CEO da Cloudflare acusa Governo português de “incompetência” e ameaça “parar de investir” no país
Dirigindo-se ao primeiro-ministro português, Matthew Prince acusou o Governo de "incompetência" por causa da burocracia e ameaçou "parar de investir" no país.
O líder da tecnológica Cloudflare está desiludido com a decisão de abrir um escritório da empresa em Portugal. Num conjunto de publicações no Twitter dirigidas ao primeiro-ministro português, Matthew Prince acusa o Governo português de “incompetência”.
“Caro António Costa, quando a sua equipa promete trabalhar com as empresas em troca da transferência significativa de empregos para Portugal e mostra leis que suportam essas promessas; quando os burocratas recusam seguir essas leis e promessas — isso é ok? Sinto-me enganado”, começou por atirar o gestor da empresa.
Tweet from @eastdakota
A Cloudflare é uma empresa de tecnologia cotada em Nova Iorque, que fornece serviços de segurança para websites na internet. A tecnológica escolheu Lisboa para instalar um escritório em julho de 2019, tendo já 45 trabalhadores. Recentemente, anunciou a intenção de duplicar este número no país.
Porém, o líder da empresa está agora desapontado com o tratamento que tem recebido. “Estamos a contratar portugueses. Estamos a trazer dos melhores e mais brilhantes portugueses da diáspora de volta para Portugal. Estamos a importar alguns dos engenheiros mais inteligentes para ensinar os portugueses sobre tecnologias futuras. No entanto: somos bloqueados em cada esquina”, desabafou Matthew Prince, sem dar mais detalhes.
Ou o Governo corrige [esta burocracia] ou vamos parar de investir.
Admitindo estar “prestes a desistir” de Portugal, o cofundador da Cloudflare diz sentir que foi “enganado”. “Ou o Governo corrige [esta burocracia] ou vamos parar de investir. Ficaria curioso em saber quem investiu mais em Portugal desde a Covid-19 numa base salarial do que a Cloudflare”, acrescentou o gestor.
Apesar da escolha de Lisboa para receber estes investimentos, esta não é a primeira vez que Matthew Prince critica aspetos relacionados com Portugal. A 28 de dezembro de 2018, antes de tomada a decisão de investir no país, o fundador da Cloudflare veio à capital portuguesa para estudar a hipótese de abrir o escritório em Lisboa. Ficou uma hora retido na fila do SEF, pelo que comentou: “A fila de duas horas para passar a imigração não causa uma boa primeira impressão.”
Governo responde e pede “foco na solução”
Já depois da publicação desta notícia, o secretário de Estado da Transição Digital, André Aragão Azevedo, respondeu ao tweet do gestor da Cloudflare, apelando ao “foco na solução”.
“Contactei pessoalmente John Graham-Cumming, CFO da Cloudflare, para entender os fundamentos da queixa, que não foram claros desde o princípio. Acabei de receber um memorando a reportar a situação. Foquemo-nos na solução em vez de só fazer barulho”, atirou o governante numa publicação no Twitter.
Tweet from @AragAzevedo
(Notícia atualizada às 19h06 com resposta do Governo)
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