O que Portugal tem de melhor, segundo a diáspora

  • Juliana Nogueira Santos e Leonor Rodrigues
  • 21 Dezembro 2016

O ECO falou com Ricardo Monteiro, da Havas, e com o presidente da Aicep, Miguel Frasquilho, sobre a importância do encontro que acontece na quinta-feira e que já vai na IV edição.

É já esta quinta-feira que o Palácio da Cidadela de Cascais recebe o IV Encontro Anual do Conselho da Diáspora Portuguesa. O evento reúne várias personalidades que representam o melhor que Portugal faz no mundo.

A organização, criada em 2012, tem como dois dos principais objetivos a promoção de iniciativas de portugueses no mundo e a criação de contactos entre os embaixadores. Este ano, os temas em destaque são a gestão na era da tecnologia e a diplomacia cultural.

O ECO falou com Ricardo Monteiro, presidente da Havas, um dos conselheiros da Diáspora Portuguesa, e com o presidente de um dos parceiros do evento, Miguel Frasquilho, da Aicep, sobre a importância do encontro, da imagem que o país tem fora de portas e dos desafios que ainda enfrenta.

Ricardo Monteiro, presidente da HavasRicardo Monteiro

Ricardo Monteiro ocupa a posição mais elevada do grupo publicitário Havas Worldwide desde 2014, acumulando também o cargo de presidente executivo do setor ibero-americano. Sente que as maiores mudanças em Portugal desde que saiu se deram nos grandes centros urbanos e no turismo, com uma forte renovação das cidades de Lisboa e do Porto e com a constante presença de turistas, não só nestas como também no resto do país.

A oferta hoteleira e de restauração está hoje ao nível das melhores capitais do mundo, no caso de Lisboa. Mas, o Alentejo também está transformado, vejam-se os moderníssimos e vastos olivais, ou os inúmeros hotéis boutique que povoam a paisagem de forma muito equilibrada e integrada”, elabora Ricardo Monteiro. “O Douro é um viveiro turístico e mantém-se maravilhoso como sempre foi.”

Em relação à situação económica, o seu discurso é marcado pelo otimismo, trazido pela “distensão social e económica” que se tem sentido. “Persistem, naturalmente, muitas restrições devido à tutela das entidades europeias e às imposições feitas pelos nossos credores pela enorme dívida que nos pesa e nos custa uma verdadeira fortuna em juros. Mas constato um espírito positivo que não via desde há, pelo menos, seis ou sete anos.”

O impulso dado pelo empreendedorismo e pela recente aposta nacional nos novos talentos leva-o também a afirmar que “o país parece, realmente, ter-se libertado da canga de que a miséria, pobreza e falta de tecido económico eram o nosso fado.”

Ainda assim, Ricardo Monteiro considera que há muito trabalho a fazer no ramo da modernização da economia e regeneração do tecido produtivo: “Precisamos (…) de atrair mais investimento, libertar mais capitais, também internos, e apostar na nossa capacidade empresarial, inventiva, científica, etc. …”

A Diáspora Portuguesa estabelece-se assim como um importante veículo de cooperação entre aqueles que estão no estrangeiro, tendo já apoiado projetos concretos: “Por exemplo, através de Ron de Pinho, membro da Diáspora e Presidente do MD Andersson Center, o maior instituto de prevenção e tratamento de cancro do mundo, sediado no Texas, estabeleceu já, junto com a Universidade do Porto um protocolo e angariou investimentos que visam poupar mais de 1,2 mil milhões de euros/ano ao país em prevenção de doenças oncológicas. É apenas um bom exemplo”, contou Ricardo Monteiro ao ECO.

"Sempre amei a minha Pátria.”

Ricardo Monteiro, Havas

A imagem do país no estrangeiro é também um aspeto importante, não só para a organização como para Ricardo: “Como sou publicitário sei que não há publicidade má. Foi o caso. O país passou a ser mais falado, embora por péssimas razões. Mas, depois, subitamente, começámos a subir a encosta com o denodo, coesão, seriedade e solidariedade de que poucos países são capazes no mundo.”

Ricardo Monteiro abandonará no fim deste ano os seus cargos na Havas, tendo afirmado já que se vai dedicar à criação de uma associação de apoio aos profissionais da publicidade reformados no nosso país. Regressará com orgulho a um país mais forte, diz: “Campeões da Europa de Futebol — sim, isso conta — com as contas públicas a chegarem ao são, com resultados PISA invejáveis, com um português como Secretário-geral da ONU, um país pacífico, um país milenar, um país extraordinário que vence na dificuldade como nenhum. Sempre amei a minha Pátria. Como se vê, tenho boas razões para isso.”

Miguel Frasquilho, presidente da Aicep

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Miguel Frasquilho lidera a Agência para o Investimento e o Comércio Externo de Portugal (Aicep) desde 2014, altura em que foi nomeado pelo antigo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.

O presidente da agência considera que a “Diáspora Portuguesa é composta por profissionais valiosos e que dão uma imagem de um país moderno, eficiente, inovador e trabalhador”, ao mesmo tempo que “dá um contributo muito forte para potenciar, do ponto de vista económico, a nossa imagem lá fora”.

Frasquilho afirma que a Diáspora Portuguesa é um “parceiro natural da Aicep”, que está comprometida em fazer de Portugal um país “mais competitivo, atrativo” e com maiores níveis de desenvolvimento.

Na opinião do ex-deputado do PSD, que deverá deixar a Aicep no próximo ano, os contactos com investidores estrangeiros mostram que o nosso país é visto como inovador e confiável e dá a organização da Web Summit como exemplo: “Se não fôssemos um país inovador, confiável e empreendedor, penso que não teria sido possível Lisboa ganhar a organização da Web Summit”.

"Os portugueses não estão sozinhos no mundo.”

Miguel Frasquilho, Aicep

Quanto a desafios, Miguel Frasquilho afirma que “os maiores desafios que enfrentamos consistem em prosseguirmos opções de política económica sustentáveis, que nos permitam reduzir o grau de endividamento do país – quer público, quer privado – e ao mesmo tempo tomar medidas que potenciem a nossa competitividade e atratividade”.

Para o antigo secretário de Estado do Tesouro, os portugueses têm de perceber que não estão “sozinhos no mundo” e que a competitividade é muito importante, “é isso que nos permite continuar a ser atrativos”. No entanto, é um “work in progress [trabalho em desenvolvimento], não podemos pensar que está tudo feito”, conclui.

Editado por Mariana de Araújo Barbosa (mariana.barbosa@eco.pt)

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