Portugal com juros da dívida cada vez mais baixos que Espanha. Diferencial está em máximos de 13 anos
A uma semana das eleições em Espanha, e sem perspetivas de fim para a instabilidade política no país, juros da dívida espanhola aumentam diferença face aos de Portugal.
Espanha vai a votos pela quarta vez em quatro anos, sem perspetivas de que os favoritos socialistas consigam maioria absoluta. A instabilidade política no país está a levar a um agravamento nos juros da dívida pública espanhola e a que a diferença face a Portugal já esteja no nível mais elevado desde 2006.
No próximo domingo, dia 10 de novembro, vão realizar-se eleições legislativas em Espanha, numa altura de novas tensões na Catalunha, onde aconteceram manifestações e episódios de violência após a condenação dos principais dirigentes do independentismo catalão a penas de prisão.
Os principais jornais em Espanha — ABC, El Mundo e La Razon — divulgaram, esta segunda-feira, sondagens e todas indicam que as eleições legislativas consigam por fim ao impasse político. O partido do Governo, o PSOE de Pedro Sanchez, deverá perder poder para cerca de 120 dos 350 lugares no Parlamento espanhol, enquanto o partido de extrema-direita VOX deverá ganhar destaque. No entanto, nem a extrema-direita, nem a extrema-esquerda, liderada pelo Partido Popular deverão conseguir maioria absoluta.
Face à incerteza no país, a yield das obrigações de Espanha a dez anos tocaram esta segunda-feira o máximo de 0,306%. Já os mesmos títulos de dívida de Portugal não negociaram acima de 0,236%. A diferença de 7 pontos base é a mais elevada desde 2006, com Portugal a brilhar. Nos últimos anos, o cenário tem sido o inverso, sendo que em 2011 Portugal chegou a pagar mais de 16% quando Espanha tinha taxas de 5%.
Yield de Portugal e Espanha voltou a aproximar-se após a crise
Fonte: Reuters
A 2 de setembro, a diferença entre os juros das dívidas de Portugal e de Espanha desapareceu pela primeira vez desde a crise. Os investidores passaram a pedir a mesma taxa pelos títulos dos dois países, o que sinaliza que as dívidas de ambos têm o mesmo risco. O contexto internacional favorável, a par do sentimento positivo em relação às contas públicas portuguesas e a instabilidade política espanhola, causaram a aproximação, que acabou por levar a Portugal ultrapassar Espanha.
Ambos estão, no entanto, muito próximos da barreira de 0%, em grande medida devido à política do Banco Central Europeu (BCE). A instituição relançou as compras líquidas de dívida, com uma nova fase do programa de aquisições no dia 1 de novembro. Irá comprar 20 mil milhões de euros por mês, posicionando-se como grande investidor e ficando com grande parte dos títulos que chegam ao mercado.
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