PSD acusa Governo de falta de coragem em processo do Novo Banco
Rui Rio acusou o Governo e o PS de não terem coragem de dizer "basta" e verificarem se o Novo Banco não está a enganar o Estado. O líder do PSD reitera que contratos são para honrar pelas duas partes.
O presidente do PSD acusou hoje o Governo de falta de coragem no processo do Novo Banco e insistiu que o Estado só deve cumprir os compromissos assumidos se houver garantias de que não está a ser enganado.
“Não foi da minha parte, nem da parte do PSD que alguma vez se disse que não honramos os compromissos. Agora uma coisa é honrar os compromissos, outra coisa é ter sérias dúvidas se o Estado não está a ser enganado, se os contribuintes portugueses não estão a ser enganados e lá vai um ano, dois anos e não fazemos nada, vamos deixando passar”, defendeu Rui Rio.
No Porto, o líder do maior partido da oposição acusou o Governo de falta de coragem para “dizer basta”, insistindo que os compromissos só devem ser assumidos se for clarificado que o Novo Banco “não fabricou” menos valias na venda dos ativos.
“É essa coragem que faltou ontem [quinta-feira] e que tem faltado ao Partido Socialista e ao Governo. A coragem que nós tivemos e outros grupos parlamentares também tiveram de dizer: alto, basta, vamos ver se está certo ou não está certo. Se estiver certo, cumprimos. Se não estiver certo basta de enganar o Estado”, declarou.
Na quinta-feira, após a aprovação da proposta do Bloco de Esquerda que anula transferência orçamental para o Fundo de Resolução, o primeiro-ministro, António Costa, garantiu à presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, que o Governo cumprirá os compromissos assumidos no quadro da venda do Novo Banco.
O líder do executivo português tinha atacado o PSD e Bloco de Esquerda por terem anulado a transferência orçamental para o Fundo de Resolução e garantido que não se deixará condicionar pela proposta de impedir a transferência de 476 milhões de euros para o Fundo de Resolução, que tem como destino o Novo Banco.
Em declarações hoje aos jornalistas, Rui Rio insistiu que ambas partes tem de cumprir os compromissos assumidos, mas primeiro é necessário clarificar.
“Todos nós olhamos para o preço a que as coisas foram vendidas e ficamos com óbvias dúvidas e é uma vez e são duas e são quatro e são cinco. Temos de clarificar isto. O melhor que o PSD fez, foi solicitar, com o apoio de outros grupos parlamentares, uma auditoria a um organismo independente como é o Tribunal de Contas que vai chegar a uma conclusão“, referiu.
Para o social-democrata, se a auditoria concluir que o Novo Banco cumpriu, o Estado tem de honrar os seus compromissos, pelo que considerou desnecessárias as declarações do primeiro-ministro António Costa que veio já garantir que o Estado cumprirá?
“Eu, para honrar um compromisso, é preciso que a outra parte honre também o compromisso. Portanto eu acho que é quase desnecessário dizer o Estado vai honrar os seus compromissos. Tem de honrar, isto não é a república das bananas, o Estado tem de honrar os seus compromissos, mas da mesma forma, para honrar os seus compromissos a contraparte também tem de estar a honrar os compromissos. Neste caso, estar a vender os ativos que tem de vender a preços reais de mercado, sem estar a fabricar as menos valias”, rematou.
Questionado sobre as notícias que dão conta que o deputado social-democrata Álvaro Almeida quis votar contra a proposta do BE, mas direção da bancada do PSD não permitiu, Rui Rio disse apenas que tem ideias e vai em frente, “quem quiser vem, quem não quiser não vem”.
O deputado pediu que lhe fosse dada liberdade de voto porque a proposta do Bloco vai ter consequências: “Põe em causa toda a estabilidade do sistema financeiro português”.
O PSD inaugurou, no Porto, uma campanha de cartazes de rua que evoca os 40 anos da morte de Francisco Sá Carneiro. No total, são 15 cartazes, com mensagens diferentes, 10 dos quais espalhados pelas cidades do Porto e Lisboa.
Na cerimónia, o presidente do PSD descerrou simbolicamente um desse cartazes que dizia: “Não há nada que pague a sinceridade na ação política”.
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