Jornal britânico The Guardian recusa publicidade de empresas de combustíveis fósseis
O The Guardian será a primeira empresa de media a nível global a banir publicidade, e as receitas daí provenientes, por parte de empresas que extraem combustíveis fósseis, como petróleo e gás.
As petrolíferas e outras empresas cujo negócio passa pelos combustíveis fósseis podem esquecer qualquer intenção de investir em publicidade no histórico jornal The Guardan. Isto porque o diário britânico anunciou esta quarta-feira que vai banir todos os anúncios relacionados com atividades altamente poluentes.
Desta forma, o The Guardian será a primeira empresa de media a nível global a banir publicidade, e as respetivas receitas daí provenientes, por parte de empresas que extraem combustíveis fósseis, como petróleo e gás.
“A decisão, que segue os esforços para reduzir a pegada carbónica do The Guardian e aumentar a cobertura associada à emergência climática, será implementada com terá efeitos imediatos. A exclusão vai incidir em muitos dos maiores poluidores do mundo”, explicou o jornal na sua edição online.
Num comunicado conjunto, a CEO da empresa, Anna Bateson, e o chief revenue officer, Hamish Nicklin, explicaram que “a decisão baseia-se em décadas de esforços de muitos agentes na indústria petrolífera para impedir os governos de todo o mundo de tomar ações concretas e significativas para travar as alterações climáticas”. Acrescentaram ainda que o combate ao aquecimento global “e o desafio mais importante dos nossos tempos” e lembraram a cobertura jornalística dada pelo The Guardian ao lobby feito pelas empresas de energia e que prejudicou claramente a causa ambiental.
Há ano que os movimentos de defesa ambiental denunciam as petrolíferas por usarem campanhas publicitárias milionárias para fazerem “greenwashing” às suas atividades, pagando para anunciar pequenos investimentos em renováveis, ao mesmo tempo que continuam a investir forte na estração de petróleo e gás. Até agora, nenhum grupo de media tinha atendido ao pedido para rejeitar este tipo de publicidade.
A Greenpeace elogiou a decisão. “É um momento histórico e o The Guardian deve ser aplaudido por esta decisão corajosa de acabar com a legitimidade dada às empresas de combustíveis fósseis”, disse Mel Evans, da Greenpeace UK.
Em 2019, a editora executiva do The Guardian, Katharine Viner, anunciou que o jornal iria passar a dar mais destaque à “emergência climática” e ao “aquecimento global”, em vez de usar apenas a expressão “alterações climáticas”. Enquanto empresa, o Guardian Media Group (GMG) comprometeu-se a ser neutro em carbono até 2030, ao mesmo tempo que tem vindo a afastar o seu fundo de investimento dos investimentos em combustíveis fósseis.
A decisão de rejeitar as receitas publicitárias das petrolíferas surge num momento complicado para a indústria de media, com o conselho de Administração do GMG a avisar para os perigos desta decisão, já que a publicidade representa 40% das receitas do grupo. Ou seja, a publicidade continua a ser a principal fonte de financiamento do jornalismo levado a cabo pelos meios Guardian e Observer em todo o mundo.
Anna Bateson e Hamish Nicklin deixaram claro que a recusar em publicitar petrolíferas resultará num “golpe financeiro”. “No entanto, acreditamos que construir um negócio com propósito e continuar financeiramente sustentável têm de andar de mão dada”.
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