Luanda Leaks: Caso arrisca fuga de dólares e queda do kwanza
Segundo a consultora IHS Markit, "as revelações podem levar a um aumento da procura de euros e dólares para serem transferidos para fora de Angola, já que os empresários estão preocupados".
O diretor do departamento africano da consultora IHS Markit disse esta quinta-feira à Lusa que a investigação Luanda Leaks pode desencadear “um aumento da procura por euros e dólares para serem transferidos para fora de Angola”.
“As revelações podem levar a um aumento da procura de euros e dólares para serem transferidos para fora de Angola, já que os empresários estão preocupados com as consequências dos impactos da fiscalização das entidades ligadas a Isabel dos Santos”, disse Bryan Plamondon.
Questionado pela Lusa sobre as implicações deste caso para a economia angolana no seu todo, o analista respondeu que o receio de os bens ligados a Isabel dos Santos “serem confiscados ou desaparecerem” pode precipitar a troca de kwanzas por moedas que possam ser usadas fora do país.
“Isto vai colocar pressão na taxa do mercado paralelo e, em última análise, sobre a taxa oficial de câmbio”, acrescentou o analista da IHS Markit, que tem como previsão de aumento dos preços um valor de 24% e uma taxa de juro diretora nos 16,25% este ano.
Sobre se o crescimento económico pode ser afetado, Bryan Plamondon respondeu que não, dado que a projeção de crescimento para este ano aponta para 1%.
“Não estamos a planear fazer mudanças significativas às nossas previsões económicas para Angola, já que a nossa perspetiva já é bastante conservadora e abaixo do consenso dos analistas”, explicou.
As declarações de Bryan Plamondon à Lusa surgem na sequência do escândalo de corrupção que está a afetar a vida política angolana, com a filha do ex-Presidente e empresária Isabel dos Santos a ser constituída arguida e com a Procuradoria-Geral da República (PGR) a admitir a emissão de um mandado de captura internacional.
Isabel dos Santos, empresária angolana e filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, foi constituída arguida, bem como Sarju Raikundalia, ex-administrador financeiro da petrolífera Sonangol, Mário Leite Silva, gestor de Isabel dos Santos, Paula Oliveira, amiga da empresária e administradora da NOS, e Nuno Ribeiro da Cunha, gestor de conta da empresária no EuroBIC, encontrado morto na quarta-feira.
Segundo a PGR, o grupo foi constituído arguido no âmbito de um processo de inquérito aberto na sequência de uma denúncia do antigo presidente do conselho de administração da Sonangol, Carlos Saturnino.
Um despacho sentença do Tribunal Provincial de Luanda, divulgado em finais de dezembro de 2019, decretou o arresto preventivo de bens e contas particulares de Isabel dos Santos, Sindika Dokolo e Mário Leite da Silva.
Um Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) revelou no domingo mais de 715 mil documentos, sob o nome de ‘Luanda Leaks’, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.
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