Fundo de 100 milhões para ajudar a fusão de empresas avança sem privados
O fundo de 100 milhões de euros alimentado pelo FEI e pelo Fundo de Fundos para a Internacionalização pretende mobilizar 300 milhões de euros (e já não 500) para financiar PME portuguesas.
O fundo para estimular o crescimento de empresas mais maduras e promover fusões e internacionalização vai avançar sem privados. O Portugal Growth Capital Initiative, um fundo de fundos, vai arrancar com 100 milhões de euros e pretende mobilizar cerca de 300 milhões para financiar PME portuguesas, apurou o ECO. Esta é uma ambição revista em baixa tendo em conta os efeito da pandemia na economia.
O instrumento foi anunciado pelo Executivo em dezembro do ano passado, e avançado em primeira mão pelo ECO. Na altura, estavam em cima da mesa 50 milhões do Fundo Europeu de Investimentos (FEI) e 50 milhões do Fundo de Fundos para a Internacionalização, que é gerido pela Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), vulgarmente conhecida como banco de fomento. O objetivo era levantar no mercado mais 30 a 50 milhões de euros de privados. No conjunto, a meta era mobilizar cerca de 500 milhões de euros.
Mas o mundo mudou. E se em dezembro já se notava alguma dificuldade em mobilizar os privados, tal como o ECO deu nota, depois da pandemia de Covid-19, que ameaça atirar a economia mundial para a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial, essa é uma carta fora do baralho. Assim, os mesmos 100 milhões vão alavancar cerca de 300.
Este fundo de fundos vai investir em PME e midcaps, ou seja, empresas que têm até três mil trabalhadores. E esta é a grande diferença face ao Portugal Tech, o programa de investimento de 100 milhões de euros que investe em startups na área da tecnologia.
Tal como o Portugal Tech não faz chegar apoios diretamente às empresas portuguesas, o Portugal Growth Capital Initiative também vai escolher capitais de risco que tenham mais know-how nas diferentes áreas e acesso a capital privado. A escolha das capitais de risco deverá caber ao FEI, do conjunto de equipas privadas que se acreditam junto do fundo para receber financiamento. Bastará escolher os fundos nacionais. No caso do Portugal Tech as capitais de risco especializadas escolhidas foram a Indico Capital Partners, Armilar Venture Partners e Vallis Capital Partners.
Já o Portugal Venture Capital Initiative (PVCi), o primeiro fundo de fundos português, com 111 milhões de euros, investiu em sete fundos que, por sua vez, investiram em 50 empresas. Mas em Portugal nem todas as empresas veem com bons olhos a entrada de capital de risco, tendo em conta as exigências que isso acarreta. Por ano, são feitos cerca de 20 investimentos de private equity no país.
O montante de 100 milhões de euros com que nasce o Portugal Growth Capital Initiative explica-se pela resistência que o tecido empresarial tem a este tipo de investidores, mas há a possibilidade de vir a ser revisto em alta. O PSD, no conjunto de instrumentos que vai sugerir ao Executivo para capitalizar empresas com dificuldades financeiras causadas pela pandemia de Covid-19, incluí um reforço do Portugal Growth Capital Initiative. “Propõe-se que o Estado compense a ausência de privados e reforce a participação nacional de forma a chegar aos 250 milhões de euros”, sugeria o partido numa nota divulgada à imprensa no domingo.
Ao que o ECO apurou, o montante não é descabido, havendo no país capacidade de absorção de capital público e europeu numa lógica de três anos. Mas ainda que o efeito de oferta possa gerar procura, há sempre o risco de investir em empresas de menor valor caso a oferta seja excessiva. Por outro lado, tendo em conta a atual situação do mercado, tanto o BEI como o FEI poderão ser chamados a assumir posições mais significativas nos fundos face ao que é habitual nestes casos.
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