BCP em mínimos na bolsa? “É um título muito apetecível” para quem quer apostar na queda da economia, diz Miguel Maya

Miguel Maya, presidente do BCP, justifica a desvalorização da ação do banco com a exposição à economia portuguesa e também aos movimentos de "short selling" que ganham com a queda da cotação.

O BCP tem transacionado em mínimos históricos nas últimas sessões da bolsa. Miguel Maya considera que a atual cotação não reflete o verdadeiro valor intrínseco do banco, mas antes a exposição a Portugal. Diz que é um “título muito apetecível” para os investidores que querem apostar na queda da economia portuguesa.

“Viram o que se passou hoje [terça-feira] em Espanha em relação ao mercado financeiro. Porque em Espanha e em Itália tiveram — a Itália ainda tem — o short selling proibido e em Portugal não esteve proibido o short selling. Quem quis apostar na desvalorização das economias do sul da Europa, o mercado aberto para fazer short selling era Portugal“, referiu o CEO do banco, explicando a queda de quase 2% registada na sessão desta terça-feira.

Para Miguel Maya, a atual cotação não reflete o valor do banco, mas antes a ligação ao risco soberano: “Uma coisa é o valor intrínseco do banco, está aqui demonstrado nos números que apresentei o valor do franchising do BCP. Outra coisa é: há um conjunto de fatores relacionados com o risco do próprio do país e da economia perante uma situação como a que estamos a enfrentar e que faz com que o título BCP seja muito apetecível para se poder fazer movimentos que não são suportados na evolução dos fundamentais do banco em situação de normalidade”.

"Há um conjunto de fatores relacionados com o risco do próprio país e da economia perante uma situação como a que estamos a enfrentar e que faz com que o título BCP seja muito apetecível para se poder fazer movimentos que não são suportados na evolução dos fundamentais do banco em situação de normalidade”

Miguel Maya

CEO do BCP

Miguel Maya também deu o exemplo do que aconteceu esta segunda-feira, em que o BCP disparou mais de 7%, num desempenho bolsista suportado pela conferência de imprensa de Macron e Merkel relativamente ao fundo de apoio à reconstrução europeia. “Esse fundo não vai engrossar a dívida dos Estados. Isso teve logo um impacto na ação do BCP”, explicou.

“Como temos uma ligação muito forte à economia, só o afastar um bocadinho dessa dívida adicional de a recuperação não ser colocada nos orçamentos dos Estados, a ação do BCP disparou mais de 7%. Não carregamos em nenhum botão na comissão executiva. Ontem não foi [feito] um grande negócio aqui no banco”, acrescentou.

O BCP fechou a sessão desta terça-feira a cotar abaixo dos dez cêntimos por ação. Já desvaloriza mais de 50% este ano, apresentando um valor de mercado de 1,38 mil milhões de euros.

Por causa das provisões para a crise da pandemia, que totalizaram os 78,8 milhões de euros, o BCP registou uma queda de 77% do lucro para 35,3 milhões de euros no primeiro trimestre.

Evolução das ações do BCP na bolsa de Lisboa

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