Presidente da ERSE mais focada em teletrabalho. “Energia não pode falhar”
Em tempo de estado de emergência em Portugal, decretado pelo Governo por causa da pandemia de Covid-19, Cristina Portugal, presidente da ERSE, regulador do setor da energia, não tem tido mãos a medir.
“Vivenciamos uma crise epidemiológica sem paralelo na forma, na intensidade, na dimensão, na duração. Um intervalo no modo de vida. Quase ao mesmo tempo, em quase todo o mundo”. A descrição do momento atual é feita pela presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), que diz que apesar deste “intervalo”, não está parada, nem pode parar. Em entrevista ao ECO para os Gestores em teletrabalho., Cristina Portugal, que está em regime de teletrabalho há mais de um mês, tal como os cerca de 100 colaboradores do regulador que dirige, lembra que a energia não pode falhar.
“Procuro manter, tanto quanto possível, as rotinas de trabalho. Sendo rigorosa no cumprimento de horários, noto que a virtualização elimina pontos de distração, traz maior focagem e preparação”, confessa ao ECO a presidente da ERSE. “Ter uma organização a funcionar integralmente à distância traz muitos desafios”, reconhece. “É muito diferente mas, em certos aspetos, mais eficiente”, diz, lembrando que logo no início de março, ainda antes de ter sido declarado o estado de emergência, uma parte dos colaboradores do regulador passaram para o regime de teletrabalho. A partir de 16 de março, a instituição estava já mais preparada e começou a operar 100% nesse regime.
E porque falamos de energia — eletricidade, gás natural, gás de petróleo liquefeito, combustíveis derivados do petróleo, biocombustíveis e mobilidade elétrica — essa eficência é bem-vinda. Isto porque, neste contexto de estado de emergência, a ERSE tem uma responsabilidade acrescida. “Regula serviços públicos essenciais que são imprescindíveis à vida dos cidadãos e ao tecido económico do país. Não podem falhar”, diz a presidente da ERSE ao ECO.
“Esta continuidade de funcionamento depende, também, da ação próxima do regulador e dos cerca de 100 colaboradores da ERSE que estão totalmente cientes e empenhados no papel que têm de desempenhar: o de criar valor para a sociedade através de uma regulação do setor energético independente, transparente e sustentável, da dinamização da eficiência dos mercados e do reforço da confiança dos consumidores”, nota.
"A ERSE regula serviços públicos essenciais que são imprescindíveis à vida dos cidadãos e ao tecido económico do país. Não podem falhar”
Cristina Portugal sublinha a aprovação, logo, a 17 de março, de medidas excecionais de proteção dos consumidores para impedir cortes de eletricidade e gás natural e facilitar o pagamento a prestações por parte das famílias. Mais recentemente, a ERSE alargou as medidas de proteção a empresas em lay-off e dilatou prazos, salvaguardando a situação de comercializadores de energia. “É fundamental que o mercado continue a funcionar em condições de concorrência”, frisa a presidente.
Seguiu-se a proposta de redução de 3,3% nas tarifas para o gás natural e a atualização da componente de energia nas tarifas da eletricidade, com uma redução de 3%. “Continuámos a publicar boletins informativos, a desenvolver as nossas atividades e reforçámos a informação aos consumidores, por exemplo, com dicas de poupança na energia e alertas sobre más práticas neste período”.
E o futuro, como será? No meio de toda a incerteza, uma coisa é certa: “Todas as previsões e perspetivas para 2020 e anos seguintes têm de ser revistas”. Para isso, a ERSE acompanha em permanência a evolução de todos os indicadores relevantes para os setores da energia que regula, tal como a evolução da procura ou do valor das commodities nos mercados internacionais. “Estamos focados na análise dos dados dos setores regulados para poder agir com rapidez e com segurança”, remata Cristina Portugal.
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