Conselheiro tecnológico de Trump critica em Lisboa países que “abriram os braços” à China. É vaiado no palco do Web Summit

Há poucos meses no cargo, Michael Kratsios, CTO do governo dos EUA, veio ao Web Summit criticar os países que "abriram os braços" à China e à Huawei. Recado também atinge Portugal.

Michael Kratsios, CTO dos Estados Unidos da América (EUA).Sam Barnes/Web Summit via Sportsfile

O conselheiro máximo de tecnologia da Casa Branca veio ao Web Summit criticar os países que “abriram os braços” à China e apoiam a gigante chinesa Huawei, um recado que atinge diretamente Portugal, o Governo português e algumas operadoras de telecomunicações nacionais, que têm usado tecnologia dessa marca para desenvolver o 5G. À saída, foi vaiado na Altice Arena por vários participantes do Web Summit.

“Os países continuam a aceitar abrir os braços à China para construir infraestruturas críticas, como o 5G”, afirmou Michael Kratsios, que ocupa o cargo há poucos meses, depois de a posição ter estado por preencher durante dois anos. “O governo chinês viola a privacidade de todos os cidadãos no seu país. A lei chinesa obriga todas as empresas, incluindo a Huawei, a colaborar com o governo”, referiu.

A crítica atinge diretamente Portugal, que tem sido visto como país aliado da Huawei. Pelo menos duas das maiores empresas de telecomunicações portuguesas estão a usar equipamento da Huawei na construção das suas redes móveis 5G, incluindo a Meo, detida pela Altice Portugal, que tem a maior quota de mercado atualmente.

Os países continuam a aceitar abrir os braços à China para construir infraestruturas críticas, como o 5G.

Michael Kratsios

CTO dos EUA

Além deste apontamento, Michael Kratsios pediu que não sejam “cometidos os erros do passado”. Para explicar, citou a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001 e disse que o regime chinês aproveitou-se disso para “roubar” propriedade intelectual norte-americana, um dos pontos sensíveis do acordo comercial que está a ser negociado entre Washington e Pequim.

Nem tudo foram críticas. Aliás, uma das primeiras coisas que Kratsios disse quando subiu ao palco foi: “Ouvi dizer que esta era a melhor conferência de tecnologia do planeta, e está certo, a avaliar pela energia empreendedora aqui”, afirmou, nesta que é a quarta edição do evento em Lisboa, Portugal. No entanto, também afirmou, mais à frente no discurso: “Temos de garantir que os EUA e os nossos parceiros globais continuam a ser o principal polo de tecnologia” no undo, referiu.

O discurso não terá convencido a plateia. Kratsios chegou a ser interrompido a meio do discurso por um grito de alguém na multidão. Apesar de impercetível, a mensagem provocou aplausos numa pequena parte da plateia do Altice Arena. No final, Kratsios não se livrou de assobios de alguns participantes do evento na Altice Arena.

Huawei rejeita “declarações falsas” de Kratsios

Num comunicado divulgado após o discurso, a Huawei veio “rejeitar veementemente as declarações falsas” do CTO dos EUA, proferidas no Web Summit, em Lisboa. A empresa reitera que é 100% controlada pelo trabalhadores e diz que “a cibersegurança e a proteção da privacidade vão continuar a ser uma das prioridades de topo”.

“Em contraste com o que o senhor Kratsios diz, o que a atual administração dos EUA está a fazer é um insulto aos valores europeus e vai resultar numa desaceleração das ambições de se tornarem um polo global de inovação”, lê-se na mesma nota.

(Notícia atualizada às 17h44 com mais informações)

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