acções Oriente, que tem um retorno de quase 20%.
Aposta nas ações está a compensar
Prudência é a palavra-chave nos investimentos
A sustentar a recomendação dos analistas consultados pelo ECO está a preferência dos restantes gestores de ativos europeus. A tipologia de fundos que mais cresceu na União Europeia entre janeiro e junho foram exatamente os fundos de ações, aproveitando a conjuntura de taxas de juros baixas.
Os fundos de investimento não deixam, no entanto, de ser instrumentos financeiros com risco. É preciso ter em conta a escala de risco (avaliado de 1 a 7), bem como informações de comissões a pagar (os valores da lista acima são ilíquidos) e lembrar que ainda há os impostos.
“A procura de alternativas deverá ser acompanhada uma maior disciplina de investimento e, acima de tudo, com uma maior focalização nos resultados a longo prazo. Investir em produtos com risco — mesmos os de baixo risco — deverá obedecer a regras de prudência no capítulo da diversificação e na gestão da liquidez associada“, lembrou o diretor de investimentos do Banco Best.
Luís Filipe Carvalho, do GNB GA, acrescentou ainda que “o acompanhamento de uma equipa de gestão profissional e especializada, que possa fazer um acompanhamento do cliente e consequente gestão do portefólio, fará toda a diferença no resultado a alcançar visto que terá em conta o perfil de risco do cliente, conseguindo adaptar o mesmo em termos de investimento às contínuas alterações das condições do mercado nas suas mais variadas vertentes”.
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