Ajustes diretos “é muito, muito mau”, lamenta Rui Rio. “Ministério Público existe para alguma coisa”

Quanto à polémica que envolve o Ministério da Saúde por ter feito pelo 17 aquisições superiores a um milhão de euros por ajuste direto, Rui Rio diz que Ministério Público tem de estar atento.

Rui Rio reconhece que está muito preocupado com a possibilidade de o Executivo ter feito ajustes diretos, em negócios de milhões que envolveram favorecimentos. O líder do PSD, em entrevista à CMTV diz que se essas suspeitas se vierem a confirmar “é muito muito mau” e lembra que o “Ministério Público existe para estas coisas”.

“Vejo muito, muito mal” a polémica em tornos dos ajustes direitos do Ministério da Saúde que rondam os 80 milhões de euros. “Uma coisa é percebermos que o Estado e as autarquias no auge da pandemia têm de comprar máscaras, testes, seja o que for, e não podem fazer um concurso público, consultar não sei quantos fornecedores, para a coisa estar resolvida dentro de cinco meses quando já não é preciso. Temos efetivamente de dar um ajuste na lei para que haja proteção destas decisões que tinham de ser tomadas. Coisa diferente é quando são coisas de milhões e é do amigo daqui ou do amigo de lá”, explicou Rui Rio, numa referência às pelo menos 17 aquisições, superiores a um milhão de euros a sete empresas por ajuste direto desde meados de março, num montante total de 79,8 milhões.

Espero que o Ministério Público esteja muito atento, porque acho isso inadmissível.

Rui Rio

Líder do PSD

Acho inadmissível que alguém à custa de fazer ajustes diretos começar a privilegiar amigos ou a ganhar algum dinheiro“, atirou Rui Rio. “Se isso aconteceu, ou vier a acontecer, é altamente reprovável e o PSD vai estar muito atento”, prometeu. “Espero que o Ministério Público esteja muito atento, porque acho isso inadmissível“, acrescentou ainda em jeito de recado.

“Para que são ajustes diretos para entregas dentro de muitos meses?”, questionou Rui Rio. “Agora o Ministério Público existe para alguma coisa”, concluiu, sem se querer comentar situações em concreto, por “não querer fazer de juiz”.

Ainda relativamente à pandemia, Rio defende que se deve voltar à situação de confinamento se dentro de semana e meia o número de infetados com coronavírus voltar a aumentar. Uma decisão que reconhece terá um impacto muito grande do ponto de vista social porque já há pessoas com necessidades.

Por isso, para o líder do PSD o Orçamento suplementar será uma “mera constatação da realidade”. “A amplitude do PSD para aprovar o OE suplementar é muito grande”, garantiu. Já quanto ao Orçamento para 2021, Rio reconhece que a “a situação do país é muito difícil” e não será possível ser “tão rigoroso quanto aos princípios” do partido, porque há uma realidade que assim o exige. “Mas não vamos passar um cheque em branco. Venha a proposta e logo se vê”, afirma.

Criticaram tanto o tempo da troika, que existiu por culpa do PS, que baniram a palavra austeridade. Mas podem ir recuperar o aperto de cinto do tempo do Dr. Mário Soares.

Rui Rio

Líder do PSD

Quanto à necessidade de o país regressar à austeridade depois da crise de saúde, o líder do PSD, que comemora 45 anos esta quarta-feira, defende que se trata, “meramente, de uma questão de português. “Criticaram tanto o tempo da troika, que existiu por culpa do PS, que baniram a palavra austeridade. Mas podem ir recuperar o aperto de cinto do tempo do Dr. Mário Soares”, ironizou Rui Rio.

Para o líder do PSD, a retoma terá de ser feito privilegiando o investimento, mas preferencialmente o privado, alavancado por fundos comunitários, porque “investimento público com alto grau de importações cria emprego lá fora e a dívida fica em Portugal”, explica o responsável.

Finalmente, Rui Rio defende “uma intervenção estratégica na TAP”, mas “com limites”. “Se for só o Estado que lá mete dinheiro”, sem que os privados acompanhem o aumento de capital, “então, tem de ser o Estado a comandar a empresa”, sentencia Rui Rio. Não se trata de uma nacionalização, garante, “mas de um aumento de capital que o privado não foi capaz de acompanhar”.

“Mas isso também não quer dizer que o Estado lá fique eternamente”, frisa o líder do PSD. Para o responsável “são os impostos das pessoas que lá vão entrar” e por isso, a entrada do Estado na TAP deve ser feita com “um plano de negócios e contas como deve de ser”, defende Rui Rio

(Notícia atualizada)

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