Gigantes do imobiliário fora do maior salão do setor em plena pandemia

Em tempos de pandemia, as principais empresas imobiliárias optaram por não marcar presença naquele que é o maior salão imobiliário da Península Ibérica.

Vivem-se tempos difíceis e nem o setor imobiliário escapou aos impactos da pandemia. Ainda assim, o maior salão ibérico do setor não deixou de acontecer, garantindo que cumpre todas as regras de segurança. Contudo, as maiores empresas ligadas ao imobiliário optaram por não estar presentes — pelo menos com expositor –, por considerarem que este ano o investimento não iria compensar. Já do lado de quem não quis abdicar de marcar presença, a justificação é que este é um momento de ter “sentido de responsabilidade” e de não ser “oportunista”.

Remax, ERA, Keller Williams, Vanguard Properties, Grupo SIL, Bexis Red, Habitat Invest, Solyd e Krest Real Estate Investments. Estão são algumas das mais conhecidas agências e promotoras imobiliárias que estiveram presentes na edição de 2019 do Salão Imobiliário de Portugal (SIL), mas que este ano, naquela que é a 23.ª edição (que começou a 8 e termina a 11 de outubro), decidiram não arriscar. E os motivos são comuns.

Salão Imobiliário de Portugal (SIL) de 2019.Rita Neto/ECO

“A Vanguard Properties decidiu não estar presente nesta edição em virtude da incerteza decorrente da pandemia”, explica ao ECO o diretor-geral da empresa, José Cardoso Botelho. “Em 2019, a nossa presença foi uma das maiores no SIL, tendo como destaque o nosso projeto Infinity. Para 2020, tínhamos pensado numa presença ainda maior, com dois mega espaços. Porém, face à imprevisibilidade da situação, o valor do investimento, e o que implicava em termos de recursos humanos e logística, concluímos que o risco de não ter o retorno pretendido era demasiado elevado“.

O ECO falou com uma fonte oficial de outra empresa que optou por não estar presente, tendo esta referido que já se antecipava que o evento não iria ter muita procura por parte de compradores este ano, daí não compensar o investimento.

O ano passado o evento — que se realizou na FIL do Parque das Nações — contou com 380 expositores e mais de 24.000 visitantes, naquela que foi a “maior adesão da última década”, segundo a organização. Mas, este ano, os números são menos animadores. No site do evento contam-se 42 expositores, sendo que nem todos são de empresas imobiliárias. O ECO questionou a organização do SIL para saber o número exato de empresas aderentes, bem como o número de visitantes esperado, mas esta disse que apenas podia adiantar números no final do evento.

Contudo, houve quem decidisse ser resiliente e arriscar, como é o caso da Century 21 (C21). Em conversa com o ECO, o presidente executivo da imobiliária reconhece que a presença da C21 no SIL trazia uma “expectativa moderada”, mas que “este não é, claramente, um momento de as empresas serem oportunistas”. “Temos de ter sentido de responsabilidade para fazer acontecer as coisas”, afirma Ricardo Sousa.

Ao fim de dois (de um total de quatro) dias de evento, o responsável nota que “cada vez mais tem de se optar por soluções híbridas”, uma componente na qual a organização do SIL este ano se focou. O salão apostou num evento presencial e numa forte componente tecnológica, permitindo aos interessados participar em conferências virtuais ou agendar reuniões com investidores através de uma plataforma virtual.

Investir em tecnologia e manter uma “relação mais híbrida” com os clientes

Os impactos da pandemia no imobiliário são inquestionáveis mas, ainda assim, a maioria das empresas diz que os efeitos foram menos significativos do que o esperado. Mas claro, após o desconfinamento, em meados de junho. Para a Vanguard Properties, agosto e setembro foram “os melhores meses de vendas de sempre” e José Cardoso Botelho garante que “o país continua atrativo internacionalmente”.

O mesmo diz Ricardo Sousa, que nota a “clara subida da procura e de transações durante o desconfinamento”. Na C21, diz o responsável, o volume de negócios em agosto e setembro “já foi superior à totalidade do ano de 2019”. E o mundo online deu uma forte ajuda. “A nível online vemos que está bastante ativo. As pessoas têm investigado imenso”, diz o CEO da C21, referindo que a empresa está “bastante preparada para esta nova realidade”.

“Temos uma relação mais híbrida com os clientes: apostámos nas plataformas digitais, mas também no contacto físico”, explica, referindo que a aplicação lançada no ano passado pela C21 também tem sido fundamental no processo de compra e venda de casa.

Do lado da Vanguard Properties, José Cardoso Botelho adianta que a empresa “investiu num conjunto sofisticado de ferramentas, num site de alta performance, CRM customizado e num significativo investimento na promoção no online e offline”. Temos ferramentas e uma estratégia digital que permite o contacto permanente com os nossos mercados potenciais, particularmente estrangeiros, de forma a colmatar a falta de visitantes que tivemos nos últimos anos”, diz o responsável.

O CEO da Vanguard afirma que “investir em novas tecnologias e continuar a desenvolver um trabalho criterioso” e, ao mesmo tempo, “conceber produtos bem estruturados e credíveis” é o importante para dar a volta aos efeitos provocados pela pandemia.

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