Tetra Pak investe 100 milhões para ser mais verde. Da fábrica em Portugal vão sair milhões de palhinhas de papel
Das cerca de 4 mil milhões de palhinhas que todos os anos a Tetra Pak produz, entre 500 e 600 milhões serão de papel e produzidas na fábrica da marca em Lisboa, cuja expansão está em curso.
Daqui a apenas um ano, em julho de 2021, as palhinhas de plástico vão ser completamente erradicadas na União Europeia. A pensar nisso, a sueca Tetra Pak tem já em marcha um ambicioso plano para produzir milhões de novas palhinhas de papel em Portugal. A fábrica de Lisboa já tem hoje uma capacidade instalada para produzir entre 500 e 600 milhões de palhinhas de papel por ano, estando a sua expansão em curso. A Tetra Pak quer ser mais verde e em todas as suas fábricas, a nível global, investiu 100 milhões de euros em novos equipamentos e na reconversão dos processos industriais, revelou ao ECO/Capital Verde Ramiro Ortiz, diretor geral da Tetra Pak Ibéria, um dos cinco mercados mais relevantes do grupo e o segundo na Europa.
Além de estar a investir, em plena crise económica causada pela pandemia, a Tetra Pak está também a contratar: a fábrica de palhinhas da marca em Portugal tem agora 70 colaboradores e prevê continuar a contratar nos próximos meses, mantendo um ritmo de trabalho non stop, 24 horas por dia, sete dias por semana. Mesmo durante os meses de confinamento em Portugal, a fábrica nunca parou e continuou a sua transformação para para um futuro menos carbónico. Em marcha está também um plano para instalar painéis solares na unidade industrial nos arredores de Lisboa.
Depois de em 2019 ter sido a primeira empresa da Europa a oferecer uma alternativa viável às palhinhas de plástico, com o lançamento de produtos fabricados exclusivamente em material reciclado e certificado pelo FSC (Forest Stewardship Council), neste momento 20 a 30% da produção da fábrica em Lisboa já diz respeito às palhinhas de nova geração, feitas de papel resistente e capaz de perfurar as embalagens que as acompanham.
No futuro, das cerca de 4 mil milhões de palhinhas que todos os anos a Tetra Pak produz, entre 500 e 600 milhões serão de papel e produzidas por cá. A procura está a crescer e, se tudo correr bem, garante Ramiro Ortiz, daqui a seis meses, em janeiro de 2021, poderão estar a ser produzidas as últimas palhinhas de plástico de sempre nesta unidade industrial da marca em território português. Além da fábrica de Lisboa, a Tetra Pak Ibérica tem mais duas fábricas em Espanha, uma de tampas e outra de embalagens.
“Este investimento vai ser importante para o futuro da Tetra Pak e também para a economia portuguesa. Estamos a aumentar a produção no país, vamos contratar e esta fábrica vai fornecer palhinhas de papel para toda a Europa e não só. É a única no mundo onde estamos a fazer investimentos para produzir esta nova geração de palhinhas”, explicou o diretor-geral da Tetra Pak Ibéria.
Parte do investimento global de 100 milhões de euros para converter as fábricas da marca foi também destinado a investigação e desenvolvimento (I&D): para já as novas palhinhas de papel são retas, adaptam-se às embalagens que a Tetra Pak já tem no mercado e comprem as normas de segurança alimentar na Europa e nos Estados Unidos, para onde são exportadas.
“O próximo passo é desenvolver uma palhinha em papel em formato de U, ou articulada. É um desafio grande. O produto está neste momento em testes e vai ser lançada no mercado no segundo semestre de 2020. É importante para travar a fuga dos consumidores para outras embalagens mais poluentes que as de cartão”, defende Ramiro Ortiz, contando que “o plástico que envolve as palhinhas também vai passar a ser de papel e não se vai destacar da embalagem, como agora. Tudo isto traz desafios para a cadeia de valor e de produção”.
Do plástico verde às palhinhas de papel
Além das palhinhas de papel, Portugal foi um dos primeiros países onde a Tetra Pak lançou a suas novas embalagens com plástico “verde”, cuja origem não é o petróleo mas sim a cana-de-açúcar, o que resulta em menos 30% de emissões de carbono. São embalagens com 90% de materiais de fontes vegetais e renováveis. “Queremos chegar aos 100%”, diz Ortiz, acrescentando que “a ideia é alargar o plástico verde a todas as embalagens, não só de leite como de sumo”.
Em breve, as embalagens terão também códigos QR que vão permitir uma maior conectividade com os consumidores: basta fazer scan com o telemóvel para saber que o papel contido na embalagem provém de florestas certificadas e que o plástico da tampa é feito a partir de cana-de-açúcar. Neste momento, as embalagens da Tetra Pak já têm cerca de 70% a 75% de materiais renováveis.
“O novo compromisso é o de reforçar da viagem que já se vinha a fazer. Em 2010 houve o compromisso de não aumentar mais a pegada de carbono até 2020, apesar do crescimento do negócio. O que verificámos é que conseguimos reduzir as emissões poluentes nas operações da empresa, mesmo com o crescimento da produção e das vendas. Em maio deste ano assinámos o compromisso com o Green Deal da Comissão Europeia, para chegar a 2050 com zero emissões de carbono na cadeia completa, onde se inclui não só as operações da Tetra Pak (até 2030 serão neutras em carbono) mas também fornecedores e consumidores, até à reciclagem”, diz o diretor-geral da Tetra Pak Ibéria.
Com um investimento de 16 milhões de euros na matriz energética e mais de 8000 painéis solares já instalados nas várias fábricas (2,7 MW de energia solar fotovoltaica), a empresa aposta também em comprar energia verde aos seus fornecedores. “Pagamos uma fatura mais cara para termos eletricidade verde. Em 2014, tinham 20% da energia renovável a nível global, em 2019 já era 69% e em 2020 vai chegar a 80%. Investir muito nisto para chegar a 2030 com zero carbono”, diz Ortiz, que sublinha também a aposta em produtos e equipamentos que emitem menos CO2 e exigem menos consumo de água (redução para metade, de 96 mil para apenas 48 mil litros numa semana) e de energia (-67%).
Na opinião do responsável, no universo das embalagens, as de cartão já são a melhor opção em termos de pegada carbónica, por comparação com uma lata, uma garrafa de plástico, uma garrafa de vidro. “Reduzir o plástico já é uma vantagem. Mas a Tetra Pak não para aí. Agora está focada em reduzir as camadas que não são de papel, aumentar os materiais de fontes renováveis e facilmente recicláveis, diminuir o alumínio. A meta é ter uma embalagem 100% de fontes renováveis, 100% reciclada”.
Em 2019, a Tetra Pak lançou em Portugal a campanha “Boa Embalagem para um Planeta Melhor” dirigida aos consumidores, inaugurou em Lisboa a sua linha europeia de produção de palhinhas em papel, atingiu a meta de 500 mil milhões de embalagens certificadas pelo Forest Stewardship Council (FSC) a nível global e tornou-se pioneira na utilização de polímeros de origem vegetal certificados, substituindo um recurso de origem fóssil por um renovável na produção das suas embalagens.
Líder mundial em soluções de processamento e embalagem alimentar, a Tetra Pak conta com 25.000 colaboradores em mais de 80 países. “Há dez anos estabelecemos a meta de reduzir as emissões de carbono da totalidade da nossa cadeia de valor em 2020 aos níveis registados em 2010, assegurando simultaneamente o crescimento dos nossos negócios. Tal resultou numa economia de 12 milhões de toneladas de emissões de gases poluentes até à data. Acreditamos firmemente que, graças ao nosso compromisso para com a inovação e colaboração, nos encontramos no caminho certo para alcançar o nosso ambicioso objetivo de zero emissões até 2050”, remata Ramiro Ortiz.
(Correção: Na versão inicial desta notícia foi escrito que o investimento de 100 milhões de euros da Tetra Pak seria na sua fábrica em Portugal, quando na realidade se trata de um investimento a nível global; estava também escrito que a fábrica já está neste momento a produzir 500-600 milhões de palhinhas de papel por ano, quando na realidade se trata da capacidade total instalada; era também noticiado que a fábrica tem 100 colaboradores e vai crescer este ano para 210 trabalhadores, quando são apenas 70 colaboradores. Estes erros tiveram origem em informações incorretas fornecidas pela empresa ao ECO. Pelo sucedido pedimos desculpa aos nossos leitores)
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