Maior fabricante de luvas do mundo sem capacidade de resposta. Encomendas “quase duplicaram a capacidade de produção”
Com sede na Malásia, a Top Glove diz que as encomendas que tem recebido quase duplicaram a capacidade de produção da empresa. "Precisamos de cerca de 10% de trabalhadores a mais", diz responsável.
O maior fabricante de luvas cirúrgicas do mundo acredita que não vai ser capaz de dar resposta à forte procura por este produto, numa altura em que os Estados Unidos e a Europa multiplicam as encomendas, numa tentativa de combater o surto do novo coronavírus. A empresa até estendeu o tempo de envio destes produtos para ganhar mais tempo, mas nem isso está a servir para melhorar a situação.
A Top Glove Corporation Bhd, com sede na Malásia, produz uma em cada cinco luvas em todo o mundo, mas nem essa capacidade produtiva lhe vai permitir responder às necessidades dos países, diz a Reuters (conteúdo em inglês). Os pedidos recebidos nas últimas semanas, principalmente vindos da Europa e dos Estados Unidos, quase duplicaram a capacidade de produção da empresa, afirma o presidente executivo da Top Glove, que produz 200 milhões de luvas de borracha natural e sintética por dia.
“Alguns clientes entram em pânico”, diz Lim Wee Chai, notando que normalmente são encomendados dez contentores por mês mas, de repente, com este surto de coronavírus, as encomendas chegam aos 20 contentores por mês. “Definitivamente há uma escassez. Os países encomendam-nos 100% a mais do que o normal, mas nós só podemos aumentar em 20% a nossa capacidade, para que haja uma escassez de cerca de 50% a 80%”, continua.
Para lidar com esta forte procura, a empresa até ajustou o prazo de entrega das encomendas de 30 para 150 dias. O objetivo de Lim Wee Chai é assegurar que todos os clientes recebem uma quantidade justa de luvas. “Gerimos o volume e limitamos as compras por cliente”, explica o responsável, acrescentando que estão a ser adquiridas novas máquinas todas as semanas para poder aumentar a produção da fábrica em 30%.
Além disso, a Top Glove está a planear contratar cerca de mil funcionários para acompanhar todo este reforço na produção. Por norma, os trabalhadores são contratados no Nepal mas, devido às restrições nas viagens, serão contratados na Malásia. “Precisamos de cerca de 10% de trabalhadores a mais. Enquanto houver as restrições de viagens, não conseguimos atrair trabalhadores do Nepal. Portanto, não temos escolha, temos de usar alguns trabalhadores locais para nos ajudarem, especialmente no embalamento”, disse Lim Wee Chai, à Reuters.
Esta sexta-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou que a “escassez crónica de equipamentos de proteção individual” está entre as ameaças mais urgentes aos esforços que os países têm levado no combate ao coronavírus. Este momento de procura fora do normal pode prolongar-se por mais três meses, mas espera-se que os pedidos continuem a ser em maiores quantidades durante nove meses, antecipa o responsável da Top Glove.
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