O discurso de Ano Novo de Marcelo, ponto a ponto
Primeiro discurso de Ano Novo sublinhou a união dos portugueses como fator de sucesso e a necessidade de continuar o esforço pela estabilidade nacional e combate às desigualdades.
2016, balanço positivo
Para o Presidente, no discurso de Ano Novo devem ser sublinhadas as condições conseguidas ao longo do último ano. “É indesmentível que tivemos estabilidade social e política, que alcançámos até um acordo sobre salário mínimo, que os Orçamentos do Estado mereceram, a aceitação da União Europeia, que cumprimos as nossas obrigações internacionais, que trabalhámos para reforçar o sistema bancário, que compensámos alguns dos mais atingidos pela crise, que houve, da parte de mais responsáveis, uma proximidade em relação às pessoas, ao cidadão comum, partilhando os seus sonhos e anseios, as suas angústias e desilusões”, disse.
“Mas, tudo visto e somado, o balanço foi positivo. Entrámos em 2016 a temer o pior. Saímos, a acreditar que somos capazes de melhor”, disse o Presidente da República no discurso de Ano Novo.
Portugal como plataforma
Marcelo sublinhou a força e o poder do todo sobre as partes. “Há quase dez meses, ao tomar posse, recordei a nossa vocação de sempre, que é a de sermos mais do que dez milhões que vivem num retângulo na ponta ocidental da Europa. Somos e temos de ser uma plataforma entre culturas, civilizações e continentes, espalhados pelo mundo, capazes de criar diálogo, fazer a paz, aproximar gentes.”
A meio do caminho
Apesar de Marcelo Rebelo de Sousa sublinhar todas as concretizações do ano, “demos passos – pequenos que sejam – para corrigir injustiças e criámos um clima menos tenso, menos dividido, menos negativo cá dentro e uma imagem mais confiável lá fora, afastando o espetro de crise política iminente, de fracasso financeiro, de instabilidade social que, para muitos, era inevitável”, e apesar de ser tudo “obra nossa – de todos os portugueses”, o Presidente sublinha que ainda “muito (…) ficou por fazer”.
“O crescimento da nossa economia foi tardio e insuficiente. Alguns domínios sociais sofreram com os cortes financeiros. A dívida pública permanece muito elevada. O sistema de justiça continua lento e, por isso, menos justo, a começar na garantia da transparência da política. O ambiente nos debates entre políticos foi mais dramatizado do que na sociedade em geral”, sublinha no primeiro discurso de Ano Novo enquanto Presidente da República.
Mais amor-próprio
Marcelo Rebelo de Sousa atribui os bons resultados de Portugal ao aumento do “amor-próprio enquanto Nação”, sublinhando acontecimentos como a Cimeira Digital, o Euro 2016 e a eleição de António Guterres como Secretário-Geral das Nações Unidas que, juntos, contribuiram para a “afirmação do nosso papel no mundo”
“Quando queremos, nos unimos no essencial, e trabalhamos com competência, método e metas claras – somos os melhores dos melhores. E cumprimos o nosso destino, fazendo pontes, aproximando povos, chegando onde outros não chegam”, sublinhou o Presidente da República. Por isso, assinala ainda que a lição essencial a retirar é: “tivemos sucesso quando nos unimos. E assim será em 2017”.
Prioridades e foco
Antes de prosseguir o caminho, Rebelo de Sousa considera que é necessário “saber o que é preciso fazer primeiro”. “Os nossos princípios: acreditamos nas pessoas, no respeito da sua dignidade, das suas diferenças, dos seus direitos pessoais, políticos e sociais; acreditamos na democracia; acreditamos no Estado Social; acreditamos no dever de construir a solidariedade e a paz, na Europa onde nascemos, na Comunidade que fala português, que ajudámos a criar, no Atlântico, que atravessámos, nos novos mundos onde estivemos e estamos e que queremos unir cada vez mais”.
Com base nos princípios, Marcelo Rebelo de Sousa diz que o caminho para o novo ano é “simples”: “não perder o que de bom houve em 2016 e corrigir o que falhou no ano passado”, sublinhando a importância de fatores como “estabilidade política, paz e concertação, rigor financeiro, cumprimento de compromissos externos, maior justiça social, formação aberta ao mundo, proximidade entre poder e povo. Mas, ao mesmo tempo, completar a consolidação do sistema bancário, fomentar exportações, incentivar investimento, crescer muito mais, melhorar os sistemas sociais, mobilizar para o combate à pobreza infantil e curar de uma Justiça que possa ser mais rápida e, portanto, mais justa”. Por isso, o Presidente da República considera que, se 2016 foi um ano de gestão do imediato, estabilização política e “preocupação com o rigor financeiro”, “2017 tem de ser ano de gestão a prazo e do crescimento económico”.
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