Bloco ataca credibilidade da auditoria da Deloitte ao Novo Banco
"O facto de a Deloitte não referir na sua auditoria que assessorou o Novo Banco na venda da GNB Vida coloca em causa a auditoria", referiu Mariana Mortágua.
O Bloco de Esquerda questiona a credibilidade da auditoria da Deloitte ao Novo Banco, depois de se saber que a auditora também atuou como assessor financeiro do banco na venda da seguradora GNB Vida a um fundo com ligações a investidor condenado por corrupção. A deputada Mariana Mortágua desafiou o primeiro-ministro e o Presidente da República, que ainda não fizeram declarações sobre a auditoria, a pronunciarem-se sobre o assunto.
“Além de a auditoria não referir as perdas associadas da venda da GNB Vida, nem as associações do comprador a um corrupto condenado [Greg Lindberg], a Deloitte também não refere que a Deloitte foi assessor financeiro do Novo Banco para a venda à Apax Partners”, disse esta sexta-feira Mariana Mortágua em conferência de imprensa.
Além de a auditoria não referir as perdas associadas da venda da GNB Vida, nem as associações do comprador a um corrupto condenado [Greg Lindberg], a Deloitte também não refere que a Deloitte foi assessor do Novo Banco para a venda à Apax Partners.
“O facto de a Deloitte não referir na sua auditoria que assessorou o Novo Banco na venda da GNB Vida coloca em causa a auditoria. Colocam-se estas perguntas: como pode um consultor de uma venda auditar de forma independente essa venda? Não pode. Que credibilidade tem a auditoria? Não tem”, sublinhou a deputada do Bloco.
O Jornal Económico (acesso pago) avança esta sexta-feira que a Deloitte, contratada para realizar a auditoria especial aos atos de gestão no BES e Novo Banco, entre 2000 e 2018, também foi assessor financeiro do banco na venda a seguradora a fundos geridos pela Apax, por 123 milhões de euros. Como refere o ECO esta sexta-feira, o banco emprestou 60 milhões de euros à Apax nesta transação gerou uma perda de 250 milhões.
Mariana Mortágua lembrou aquilo a que chamou de “negociata descarada” depois de o banco ter fechado a venda da seguradora por 190 milhões de euros em 2018 e, depois de uma suspensão da operação, o negócio ter sido concluído por apenas 123 milhões de euros, já em 2019. Mais: a deputada também mencionou as “associações” da Apax Partners a Greg Lindberg, que foi condenado por corrupção, ligações que o banco já veio a público rejeitar.
Neste ponto, Mariana Mortágua apontou baterias ao Fundo de Resolução e ainda à Autoridade de Seguros e de Fundos de Pensões (ASF). “O Fundo de Resolução aceitou a operação de fachada montada pelo Novo Banco e, para se justificar, aponta para a responsabilidade da ASF, que também diz que não viu nada, e aponta ainda responsabilidades para a auditoria da Deloitte”, disse.
“A auditoria da Deloitte certamente agradou ao Fundo de Resolução e foi festejada pelo administrador do Novo Banco, menciona o negócio [da venda da seguradora em 2019], apesar de a auditoria acabar o seu âmbito em 2018”, expôs ainda Mariana Mortágua.
O Bloco avançou esta semana com um projeto para uma comissão parlamentar de inquérito para apurar as causas dos prejuízos reportados pelo Novo Banco desde o momento da resolução, bem como os mecanismos que levaram à imputação dessas perdas ao Fundo de Resolução.
(Notícia atualizada às 11h35)
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