Carlos Santos Ferreira: “Passei vários anos a ouvir falar do assalto ao BCP. Achei mal”
O antigo presidente da CGD lamenta não ter explicado logo o "assalto ao BCP". Carlos Santos Ferreira diz que se "o tivesse explicado logo, não teríamos se calhar a falar dele hoje aqui".
Carlos Santos Ferreira esteve à frente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) entre 2005 e 2007. De seguida, foi para a presidência do BCP. Isto depois da chamada guerra acionista que aconteceu no banco privado. No entanto, o gestor diz que os financiamentos concedidos pela CGD para aquisição de ações no BCP não foram o que permitiu a sua nomeação para o banco privado. Santos Ferreira diz que passou vários anos a ouvir falar do “assalto” ao BCP. E lamenta não se ter explicado logo.
“Passei vários anos a ouvir falar do assalto ao BCP. Achei mal, mas achei que não me cabia explicar. Se tivesse explicado logo, não teríamos se calhar a falar dele hoje aqui”, diz o antigo presidente da CGD na comissão de inquérito à gestão do banco público, referindo-se à tese defendida pelos antigos administradores do banco privado, e pelo fundador Jardim Gonçalves, relacionada com a mudança de presidente que aconteceu no BCP.
"Passei vários anos a ouvir falar do assalto ao BCP. Achei mal, mas achei que não me cabia explicar. Se tivesse explicado logo, não teríamos se calhar a falar dele hoje aqui”
Carlos Santos Ferreira diz que a CGD tinha 7,8% do capital do BCP penhorado por garantias de financiamentos antes de assumir funções no banco do Estado. E, na assembleia-geral em que foi eleito presidente, esteve presente 71,5% do capital do BCP. Apesar de o voto ser secreto, o gestor diz que se sabe quem eram os acionistas qualificados presentes. O maior acionista presente era o BPI, depois a Eureko, Teixeira Duarte, Joe Berardo, Sonangol, Sabadell, EDP e UBS.
Santos Ferreira defende que “não foram de certeza as ações detidas pela Caixa, nem as ações financiadas pela Caixa” que fizeram a diferença para a sua eleição, que foi votada com 97% dos votos.
Mas quem é que pediu dinheiro à CGD? “Não recordo os nomes”
Em relação aos créditos concedidos pela CGD para a compra de ações no BCP, Carlos Santos Ferreira não se recorda quem terão sido os maiores investidores que receberam estes financiamentos. “Não recordo os nomes”, esclarece o antigo presidente da Caixa.
Mas lembra-se de falar sobre a concessão de crédito para a compra de ações. E esclarece que estas operações são legais. “Os financiamentos destinados à compra de ações eram e são legais. E estes financiamentos eram uma prática normal na maioria das instituições” nacionais e internacionais.
O antigo presidente da CGD também desvalorizou as perdas que o banco sofreu com créditos concedidos no seu mandato. Santos Ferreira diz que as imparidades são muito similares às resultantes da concessão de crédito nas administrações seguintes da CGD.
O gestor foi ainda questionado sobre a cedência de crédito às empresas Vale do Lobo, Pescanova, Autoestrada do Douro Litoral, Grupo Lena e Grupo Espírito Santo durante o seu mandato. Mas o ex-presidente não respondeu à questão por falta de dados.
(Atualizado às 21h24 com declarações de Carlos Santos Ferreira)
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