Trabalhadores do Montepio estão insatisfeitos. Banco lança inquérito para saber porquê
Inquérito feito pela comissão de trabalhadores no último verão mostrou descontentamento geral no Montepio. Agora, a comissão executiva lança novo questionário para avaliar clima interno.
O Montepio lançou um inquérito interno para avaliar a insatisfação e desmotivação que se vive entre os trabalhadores do banco. A iniciativa foi anunciada um dia antes de o banco confirmar o nome de Pedro Leitão para CEO, esta quinta-feira. E surge depois de a comissão de trabalhadores ter promovido no verão passado um questionário sobre o clima organizacional interno semelhante e cujos resultados mostraram elevados índices de descontentamento e com críticas à equipa de gestão à mistura.
Ao contrário do inquérito levado a cabo pela comissão de trabalhadores, cujo processo não foi auditado por nenhuma entidade especializada e, por isso, deixou reservas sobre a validade dos resultados, o questionário promovido pela comissão executiva está a ser conduzido pela Mercer, uma consultora especializada em recursos humanos.
De acordo com uma informação enviada internamente esta quarta-feira, os trabalhadores terão duas semanas para responder às várias perguntas que lhes são colocadas online. O prazo para preencher o inquérito termina no dia 22 de janeiro, que é quando se conclui a primeira fase de um plano de três fases para lidar com os problemas dos funcionários do banco.
Terminada o diagnóstico, a segunda fase passará pela organização de workshops para a apresentação dos resultados do inquérito e de medidas para resolver as questões levantadas. Depois, na última fase, o banco procederá à implementação de um plano de ação englobando um conjunto de iniciativas para melhorar o ambiente de trabalho.
O banco apela à participação no inquérito. “É fundamental que todos participem”, diz o e-mail que é assinado pela comissão executiva. “As pessoas são o principal ativo” do banco e “queremos reforçar o sentimento de pertença”, lê-se na informação distribuída internamente.
Mal pagos e sem oportunidades
No inquérito da comissão de trabalhadores realizado no verão passado, em que participaram metade dos trabalhadores do banco e cujos resultados estiveram na gaveta durante três meses com medo que viessem a perturbar a vida interna da instituição, os funcionários queixaram-se dos baixos salários e revelaram-se insatisfeitos no desempenho das suas funções.
Também lamentaram a falta de oportunidades para a progressão na carreira e deixaram críticas à liderança, nomeadamente quanto ao facto de as direções não se preocuparem em capacitar os trabalhadores para atingirem as metas definidas e nem se preocupam em motivar os trabalhadores para o cumprimentos dos objetivos.
Conclusões finais: os trabalhadores não procurariam convencer um colega a permanecer no banco se tivesse uma oportunidade de trabalho noutro lugar e nem recomendariam a um amigo vir trabalhar no Banco Montepio, resultados que “são motivo de elevada reflexão” e devem constituir uma “oportunidade para melhorias significativas”, segundo a comissão de trabalhadores.
Em reação, o banco disse estar “sensível ao sentimento demonstrado” pelos trabalhadores, tendo sublinhado que os resultados do inquérito da comissão de trabalhador “espelham bem os tempos desafiantes em que nos encontramos no setor bancário, em geral, e no Banco Montepio, em particular”.
Na altura, o banco indicou ainda estar a “trabalhar ativamente na transformação da instituição”, prevendo várias políticas dirigidas aos trabalhadores, “incluindo a gestão de desempenho, a gestão de potencial, a compensação e benefícios e programas direcionados à atração e retenção de talento no banco”. “Acreditamos que terão impacto na satisfação dos colaboradores”, reforça o banco.
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