Endesa vai investir no hidrogénio na Península Ibérica

Na apresentação aos investidores, a empresa diz ter já na mira "22 projetos de hidrogénio verde potencialmente elegíveis no contexto do Fundo de Recuperação da UE".

A Endesa, elétrica espanhola com presença em Portugal e detida em 70% pela italiana Enel, apresentou esta quarta-feira pela primeira vez uma visão de longo prazo, para 2030, com uma projeção de investimento de 25 mil milhões de euros, para que 80% da sua produção de eletricidade seja neutra em carbono daqui a 10 anos.

Deste investimento estimado até o final da década, 10 mil milhões serão alocados a construir nova capacidade renovável ​para atingir um mínimo de 18 GW até 2030. Os outros 10 mil milhões serão direcionados para a digitalização e a modernização das redes, permitindo mecanismos de flexibilização da procura de energia por parte de famílias e empresas até 1 GW.

Mais a curto prazo, o novo plano estratégico da Endesa 2021-2023 aumenta os investimentos em 25% para 7,9 mil milhões de euros para acelerar a descarbonização e digitalização na Península Ibérica. Este aumento sustenta o crescimento do lucro bruto (EBITDA) em 10% dos próximos três anos para os 4,3 mil milhões previstos para o ano de 2023. Quanto ao hidrogénio, o CEO José Bogas garantiu que o gás renovável “vai ter um papel importante no futuro, a preços competitivos, e a Endesa quer fazer parte da cadeia de valor” na Península Ibérica.

Na apresentação aos investidores, a empresa diz ter já na mira “22 projetos de hidrogénio verde potencialmente elegíveis no contexto do Fundo de Recuperação da UE” nas áreas de produção de hidrogénio, aplicações térmicas industriais, mobilidade sustentável, geração de energia, entre outros usos.

“É um plano entusiasmante, um plano para crescer. Queremos liderar a transição energética. É onde há enormes oportunidades no futuro. A nossa visão é focada na descarbonização, pois é melhor forma de nos mantermos como uma referência na Península Ibérica. Por isso estamos a aumentar o investimento”, disse o CEO da Endesa, José Bogas, na apresentação aos investidores.

A empresa atualiza assim sua estratégia de transição energética com base em dois pilares principais: renováveis e redes inteligentes. O primeiro passa pelo crescimento de 30% do seu portefólio de energias renováveis, chegando a 11,5 GW com um investimento de 3,3 mil milhões (+20% do que no plano anterior). Para já, o ano de 2020 será encerrado com uma capacidade renovável de 7,7 GW. Desta forma, sublinha a elétrica, 89% da produção de energia elétrica na Península Ibérica estará livre de emissões de CO2 até o final de 2023. Em segundo lugar, a digitalização da rede irá absorver um investimento de 2,6 mil milhões, +30% do que no planeamento para 2020-2022.

Nas renováveis, a nova capacidade de energia solar e eólica que entrará em funcionamento nos próximos três anos — 3,9 GW (3 GW solares e 900 MW eólicos) –, supera os 2,5 GW que a Endesa vai descomissionar com o encerramento das últimas duas centrais a carvão na Península Ibérica em 2021. A empresa prevê que no final de 2023, 62% do parque gerador de eletricidade nos dois países será renovável, contra os 45% que se registam agora, no final de 2020.

A eletrificação da procura, através da nova unidade de negócio Endesa X, será fortemente impulsionada com uma previsão de aumento de 42% nos contratos de serviços avançados de fornecimento de energia elétrica para clientes residenciais (contratos E-home) para 2,7 milhões. Quanto ao plano de implementação de pontos de carregamento para veículos elétricos tem como meta atingir os 56 mil (públicos e privados) até o final de 2023.

Na apresentação do seu plano estratégico a Endesa anunciou ainda que pretende manter a sua base de clientes estável em cerca de 10,6 milhões na Península Ibérica, assente num sólido crescimento do mercado livre de 7% (mais 400.000 clientes, para os 6,1 milhões) que compensa a diminuição dos clientes com tarifas reguladas. Em Portugal, a elétrica acaba de atingir a marca de meio milhão de clientes no mercado livre.

Até o final de 2030, a empresa quer atingir 7 milhões de clientes no mercado livre e ter 575.000 pontos de carregamento para veículos elétricos.

A nível financeiro, a política de dividendos aprovada no ano passado será mantida e o payout de 70% é estendido por mais um ano. A espanhola Endesa vai distribuir aos acionistas quase 6.000 milhões de euros pelo menos até 2023, informou a empresa na apresentação do novo plano estratégico que foi feito a investidores internacionaisa até 2023. Ao mesmo tempo, o lucro líquido crescerá 12% para 1.900 milhões no final do novo plano estratégico A empresa italiana Enel, que detém 70% do grupo, será a maior beneficiada.

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