Turbogás quer criar rede regional de hidrogénio verde no Grande Porto

Este projeto será enquadrado pela nova lei base para o setor do gás, que o secretário de Estado, João Galamba, anunciou esta sexta-feira que está pronta e será aprovada em breve.

O secretário de Estado, João Galamba, anunciou esta sexta-feira que está pronta e será aprovada em breve a nova lei base para o setor do gás, que permitirá enquadrar legalmente os novos projetos de produção de hidrogénio verde que estão a nascer em Portugal, muitos já identificados pela Estratégia Nacional para o Hidrogénio que se encontra em consulta pública até meados de julho. Galamba falava no fim de mais uma sessão de discussão com comunidades científicas e de investigação e inovação no INESCTEC, no Porto, depois de um primeiro evento que teve lugar no início da semana, em Lisboa.

De acordo com o governante, esta nova lei do gás vai permitir o licenciamento de projetos de produção, transporte e injeção na rede nacional de hidrogénio de origem renovável, produzido a partir de fontes solares ou eólicas. E que será para a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos um grande desafio, já que a partir de agora o regulador terá de olhar para as duas redes — elétrica e de gás — como uma só rede energética nacional.

“O hidrogénio é uma realidade que está a acontecer. É uma oportunidade e queremos ser líderes na Europa. Estamos em conversações com a Holanda e Alemanha, não estamos sozinhos nisto“, disse Galamba.

Desta nova lei beneficiará, entre outros, o projeto da Turbogás para produzir hidrogénio verde na central de gás natural da Tapada do Outeiro, com vista a abastecer, num prazo médio de cinco anos, a zona do Grande Porto, revelou Perfeito Isabel, da Turbogás.

A empresa quer descarbonizar o processo de combustão da central através da mistura de hidrogénio verde (10 a 15%) no gás natural queimado nas suas turbinas. Além disso, tem como objetivo criar um mercado regional de hidrogénio, para “facilitar a reconversão das indústrias e transportes públicos existentes na zona do Grande Porto”, contribuindo para que reduzam a sua pegada ambiental.

A central está localizada 20 km do Porto, junto à margem do Douro, no concelho de Gondomar. Tem três três unidades de ciclo combinado, num total de 1000 MW, acesso à água do Douro e capacidade de tratá-la, uma subestação elétrica e acessos rodoviários. Terá também um eletrolisador de 15 MW (que representa 30% do investimento no projeto) e numa primeira fase conseguirá produzir hidrogénio verde a partir da eletricidade da rede (verde, com garantias de origem) e depois de fontes renováveis.

O hidrogénio ali produzido será depois usado para abastecer veículos, para a indústria e para injetar na rede de gás, até uma percentagem de 5%. Nas palavras de Perfeito Isabel, trata-se de um “projeto totalmente alinhado com a estratégia nacional para o setor” e está previsto para 2024.

Do lado das redes de distribuição de gás, a REN garantiu neste evento que a “infraestrutura está preparada para esta transição” para os gases renováveis. Ainda que sejam necessárias “tubagens maiores”, a “adequação da infraestrutura é viável” e será feita em três fases, até uma injeção máxima de 10 a 15% de hidrogénio na rede.

A norte, há outras empresas a olhar para as oportunidades do hidrogénio, como o grupo Dourogás, a Caetano Bus, que já tem a circular no país o primeiro autocarro a hidrogénio, e a Martifer, entre outras.

Por seu lado, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Matos Fernandes, frisou que o “hidrogénio não é o filho bastardo” da transição energética em curso. E lembrou que Portugal foi o primeiro país do mundo a falar no assunto, pela voz de António Costa, em Marraquexe, em 2016.

“Sermos neutros em carbono em 2050 é o cenário em que a economia mais cresce, provando que pode haver um divórcio feliz entre a economia e as emissões. A década mais importante é a que começa agora. Vamos reduzir as emissões em 85% até 2050, mas já em 2030 a redução será já de 55%”, disse Matos Fernandes, frisando que Portugal não fica atrás dos sete mil milhões de investimento já anunciados pela Alemanha para o hidrogénio.

“Apostar na eletrificação do país, mas não basta. Há processos industriais que precisam de gases renováveis: indústria, transporte rodoviário pesado, marítimo. A produção de hidrogénio em Sines será o maior projeto industrial da próxima década, rumo a um futuro neutro em carbono” rematou o ministro, garantindo que Portugal tem “um bom nome na UE no que diz respeito ao hidrogénio”.

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