Na dst as conversas sobre materiais e técnicas de construção intercalam-se com citações de Aristóteles, Nietzsche e Fernando Pessoa. A Filosofia e a cultura valem tanto como o betão. Ou mais ainda.
É um dia normal e Hortelã caminha vagarosa na estrada que separa os dois campos de futebol do parque desportivo e o pequeno auditório recém-inaugurado no complexo do dstgroup, em Braga. É cedo, está sol, e a burra vai provando da erva que cresce por ali, sem reparar bem no avião verdadeiro suspenso por cabos de aço que ali foi pendurado há poucos meses. “É o Zenith, o voo dos sonhos. É o centro do centro”, aponta Raquel Sousa, gestora de relações institucionais, eventos e comunicação da empresa que é líder nacional na área da engenharia e construção.
O avião, uma obra assinada por Miguel Palma, foi resultado de uma conversa entre o artista e o engenheiro José Teixeira, presidente do conselho de administração da empresa, há mais de 12 anos. “Era um sonho dele já há muitos anos e finalmente foi concretizado”, conta Raquel.
O complexo da dst parece um museu a céu aberto. As unidades fabris das empresas do grupo misturam-se, num espaço com cerca de 20 hectares de área produtiva, com esculturas, murais, contentores feitos obras de arte e outras instalações artísticas e quadros. Centenas de quadros.
Na Avenida das Oliveiras há armazéns de um lado e de outro da estrada. Num dos portões que a ladeiam, entra-se no Jardim Teresa Gonçalves Gomes, criado em 2018 em memória e homenagem à matriarca da família, onde um pequeno olival foi transplantado há poucos dias.
“Não deitamos nada fora, reaproveitamos. Decidimos transplantar estas oliveiras que vieram de uma obra”, conta Raquel, apontando para as árvores que podem ver-se no terreno inclinado que serve de vista desafogada à fábrica da BySteelFS, empresa dedicada às fachadas de edifícios e uma das únicas que conta com maioria feminina na força de trabalho. No espaço do jardim, que comporta um parque de estacionamento circundado por uma área extensa relvada, há várias obras de arte e spots. O da meditação, benzido por D. Jorge, o bispo local, é um espaço aberto a todos e destino para quem quer pensar, meditar ou estar em silêncio.
As duas estruturas siamesas feitas em betão e vidro, que podiam bem encaixar para, juntas, serem uma casa fechada, têm apenas dois elementos decorativos: do lado esquerdo, um banco amarelo e vermelho com lugar para uma pessoa sentada em tempos de Covid. Do lado direito, uma cruz e uma placa onde, diariamente, é inscrita uma frase para reflexão. Nesta manhã de outono, Padre António Vieira “dá o sermão” aos visitantes. “Sabei cristãos que se vos há-de pedir estreita conta do que fizestes. Mas muito mais estreita do que deixastes de fazer”, lê-se.
As 70 empresas que fazem parte do grupo contabilizam negócio em 25 mercados e contam com mais de 2.000 trabalhadores. No complexo de Braga estão a maioria deles. Fundada nos anos 40 como empresa de engenharia e construção, só 30 anos mais tarde o dstgroup lançou a segunda área de negócio, a metalomecânica.
“O grupo veio da pedra. E, ao longo do tempo, fomos migrando para vários setores, e isso fortaleceu-nos bastante. Quando, há uns anos, outros players foram para novas geografias, nós preferimos fortalecer-nos dentro das áreas em que já éramos fortes, isso foi parte da nossa estratégia. A filosofia empresarial assenta em três pilares: um que se traduz na parte económica ou financeira, outro, a preocupação ambiental e, finalmente, na responsabilidade social. Este tripé é essencial e o alicerce em qualquer organização”, assinala José Ricardo Machado, diretor de recursos humanos da empresa.
Em 2001, a dst entrava no mercado das energias renováveis; quatro anos depois, investia em águas e ambiente e, em 2008, no setor das telecomunicações. Nessa altura, explica Raquel Sousa, a estrutura deixou de considerar estas áreas de negócio “departamentos” e passou-as para “empresas” diferentes, integradas num grupo. Só depois disso, em 2010, o dstgroup começava a sua estratégia de internacionalização, a forma que encontrou de se diferenciar dos seus concorrentes. Quatro anos depois, a empresa começava finalmente a apostar em protocolos com escolas profissionais, uma forma de auscultar o mercado e formar talento. Exemplo disso é o acordo que a dst tem com o Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA): a uma parceria assegura um centro de formação de soldadura cuja parte teórica é feita na escola e a prática é feita em fábrica. “Fizemos este protocolo para ficar com eles, porque não há serralheiros, não há mão-de-obra”, assinala Raquel Sousa.
Uma cultura de construção que constrói cultura
“A cada livro uma página de história”, lê-se num dos contentores que serve de espécie de “sala de estar” ao ar livre, instalado primeiro na Feira do Livro de Braga e, finalmente, no complexo da dst.
“É precisa muita pedagogia para trazer as pessoas para a cultura que pretendemos que exista na organização. Gosto daquela frase do Raul Seixas, poeta brasileiro que diz ‘eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo’. E acho que o dstgroup pensa muito assim. Realmente, vamos absorvendo muito, provocamos muito. Ao serem provocadas, as pessoas inquietam-se. E ao inquietarem-se, vão atrás de algo”, assinala o responsável de recursos humanos. José Ricardo Machado, lidera uma equipa de 15 pessoas. São elas que, em conjunto com o gabinete de comunicação e eventos, coordenam todas as iniciativas ligadas às pessoas da dst.
Dia Internacional da Mulher, dia do pai, semana da mobilidade. A enumeração podia continuar porque todos as efemérides são consideradas “bons motivos” para ações motivacionais na empresa, conta Raquel. “Cada dia temático é, para mim, uma oportunidade para trabalhar alguma coisa. Fazemos muitas ações, e são sempre em benefício dos trabalhadores. Fisioterapia, ergonomia, uma série de atividades que entendemos fazem parte do core da dst e do nosso adn”, assinala Raquel.
Há 20 anos na dst, Raquel conhece os cantos à casa como ninguém. Natural de Braga, o dstgroup foi a segunda empresa em que trabalhou e, a sua entrada, como secretária pessoal e profissional de José Teixeira, praticamente coincidiu com o acordo da organização com um ginásio, que assegura uma centena de vagas a trabalhadores adeptos de atividade física regular. Além do ginásio, no complexo há uma série de valências que podem ser usadas por todos os trabalhadores: no restaurante, são servidas 200 refeições por dia e prepara-se o serviço de take away; aos dois campos de futebol, junta-se um terceiro, de ténis. Ao lado, um campo aberto com espaços hortas e para churrascos que, antes da Covid, era muito usado pelos trabalhadores e respetivas famílias aos fins-de-semana. Um pouco afastado, o centro de saúde, que conta com quatro médicos durante a semana – higienista-dentista, clínica geral, medicina no trabalho e estética, e um enfermeiro disponível oito horas por semana. “O complexo foi sendo construído à medida da cabeça do engenheiro José Teixeira. Sempre”, sublinha.
Num mundo sofisticado, quando nos vêm visitar e entram nesta psique, em qualquer coisa que está no ar mas eles não sabem o que é, isto ativa os tais neurotransmissores que apoiam a decisão de contratar connosco, a tal empatia.
À chegada, a equipa de reportagem segue diretamente para o centro de saúde. Ninguém de fora entra na empresa sem um teste serológico à Covid. Na entrada, medidas de prevenção. Termómetro, gel desinfetante, uso de máscara obrigatório em todas as zonas do complexo. Do lado esquerdo, uma reinterpretação da Última Ceia, com um Jesus Cristo negro e a representação de alguns dos membros da família que atualmente conduzem os destinos da empresa. Do lado direito, dois enormes retratos pintados dos fundadores, Teresa Gonçalves Gomes e Domingos da Silva Teixeira. Uma galeria ou, como diz Raquel Sousa, “obras de arte em tudo o que é parede”, que só perdem a nossa atenção quando Óscar, o gato que José Teixeira ofereceu às colaboradoras no âmbito do Dia Internacional da Mulher, aparece, de surpresa, no caminho. “Ele anda no nosso escritório central, vamos ver se o conseguimos ver”, aponta Raquel.
“Quando junta arte e ciência, estamos num nível de interpretação que passa por entender que as pessoas, hoje, compram um bem mas ele tem de ter valor estético. A torradeira, por exemplo, trabalha 15 minutos na sua cozinha, se a usar todos os dias; o resto do tempo, é estética. Portanto, a arte aqui, no caso desta aparente e falaciosa contradição, a arte vem afirmar a importância e relevância na competitividade do que fazemos. Porque o que fazemos tem de ter arte”, explica José Teixeira.
Todos os dias, desde o início da pandemia, há reuniões kaizen sobre o tema, presididas pelo presidente do conselho de administração da empresa. Nelas, a segurança é uma prioridade na discussão. “A psique que se constrói em cada empresa é feita das pessoas, e é muito importante ter aqui a pegada do presidente do conselho de administração. No fundo, as pessoas acabam por se moldar à imagem da nossa filosofia empresarial. Trabalhamos muito a cultura porque as pessoas estão no início. Criamos uma estrutura, um ambiente, um habitat, de forma a que as pessoas sintam este nosso cuidado com elas. Ela tem de ser cultivada, não pode ser esquecida ao longo do tempo. A responsabilidade da empresa é ter uma agenda para estes temas”, sublinha José Machado.
As áreas de negócio da empresa são tão variadas como a formação que dão aos seus trabalhadores. Além da construção e engenharia (dst – Domingos Silva Teixeira S.A.), o dstgroup tem outras áreas de negócio complementares às quais se dedica. Geotecnia, instalações especiais e sistemas de segurança, agregados, gestão de resíduos, betuminoso, cidades inteligentes – materializado nos dst living labs em Loures, Braga e Estarreja – e muitas outras.
A BySteel, segunda maior unidade de negócio do grupo e dedicada à área da metalomecânica, foi considerada em 2014 uma das quatro maiores exportadoras portuguesas e tem como principais mercados a França, o Reino Unido e vários países africanos, para onde exporta 95% do que produz.
“Parece até um esoterismo, falar e promover cultura, oferecer bilhetes para o teatro, um livro no aniversário, incentivar as pessoas à leitura, partilhar textos todas as semanas para as fazer refletir. Nunca olhámos para isto como um custo mas como um investimento que acrescentasse valor aos trabalhadores e a esta história que queremos contar”, sublinha o diretor de recursos humanos. José Teixeira reforça: “Ao fim do dia, aquilo que me preocupa muito é que consigamos ter aqui uma história, cujo contexto nós controlamos mas, no fim da história, os personagens acabam todos boas pessoas. Nós dominamos a história. Ao fim do dia, até o vilão merece, converteu-se”.
A mais recente novidade neste campo foi um curso de filosofia que a dst resolveu criar em parceria com a Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica de Braga, e que permite aos 350 trabalhadores mais antigos da empresa discutirem Aristóteles, Platão e Nietzsche. Para quê? Simples.
“É evidente que a indústria da construção tem aqui, por via desse passado de pouca ciência e tecnologia, um desafio porque não está no 2.0. Os processos não chegaram aqui porque falta ciência. Num mundo sofisticado, quando nos vêm visitar e entram nesta psique, em qualquer coisa que está no ar mas eles não sabem o que é, isto ativa os tais neurotransmissores que apoiam a decisão de contratar connosco, a tal empatia. Quando é uma empresa culta, cosmopolita, estamos na mesma praia, entendemo-nos com qualquer cidadão do mundo”, sublinha José Teixeira.
“Andamos com essa mania de ter aulas de neurociência em todas as formações que temos, mesmo de operários. Para explicar que o temperamento, que o feitio, que o azedume, que a ira e a raiva – por cujos sinais a amígdala é responsável – podem ser trabalhados. E isso tem um valor, e um valor económico incrível.
“A Filosofia não tem merecido, por parte das diversas organizações, das empresas e das instituições, o acolhimento que lhe deveria ser dado. (…) No entanto, é a disciplina mais bem preparada para esta missão pedagógica. Uma empresa que se deixe impregnar pelo sentido crítico, pelo questionamento, pelas inquietações dos grandes filósofos e que, a partir deles, coloque as questões certas para cada problema, para cada desafio, produzirá, certamente, com outra qualidade e será uma empresa que contribuirá para transformar o nosso planeta num mundo mais humano, mais vivível, mais pacífico, mais feliz e habitável para todos”, sublinha José Manuel Martins Lopes, diretor da FFCS.
José Machado sublinha que a proximidade com a academia, as escolas profissionais e com o IEFP é “importantíssima”. “Ao termos esta pedagogia no tempo de formação das pessoas, estamos também a criar um benchmark aqui, um lembrete acerca das melhores práticas. Estar cada vez mais perto da academia faz da nossa estratégia. Nenhuma empresa poderá, no futuro, diferenciar-se, se não estiver apoiada por ser um centro de conhecimento fundamental. Temos de andar juntos, não podemos menosprezar o potencial das escolas”.
Na mesa do presidente
“Que idade tem?”, pergunto. “Não me lembro. Deixei de fazer anos há uns anos”, brinca José Teixeira enquanto sorri, elevando o tom de voz, para que eu o oiça bem, mesmo que estejamos, neste momento, separados pela mesa comprida que serve de cenários às reuniões do conselho de administração.
Atrás de mim, uma enorme janela, com vista para um pátio interior do edifício da sede, desenhado em “O”, é um observatório de movimento e ponto de fuga da memória. De um lado da mesa, José Teixeira, ano 2020, que divide a visão com os outros irmãos acionistas – Joaquim, Evelino e Hernani. No outro extremo, Domingos e Teresa, que sempre que são pensados reavivam memórias da velha pedreira do Monte Crasto, de onde se retirou pedra para a construção do 1.º de Maio, o primeiro estádio do Braga, e onde mais tarde se viria a construir o atual Estádio Municipal de Braga que, não à toa, é chamado de “a Pedreira”. “Como nós somos originários da pedra, dizemos que ‘no princípio não foi o verbo, no princípio foi a pedra”, brinca o engenheiro.
José Teixeira começou “a partir pedra” – na pedreira – aos seis anos. “Com as aparas das calçadas, que eram feitas pelos pedreiros – aquilo a que a malta chamava rachas – partia-se e fazia-se cascalho. E aquilo era vendido pela minha mãe aos baldes de lata. Ela também tinha nessa pedreira uma cantina, feita com chapas de zinco, e lembro-me de, aos seis anos, ver os pipos de vinho. Vinham os fiscais e aquele vinho não era legal, multavam. A malta fugia. Essa ideia de dizer assim: não podemos apagar o passado, por muito duro que ele seja. Não podemos açucarar o passado, e essa realidade, como diz ali o verso do Caeiro, essa ‘realidade não precisa de nós’. A realidade é esta e nós queremos mostrá-la para mostrar que as coisas não caíram do céu, nem caem do céu. É preciso resiliência e esforço mas também, devemos olhar para trás, perceber o mundo em que vivemos e compará-lo com o daquela altura: esse registo é importante para os nossos filhos, para os nossos trabalhadores, para nos dar aqui o valor do trabalho”, conta, em conversa com a Pessoas.
Esse “valor do trabalho” é, mais do que uma visão, uma missão dentro da empresa. E faz-se, tanto de construção, literalmente falando, como no sentido figurativo.
“A fronteira que tem de estabelecer-se para que a poesia, no trabalho, não termine, é um trabalho que tem de ser feito com vista à valorização do mesmo. Importa-me muito discutir isso porque, no fim do dia, passamos uma grande parte da nossa vida no trabalho. É uma das coisas absolutamente indissociáveis da existência e, portanto, quero registar esse memorial”. Esse memorial? Pergunta bem, caro leitor. O memorial é o “próximo sonho do engenheiro”, aponta Raquel. É que, antes de chegarmos ao parque desportivo, uma “pequena pedreira” será, nos próximos dias, objeto de observação do artista Pedro Croft. Ali, sob o olhar da burra Hortelã, do seu tratador António e de todos aqueles que, por lá passarem, nascerá uma instalação para relembrar a origem de tudo. “O Nietzsche dizia que você precisa de ter sempre ferro em brasa para a memória estar viva. É como na Covid: se largamos, despista. Tem de estar ferro em brasa para a memória estar viva. E isto também é um processo: no campus, vamos andando e andando”.
Leituras obrigatórias e livros de cabeceira
“Vivemos todos neste mundo a bordo de um navio, saído de um porto que desconhecemos para um porto que ignoramos. Devemos ter uns para com os outros uma amabilidade de viagem”. A reflexão de Bernardo Soares, semi-heterónimo de Fernando Pessoa, dá “cor” a outra instalação no complexo.
“São contentores de arquivo que tivemos de mandar pintar e, recentemente, colocámos a frase e consideramos isto uma instalação”, explica Raquel.
José Teixeira detalha: “Costumo dizer que tenho duas Bíblias em casa – uma que me foi dada pelo padre António, da minha paróquia, quando eu me casei. A outra é o ‘Livro do desassossego. Porque é um livro de consulta, não é ‘para ler’. A amabilidade de viagem, uns para com os outros, tem de se ensinar. E se não se fala sobre isso, se não se conversa, se não se lê, discute, debate, vamos cada vez ganhando mais resistências uns com os outros. É por isso que as Humanidades, nos cursos técnicos, são absolutamente imprescindíveis”. E conclui. É que as Humanidades, para o engenheiro, mais do que cultura trazem receita.
“Isto é um misto de construção e de ser. Faço isto, hoje, por interesse económico. E quero que os meus trabalhadores sejam o mais cultos e cosmopolitas possível, para haver coerência neste ethos empresarial, nesta personalidade empresarial. Ser eu sozinho, era uma fraude. É evidente que me dá muita paz e me faz dormir bem, ver que esta cultura – da dúvida, da inquietação, da beleza, da leitura – se vai propagando e ocupando cada vez mais espaço e território. É um gozo interno que, a pretexto do interesse económico – e ponho-o para alguns resistentes, que não acreditam que isto tem vantagem mas resulta economicamente – eles leiam.”
Com uma faturação prevista de 450 milhões de euros, José Teixeira acredita que a empresa merecia “faturar 10 bi” para reforçar a equipa e, consequentemente, o investimento feito em responsabilidade social, que ronda os 350 mil euros/ano.
“Um automóvel não é só para andar. É para mexer com os seus neurotransmissores que são, ao fim do dia, as endorfinas, que são a morfina do nosso corpo. E isto é uma grande competição com a farmacologia, os psiquiatras e os psicólogos: se nos ensinassem a usar essa droga que temos, seríamos a nossa cura”, explica o engenheiro. Por isso, negócio é empatia.
“O que é que acontece quando está com uma bela música, um belo poema, com um belo quadro, num belo contexto, num belo design? Você está a usar a droga interna do seu corpo, porque dá-lhe uma imagem de calma, de felicidade, de paz. E isso é importante. Nas nossas obras queremos que, em todo em que coloquemos a mão, coloquemos arte e empenho. Quando está a fazer uma determinada ação na construção e entende que não existe mais ou menos aprumado, mais ou menos nivelado, mais ou menos bem feito, você dá um salto quântico na procura da beleza e percebe que a beleza cria empatias. E empatias fazem com que nos devolvam aquilo que fabricamos com esse cuidado”. E uma maneira de, citando o Padre António Vieira na “Sexagésima”, perguntar: “como pescamos pescadores?”
"Quero que os meus trabalhadores sejam o mais cultos e cosmopolitas possível, para haver coerência neste ethos empresarial, nesta personalidade empresarial. Ser eu sozinho, era uma fraude. É evidente que me dá muita paz e me faz dormir bem, ver que esta cultura – da dúvida, da inquietação, da beleza, da leitura – se vai propagando e ocupando cada vez mais espaço e território. ”
“Você vai semear em espinhos, em caminhos endurecidos e que são pisados? O que você tem de fazer é ‘criar um ambiente para que estas almas estejam disponíveis para as mensagens, para a evangelização’, e aí precisa de apontar o interesse económico.”, aponta José Teixeira. E dá o curso de Filosofia, ou outro qualquer, como exemplo. “Andamos com essa mania de ter aulas de neurociência em todas as formações que temos, mesmo de operários. Para explicar que o temperamento, que o feitio, que o azedume, que a ira e a raiva – por cujos sinais a amígdala é responsável – podem ser trabalhados. E isso tem um valor, e um valor económico incrível. É a base da gestão. E se tiver de usar esta estratégia, e se a consequência dessa estratégia for as pessoas serem cultas, paciência, foi fixe. É essa a causa das coisas: uma empresa culta é muito mais competitiva”.
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