De 4% a 20%. De que tamanho vai ser a recessão em Portugal?

A incerteza continua a ser elevada, mas os economistas já começam a fazer contas ao custo económico da pandemia. A maioria aponta para a maior recessão da democracia portuguesa.

Após ter em 2019 o primeiro excedente orçamental da democracia, Portugal pode agora vir a ter a sua pior recessão desse mesmo período. As previsões para a queda do PIB variam entre os 4% a 20%, mas os economistas são unânimes em antecipar uma forte recessão para a economia portuguesa em 2020.

Para já, ainda não há previsões da instituição que tem acesso a um maior nível de informação, o Ministério das Finanças, o qual tem à sua disposição os números da Autoridade Tributária que refletem o impacto do confinamento na receita fiscal. O Governo só deverá atualizar as suas projeções no Programa de Estabilidade que terá de ser entregue até dia 15 de abril.

Apesar de já se começar a fazer projeções mais robustas, todos as instituições e economistas assinalam que as previsões envolvem um elevado grau de incerteza dado que dependerão muito do tempo que demorar a resolver a pandemia, da eficácia das medidas do Estado para contrariar o impacto económico e também do tamanho do impacto real que este período vai ter nas contas das empresas.

Banco de Portugal prevê recessão que pode chegar a 5,7% do PIB

No boletim económico de março, o banco central traçou um cenário adverso em que assume que o impacto é “mais significativo devido à paralisação mais prolongada da atividade económica em vários países”, antevendo uma queda do PIB de 5,7%. A concretizar-se o cenário adverso, o PIB português irá cair mais do que no pior ano da crise financeira: em 2012, o PIB caiu 4%.

Neste cenário, as exportações de bens e serviços deverão cair 19,1% dado que a recessão global e o “colapso” do comércio mundial vão tirar muita da procura externa dirigida à economia portuguesa. O investimento levará um tombo de 14,9% e o consumo privado — uma das maiores componentes do PIB — encolherá 4,8%.

Recessão prevista da Católica vai dos 4% aos 20%

Tudo depende da duração do surto. É esta a variável fundamental que divide as três previsões feitas pelos economistas da Católica: se não se prolongar muito para lá de abril, a economia encolhe 4%; se durar mais três meses, o PIB cai 10%; mas se durar mais seis meses, então a economia portuguesa perde um quinto do seu valor (20%).

“A pandemia da doença Covid-19 criou uma disrupção generalizada na economia mundial”, assumiam os economistas da Universidade Católica nas previsões feitas há cerca de duas semanas, admitindo que o cenário “mais plausível” é um “colapso abrupto das economias desenvolvidas”, apesar de continuar a haver uma “elevada incerteza sobre a dimensão e a duração da contração”. “É que se está perante uma crise de características ímpares, marcada por um duplo choque do lado da oferta e do lado da procura”, explicava o NECEP.

ISEG vê economia a afundar até 8% em 2020

A pandemia de Covid-19 deverá provocar uma contração entre 4% e 8% da economia portuguesa este ano, segundo as estimativas do ISEG divulgadas esta segunda-feira. “Em face da situação atual de condicionamento da atividade económica, na expectativa de que a fase mais restritiva não exceda os dois meses e de um posterior retomar gradual da atividade económica, o ISEG assume como valores indicativos para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 o intervalo -4% a –8%”, detalham os economistas do ISEG.

Fórum para a Competitividade estima recessão entre 4% e 8% do PIB

Se a pandemia for contida nas próximas semanas, a economia portuguesa poderá encolher 4%. Este é o cenário mais benigno traçado pelo Fórum para a Competitividade. No entanto, se crise se prolongar por mais tempo e as “medidas lançadas se revelem insuficientes”, a queda do PIB é estimada em 8%. “Como é evidente, estes valores estão sujeitos a revisão, mesmo a curto prazo, dada a avalanche de novidades em curso”, notam os economistas.

Estudo da IESE Business School antevê queda do PIB até 10,7%

Se as medidas contenção do vírus se prolongarem até meados de junho, Portugal terá uma contração do PIB de 7%. Já se as medidas se prolongarem até ao final de julho, a recessão será de -10,7% em 2020. É assim que o estudo de Nuno Fernandes, professor de economia na IESE Business School, traça o futuro próximo da economia portuguesa.

UniCredit diz que chegou “a mãe de todas as crises”. PIB encolhe 15%

“Chegou a mãe de todas as recessões”. É com esta frase que o banco italiano arranca as novas previsões para este ano onde prevê que o PIB português vai cair 15% em 2020, recuperando 10% em 2021. “Estes desenvolvimentos iriam representar a pior recessão que o país já viveu, pior do que a registada durante a grande recessão (quando o PIB contraiu 3,1% em 2009) e a crise do petróleo de 1975 (o PIB contraiu 5,1% nessa altura)”, recordava esta segunda-feira o banco italiano.

Assumindo o cenário mais adverso de cada uma das instituições.

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