“Existe hoje um sério risco de a economia colapsar”, alerta o comércio

"Não é necessário termos uma visão catastrofista da situação para podermos afirmar que existe hoje um sério risco de a economia colapsar", sublinha a confederação liderada por João Vieira Lopes.

Face à pandemia de coronavírus, há hoje um “sério risco” de a economia colapsar, alerta a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP). Para a entidade liderada por João Vieira Lopes, esta não é uma crise temporária que será seguida de um retorno à normalidade. “Admitir que a crise se possa circunscrever ao segundo trimestre deste ano é, já hoje, inverosímil”, considera a confederação.

Não é necessário termos uma visão catastrofista da situação para podermos afirmar que existe hoje um sério risco de a economia colapsar. Um cenário altamente provável diz-nos que a situação que iremos enfrentar não encontra qualquer paralelo na nossa história contemporânea”, defende a CCP, numa nota enviada às redações este fim de semana.

Na perspetiva dos representantes do comércio e serviços, para a economia, o “‘vírus’ mais maléfico” é aquele que está a moldar os comportamentos dos cidadãos, nomeadamente em termos de consumo, e que “perdurará certamente bem para além do contágio da doença”.

Para a CCP, não é, de resto, “realista” antecipar que a quebra do consumo se venha a situar, este ano, entre os 2,8% e os 4,8% (como projetou o Banco de Portugal), atirando a confederação que esse recuo “será seguramente muito superior”.

No mesmo sentido, a confederação sublinha que esta não será uma crise que será sentida apenas no segundo semestre e evoluirá mesmo para uma “crise da procura”, em que “o turismo e os consumos de bens duradouros não vão recuperar ao longo de todo o restante ano, independentemente das medidas de defesa da saúde pública adoptadas”. “A ‘normalidade’ futura dificilmente se confundirá com a normalidade passada”, acrescenta a CCP.

Face a este cenário, a confederação liderada por João Vieira Lopes destaca, além disso, como três maiores preocupações: “evitar que os juros da dívida de países mais vulneráveis, como Portugal, possam disparar”; assegurar capacidade financeira aos países para que possam promover políticas públicas de combate à crise; garantir a sobrevivência das empresas de modo a travar uma elevada “destruição de capital e um aumento expressivo do desemprego”.

E atira a CCP: “Estas políticas têm que concretizar-se num quadro temporal alargado, não se podendo circunscrever aos meses de ocorrência da crise sanitária. De pouco vale aliás que os países possam agora criar
dívida pública se, de seguida, se confrontarem com a necessidade de aplicarem dolorosas políticas de austeridade; De pouco vale ainda assegurar, de imediato, às empresas meios para suportarem as quebras ou paragens de atividade se passados dois ou três meses elas se confrontarem com dívidas impossíveis de saldar e que as conduzam a falências em massa”.

A confederação remata sublinhando que é essencial que, por um lado, o Banco Central Europeia e a União Europeia “adoptem as medidas necessárias para aumentar significativamente a capacidade de financiamento dos países europeus” e, por outro, que o próprio Estado português aja de modo a “evitar custos para as empresas”, “garantir a necessária liquidez para [essas empresas] efetuarem pagamentos inadiáveis”, bem como de modo a assegurar “que os apoios atuais não se concertem simplesmente em dívidas futuras“.

“O Estado e as instituições públicas não podem certamente fazer tudo, mas nós podemos hoje expressar a profunda convicção que do acerto das políticas públicas — nacionais e comunitárias — dependerá muito o nosso futuro. Políticas a executar não apenas nos dois ou três próximos meses, mas com expressão nos próximos dois ou três anos”, concluem os representantes do comércio e serviços.

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