Lixo eletrónico bateu recordes em 2019. E vai continuar a aumentar no mundo

  • Lusa
  • 2 Julho 2020

A quantidade de lixo eletrónico gerado em 2019 atingiu o recorde de 59 milhões de toneladas, marcando um aumento de 21% em apenas cinco anos.

A quantidade de lixo eletrónico gerado em 2019 atingiu o recorde de 59 milhões de toneladas, marcando um aumento de 21% em apenas cinco anos, segundo o organismo de monitorização das Nações Unidas.

Num relatório publicado hoje, o Monitor Global de Lixo Eletrónico prevê que a quantidade de desperdício atinja 81,5 milhões de toneladas em 2030, quase o dobro do que acontecia em 2014, tornando-o o desperdício doméstico que mais aumenta, devido ao cada vez maior consumo de equipamentos elétricos e eletrónicos que duram pouco tempo e não são fáceis de reparar.

Apenas 17,4% do lixo eletrónico produzido em 2019 foi recolhido para reciclagem, o que significa que pelo menos 50,6 mil milhões de euros em materiais valiosos como ouro, cobre ou platina foram queimados ou foram parar a aterros, um valor superior ao produto interno bruto da maior parte dos países do mundo.

A maior parte deste tipo de lixo produzido em 2019 veio da Ásia — 26,4 milhões de toneladas, seguida do continente americano — 14,3 milhões –, da Europa — 13,2 milhões. África gerou 2,2 milhões de toneladas e a Oceânia 771 mil toneladas. Apesar destes números, é na Europa que se gera mais lixo eletrónico per capita: 16,2 quilos por pessoa, seguindo-se a Oceânia (16,1 quilos), América (13,3 quilos), Ásia (5,6 quilos) e África (2,5 quilos).

A maior parte do lixo de 2019 é composto por pequenos equipamentos (18,7 milhões de toneladas), equipamentos de grande dimensão (14,3 milhões), equipamento de climatização ou frio (11 milhões), ecrãs e monitores (6,6 milhões), equipamentos informáticos pequenos (4,4 milhões) e equipamentos de telecomunicações (992 mil toneladas)

O peso de todo o lixo eletrónico de 2019 é superior ao de todos os adultos na Europa, igual a 350 navios de cruzeiro. No lixo eletrónico há resíduos perigosos, com aditivos tóxicos ou mercúrio, prejudicial para o cérebro humano, cujo volume produzido anualmente se estima em 50 toneladas, distribuídas por produtos como monitores de computador ou lâmpadas.

O lixo eletrónico também contribui para o aquecimento global, assinala o Monitor, indicando que só em 2019, os frigoríficos e ares condicionados deitados para o lixo libertaram 108 milhões de toneladas de dióxido de carbono para atmosfera, cerca de 0,3 por cento

O problema do lixo eletrónico é “um grande e silencioso risco emergente para a saúde das gerações atuais e do futuro”, afirmou a diretora do Departamento de Alterações Climáticas e Saúde da Organização Mundial de Saúde, Maria Neira. “Uma em cada quatro crianças no mundo morre por causa de exposição a riscos ambientais evitáveis”, assinalou.

O reitor da Universidade das Nações Unidas e subsecretário geral da organização, David Malone, afirmou que são necessários “esforços substancialmente maiores para garantir uma produção, consumo e reciclagem mais inteligentes dos equipamentos elétricos e eletrónicos”.

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