Elétricas exploram novo filão dos painéis solares à boleia dos apoios do Governo

EDP, Galp e Iberdrola estão focadas no negócio de venda e instalação de painéis solares para consumidores residenciais. O lançamento de novas soluções para condomínios já está na calha para 2021.

Há um novo filão por explorar para as empresas energéticas em Portugal. À boleia das comunidades de energia e do autoconsumo de eletricidade amplamente promovido pelo Governo, a que se somam ainda os 4,5 milhões de euros do Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis, EDP, Galp e Iberdrola estão agora a apostar em força no negócio de venda e instalação de painéis solares para consumidores residenciais.

Para já o foco é nas vivendas individuais ou geminadas, estando o lançamento de novas soluções para condomínios na calha já para 2021.

Esta semana, a EDP avançou com uma nova campanha para promover a venda de sistemas fotovoltaicos junto da sua carteira de clientes domésticos — um painel solar instalado no telhado de casa por 763 euros, ou 15,90 euros por mês durante quatro anos, com a oferta de um desconto de 10% em energia verde.

Recentemente, Vera Pinto Pereira, CEO da EDP Comercial, disse na Mobi Summit que a empresa tem “registado um crescimento assinalável nesta área, com quase 100 MW instalados em casa dos clientes”. Até 2025 a EDP tem a ambição de “construir” 15 mil bairros solares, comunidades que “aumentam o mercado potencial em 1 GW”. Nos bairros solares, um produtor com painéis solares no seu telhado, terreno ou condomínio pode multiplicar os destinatários, como os vizinhos ao seu redor, baixando custos para todos, explicou a responsável.

Concorrente direta da EDP, a Iberdrola também surge na mesma semana com a comunicação do reforço da sua oferta Smart Solar. A espanhola diz que expandiu o seu portefólio fotovoltaico e garante que baixou os preços — em linha com os descontos que tem vindo a obter na compra de painéis solares no mercado internacional. Além disso, somou ainda aos planos solares para o segmento residencial o serviço de monitorização do equipamento e da produção de energia pós-venda.

Pedro Torres, diretor da área de Smart Solar da Iberdrola garante ao ECO/Capital Verde que “há bastante procura” por painéis solares e que este reforço da oferta “não se prende com a concorrência”, mas sim com a ambição de expandir a carteira de clientes neste segmento de negócio. A Iberdrola não revela o número atual de clientes com energia solar, nem o número de instalações fotovoltaicas ou a potência total instalada, mas diz que quer “duplicar as vendas de painéis em 2021”, um objetivo que podia ter sido alcançado já este ano e que a pandemia de Covid-19 veio travar. Também para o próximo ano Pedro Torres promete o lançamento de uma nova oferta solar para condomínios.

Para já, e para conseguir engordar a carteira e convencer os clientes a aderir às ofertas Smart Solar, a Iberdrola usa argumentos de peso: os mais recentes incentivos à instalação de painéis solares por via do financiamento direto do Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis do Fundo Ambiental, no âmbito do qual a instalação de painéis fotovoltaicos conta com uma subvenção de 70%, até um limite máximo de 2.500 euros. “A Iberdrola é já parte de todos os portais oficiais do programa, estando devidamente certificada”, sublinha a empresa, em comunicado.

Petrolífera Galp entra na corrida à venda de painéis solares

Este reforço de comunicação da oferta solar tanto por parte da EDP como da Iberdrola segue-se ao anúncio, na semana passada, da criação da empresa EI – Energia Independente, 100% detida pela Galp, que nasceu com o objetivo de pôr os portugueses a produzir a sua própria energia a partir do sol. “Se tem um telhado, tem um negócio. Ao produzir a sua própria energia, obtém rendimento desde o primeiro dia”, promete.

A petrolífera quer apostar mais nas energias renováveis e com este novo negócio de venda e instalação de painéis solares promete aos clientes uma taxa de retorno até 25% e investimento recuperado em 5 anos. Para já, a EI tem a decorrer um projeto-piloto com cerca de 200 clientes e instalações fotovoltaicas ainda em fase de testes. A Galp não revela preços, para já, mas oferece modalidades de pagamento flexíveis, sem exigência de um avultado investimento inicial.

O mesmo acontece com a EDP e a Iberdrola: a primeira refere pagamentos em 48 mensalidades na fatura de energia, sem juros; e a segunda prestações até 36 meses, também sem juros.

Na sua nova campanha, a EDP Comercial refere que o oferta de energia solar é exclusiva para clientes residenciais que contratem o fornecimento de energia com a empresa. As instalações fotovoltaicas podem ir de um a 10 painéis solares e no seu site a empresa dispõem de um simulador em que pode introduzir a sua morada e simular a poupança com a instalação de painéis solares. Até três painéis os clientes pagam mais 5 euros por mês pelo sistema de monitorização, sendo este gratuito com quatro ou mais painéis.

Por exemplo, para uma moradia em Alcabideche, em que uma família com três pessoas esteja todo o dia em casa, com uma potência contratada de 6,9 kVA e uma fatura de luz de 101,42 euros, a EDP recomenda a instalação de três painéis solares (num total de 0,81 kW, que ocupam 4,8 m² no telhado). A poupança anual na fatura situa-se entre 317 e 359 euros. Por ano esta família pode evitar emissões de CO2 na ordem dos 249 kg.

Neste caso, o orçamento apresentado pela EDP ao cliente é de 1771,2 euros a pronto pagamento ou 36,9 euros por mês durante 48 meses. Aqui, com uma candidatura aos apoios do Fundo Ambiental, esta família poderia recuperar 1240 euros (70%) do seu investimento inicial em painéis solares.

Para o segmento residencial, a Iberdrola tem uma oferta base — até seis painéis solares ou 1,62 kW, com oferta do sistema de monitorização a partir do terceiro — e uma versão “plus” — para vivendas maiores ou pequenos negócios, até 10 kW ou 26 painéis solares, já com monitorização pós venda incluída. Quanto aos preços vão desde 752 euros (ou 20,90 euros por mês) para um único painel e 2984 euros (ou 36 prestações mensais de 82,90) para seis painéis, em tarifa monofásica.

Clientes podem simular sistemas fotovoltaicos online

Mais recente no mercado, a EI – Energia Independente quer “selecionar os melhores telhados em Portugal e Espanha e aí instalar painéis solares”. A nova empresa da Galp vai vender e instalar painéis solares para os dois mercados ibéricos, oferecendo também serviços de monitorização, manutenção e controlo remoto da produção e consumo pós-venda. “Sabemos que há muitas empresas no mercado, mas queremos distinguir-nos pela tecnologia e rentabilidade dos nossos projetos”, disse Ignacio Madrid, CEO da EI.

Ao nível das potenciais poupanças, com base em casos reais do projeto-piloto, a empresa prevê uma redução de 28 euros por mês (de 101 para 73 euros) na fatura de um cliente doméstico da região de Lisboa, com autoconsumo. Já num negócio, como o de uma gasolineira em Málaga, com painéis solares instalados na cobertura, a poupança na fatura da luz pode chegar a quase 860 euros por mês (de 2.957 para 2.098 euros).

A EI desenvolveu também um simulador que em apenas 30 segundo revela se se o telhado de uma casa serve ou não para pôr painéis solares. Esta ferramenta permite introduzir a morada num mapa, selecionar o espaço no telhado e comunicar o seu consumo aproximado. Com estes dados, a plataforma apresenta então um primeiro orçamento aproximado e uma indicação de possíveis poupanças. “Este simulador permite que sejamos muito precisos nas propostas comerciais que fazemos aos nossos clientes”, diz o CEO da nova empresa.

Para já, os condomínios ficam fora da oferta da EI por motivos de “complexidade administrativa”, com a empresa a prometer novidades para o próximo ano.

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