Teles nega ter recebido chumbo do BdP no EuroBic
Sócio de longa data da empresária angolana estava disponível para reforçar posição no EuroBic, mas antes da entrada do Abanca em jogo. Espanhóis ofereceram cerca de 170 milhões pelo banco.
Fernando Teles estava disponível para comprar a posição acionista de Isabel dos Santos no EuroBic, mas garante que esse cenário foi colocado no dia anterior ao aparecimento da oferta do Abanca e que, por isso, não chegou a ser discutido com o Banco de Portugal. É a resposta do empresário e sócio de Isabel dos Santos à notícia de que teria recebido o sinal negativo do supervisor a este negócio.
De acordo com informações recolhidas pelo ECO junto de fontes que conhecem o dossiê, Fernando Teles mostrou disponibilidade para ultrapassar o impasse acionista no EuroBic na sequência do Luanda Leaks e o fracasso das negociações com o Abanca, mas o acionista do banco, com 37,5% do capital, desmente os passos deste processo. “A possibilidade de avançar para a compra da posição da engª Isabel dos Santos é verdadeira, mas foi no dia anterior ao anúncio da oferta do Abanca, e por isso não houve discussões com o Banco de Portugal, nem qualquer chumbo”, diz Fernando Teles ao ECO.
O Banco de Portugal, questionado sobre este processo, esclareceu que “a autorização (que corresponde, em termos formais, a um procedimento de não oposição) para a aquisição de participações qualificadas em instituições de crédito para além de certos limites previstos na lei (artigo 102.º do RGICSF) é da competência do BCE, sob proposta do Banco Portugal”. Mas para que esse processo seja formalizado, é necessária “a apresentação de projeto pelos interessados que contenha todos os elementos de informação legalmente exigidos (vide artigo 103.º do RGICSF)”. E como o ECO já tinha noticiado, os acionistas do EuroBic não apresentaram uma proposta formal de negócio.
O banco galego liderado por Juan Carlos Escotet apresentou uma oferta inicial no valor de cerca de 240 milhões. Terá feito, posteriormente, uma proposta substancialmente mais baixa. O ECO apurou que os espanhóis apresentaram uma oferta a rondar os 170 milhões de euros, isto é, cerca de 0,3 vezes os capitais próprios do EuroBic, isto para refletir as conclusões da due diligence e também o impacto da pandemia de Covid-19. O valor não agradou aos acionistas angolanos do EuroBic e o processo ficou por terra.
Já esta quinta-feira, depois de confirmado o fim das negociações com o Abanca, Isabel dos Santos informou que já está a proceder à análise de “propostas de interesse que se manifestaram” para comprar a sua posição no banco português.
“A Santoro Finance e a Finisantoro mantêm a sua vontade de, nos termos legais competentes, dar continuidade ao processo de alienação de tal participação social, dando de imediato início à apreciação de outras propostas de interesse que já se manifestaram“, referiu Isabel dos Santos em comunicado divulgado esta quarta-feira. A empresária detém, através daquelas duas sociedades, 42,5% do banco português.
O restante capital está dividido por outros acionistas angolanos, nomeadamente Fernando Teles, que controla cerca de 37,5%.
O EuroBic obteve lucros de cinco milhões de euros nos quatro primeiros meses do ano. Depois de ter perdido cerca de 600 milhões de euros em depósitos no primeiro trimestre, devido ao impacto do Luanda Leaks, o banco registou um aumento dos depósitos na ordem dos 100 milhões de euros em abril e maio, segundo informações do banco à Lusa.
(Notícia atualizada às 08h54 com resposta oficial do Banco de Portugal).
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