Endesa com lucros de 1,1 mil milhões até junho, acelera fim do carvão na Península Ibérica
Com a central do Pego "praticamente parada”, a Endesa está a estudar alternativas renováveis para o local. Em Espanha fecharam duas centrais a carvão em junho e vão fechar mais duas em 2021.
A Endesa registou no primeiro semestre de 2020 lucros de 1.128 milhões de euros, mais 45,4% do que em igual período do ano passado. Os resultados registados pela empresa espanhola até junho refletem o impacto da entrada em vigor do novo Acordo Coletivo e do registo das provisões para insolvências, que geraram um impacto líquido positivo de 267 milhões de euros. Excluindo esse impacto extraordinário, o aumento no resultado líquido é de 11% e 861 milhões de euros, segundo os resultados que foram comunicados esta terça-feira pela elétrica à Comissão Nacional de Mercado de Valores (CNMV).
A empresa sublinhou também o fecho antecipado de duas centrais a carvão na Península Ibérica, neste período. Até 2022 encerrarão as restantes. Dos investimentos previstos de 7.700 milhões de euros entre 2019 e 2022, 5.200 milhões serão dedicados ao processo de descarbonização. Neste momento, as receitas associadas à produção de eletricidade a partir do carvão não chegam a 1% do total de vendas.
Nas renováveis, 72% do investimento no desenvolvimento de ativos será destinado a estas energias não poluentes (188 milhões de euros). A capacidade instalada renovável em Portugal e Espanha aumentou 14% nestes seis meses, em relação ao mesmo período do ano anterior, com quase 90% da produção nos dois países foi isenta de emissões poluentes.
No passado dia 30 de junho a Endesa encerrou as suas centrais a carvão importado na Galiza (central As Pontes, na Corunha) e na Andaluzia (central Carboneras, em Almería), coom uma potência instalada conjunta de 2,1 GW, o que representa mais de 43% da capacidade a carvão. “As centrais foram formalmente desconectadas, o que é um passo decisivo na eliminação gradual do carvão”, informou a empresa em comunicado. Agora, a elétrica quer desenvolver nas imediações das centrais encerradas projetos renováveis com 3 GW, num investimento de cerca de 2,8 mil milhões.
Na Galiza, 1,5 GW de produção de energia elétrica a carvão serão substituídos pela mesma potência renovável, entre 2020-2026, com um investimento de cerca de 1.580 milhões de euros. Para a Andaluzia, a Endesa planeia a construção de cerca de 1,5 GW de energia solar e eólica em Almería, onde está localizada a central, com um investimento de cerca de 1.200 milhões de euros, e mais 2,5 GW de renováveis em toda a Andaluzia.
Já em julho, a Direção Geral de Política Energética e Minas de Espanha autorizou a Endesa a fechar as centrais a carvão de Teruel (1 GW), em Andorra, e dos grupos 3, 4 e 5 (1 GW) da central Compostilla II, (León). A empresa tem agora 12 meses para encerrar em definitivo estas unidades poluentes.
Em Portugal está agora em causa a central a carvão do Pego, parcialmente detida pela Endesa e cujo fecho está marcado para o final de 2021, como já tinha sido anunciado pelo Governo de António Costa. Esta central quase não produz eletricidade a carvão desde 14 de março. Ao Dinheiro Vivo, o presidente da Endesa Portugal admitiu que a central “tem estado praticamente parada”, estando a ser estudadas “diferentes alternativas, desde o solar, ao eólico, passando pela biomassa e pelo próprio hidrogénio”, como forma de aproveitar os pontos de ligação à rede disponíveis no Pego e de mitigar o impacto social do encerramento da central. “É um aspeto em que temos vindo a ganhar experiência com o fecho de centrais de carvão em Espanha”, disse.
A Endesa estima que no primeiro semestre do ano já “absorveu a maioria dos efeitos” do Covid-19 e não espera impactos adicionais “relevantes” no segundo semestre, planeando mesmo acelerar em 30% os investimentos contidos no plano estratégico para 2021-2022, para os 7.500 milhões de euros, o que representa um acréscimo de 1.700 milhões de euros. A empresa prevê um segundo semestre “mais normalizado, o que permitirá manter as previsões para 2020 de um EBITDA de aproximadamente 3.900 milhões de euros e um lucro líquido ordinário de aproximadamente 1.700 milhões de euros.
Com a queda na procura (-7,8% em Portugal e Espanha) e nos preços associados (-44%), juntamente com as provisões para insolvências impostas por lei, a Endesa estima que os efeitos do COVID-19 tiveram um impacto negativo de cerca de 100 milhões de euros em EBIT (lucros antes dos juros e impostos) e cerca de 75 milhões de euros ao nível do lucro líquido. Na Península Ibérica a procura de energia elétrica caiu 7,8% no semestre em relação ao mesmo período de 2019.
O CEO da Endesa, José Bogas, destaca que “apesar das circunstâncias complicadas, a empresa mostrou grande força num contexto para o qual não tínhamos referências anteriores. Não apenas nos negócios e contas da empresa, mas no apoio que a Endesa deu a instituições e cidadãos nos momentos mais críticos. E agora, com um cenário económico complicado, queremos continuar a ajuda na recuperação da economia, mantendo e até acelerando investimentos planeados, ajudando a criar empregos e gerar riqueza; e lutando para que seja feito da maneira mais sustentável possível”.
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