Banca vê estabilização no crédito à habitação e maior procura no consumo
A par da estagnação nos empréstimos às famílias, os bancos antecipam que a procura por parte das empresas continue a diminuir, especialmente entre as PME.
Após o aperto no arranque da pandemia, a concessão de crédito a empresas e famílias tem vindo a recuperar nos últimos meses. Para o quarto trimestre do ano, os bancos antecipam uma estagnação nos empréstimos à habitação, mas não do crédito ao consumo, que esperam que continue a crescer. Já para as empresas, os bancos anteveem uma diminuição da procura.
No terceiro trimestre do ano, a procura por crédito por parte de particulares “aumentou ligeiramente” no segmento da habitação e permaneceu inalterada no consumo, revela o inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito divulgado pelo Banco e Portugal.
“O nível geral das taxas de juro contribuiu para aumentar a procura, especialmente de empréstimos à habitação, e, em sentido contrário, a confiança dos consumidores contribuiu para a sua diminuição, sobretudo no segmento do consumo“, diz. Para o quarto trimestre de 2020, os bancos anteveem uma inversão: um aumento da procura de crédito ao consumo e uma estabilização da procura de crédito à habitação.
Já em relação às empresas, as instituições financeiras explicam que a procura diminuiu ligeiramente no terceiro trimestre. A quebra foi mais acentuada no caso de grandes empresas, “influenciada sobretudo pela redução das necessidades de financiamento de investimento e de financiamento para fusões/aquisições e restruturação empresarial”.
Até fim do ano, antecipam que a tendência de diminuição da procura de crédito por parte das empresas continue a agravar-se e que seja transversal a todos os tipos de empresas e maturidade do empréstimo, mas mais acentuada nas PME e nos empréstimos de longo prazo.
Maior risco aperta critérios de concessão
Se a procura por crédito tem sido fortemente influenciada pela pandemia, o mesmo é verdade para a concessão por parte dos bancos. No terceiro trimestre de 2020, “a perceção dos riscos associados à situação económica levou os bancos a aumentar ligeiramente a restritividade dos critérios de concessão de empréstimos a empresas e a particulares”, admitem.
Os critérios de concessão de crédito a empresas e a particulares tornaram-se “ligeiramente mais restritivos” face ao segundo trimestre do ano devido à maior perceção e a menor tolerância de riscos por parte dos bancos. No crédito a particulares, a perceção de riscos associados à situação e perspetivas económicas gerais contribuiu para o aumento da restritividade nos empréstimos à habitação e ao consumo.
Os bancos indicaram também uma menor tolerância de riscos nos empréstimos ao consumo. “Os termos e condições dos empréstimos à habitação e ao consumo permaneceram contudo praticamente inalterados. A proporção de pedidos de empréstimos rejeitados permaneceu essencialmente inalterada no crédito a empresas e no crédito à habitação mas aumentou no crédito ao consumo“, explica o supervisor na análise às respostas dos bancos.
Já no crédito a empresas destaca a perceção de riscos associados à situação e perspetivas em setores e empresas específicos e, em menor grau, de riscos associados à situação e perspetivas económicas gerais e às garantias exigidas. Neste segmento de crédito, os spreads aplicados nos empréstimos de maior risco aumentaram e a maturidade, as garantias exigidas e o montante do empréstimo tornaram-se ligeiramente mais restritivos.
Até final do ano, a expetativa é que não haja uma inversão desta tendência, pelo contrário. “Para o último trimestre de ano, os bancos antecipam critérios ligeiramente mais restritivos no crédito a empresas e praticamente inalterados no crédito a particulares”, acrescenta o BdP.
(Notícia atualizada às 12h40)
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