Do Reino Unido aos EUA, passando pelo Bahrein, quem já tem vacina contra a Covid-19?

Portugal aguarda a aprovação do regulador europeu relativamente a uma vacina contra a Covid-19. Contudo, do Reino Unido aos EUA, há já países que deram "luz verde" ao uso de emergência de vacinas.

Milhares de cientistas em todo o mundo continuam incessantemente a procurar uma solução para a pandemia, mas há já vacinas a trazerem alguma esperança relativamente ao fim desta crise sanitária. Numa altura em que a Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) está a analisar o pedido de aprovação da vacina contra a Covid-19 da Pfizer e da Moderna, vários países já deram “luz verde” ao uso de emergência de vacinas. Do Reino Unido ao Bahrein, passando pelos Estados Unidos, saiba em que ponto está a vacinação.

Em agosto, o presidente russo, Vladimir Putin, descrevia a Sputnik V como a primeira vacina contra o coronavírus a ser registada no mundo com o propósito de colocar um ponto final na pandemia que alastrava no país. Com uma eficácia de 91,4% na última e terceira fase dos ensaios clínicos, segundo revelou na segunda-feira o instituto de investigação Gamaleya e o Fundo de Investimentos Diretos Russo, esta vacina gerou algum ceticismo internacional pelo facto dos resultados clínicos não terem sido analisados por outros especialistas, bem como, pela rapidez nos testes realizados. Ainda assim, cerca de quatro meses depois, a Rússia tornava-se num dos primeiros países do mundo a iniciar a vacinação em massa, tendo já inoculado mais de 150.000 pessoas, de acordo com os dados relevados por Alexandr Guintsburg, diretor do Centro Gamaleya, que desenvolveu a vacina Sputnik-V, à televisão pública, citados pela Lusa.

A campanha de vacina na Rússia arrancou a 5 de dezembro, com os profissionais de saúde e do setor educativo a serem considerados os profissionais de maior risco e, portanto, os primeiros a serem vacinados pelas autoridades de saúde de Moscovo. Não obstante, Putin ordenou o início da vacinação “em grande escala” em todo o país a partir de finais desta semana.

Poucos dias depois, a 8 de dezembro, o Reino Unido arrancou também com o seu plano de vacinação contra o novo coronavírus, depois de este ter sido o primeiro país do mundo a dar luz verde à vacina desenvolvida pelo concórcio Pfizer/BioNTech. Com uma eficácia a rondar os 95% nos testes finais, esta vacina começou a ser administrada em 50 hospitais britânicos, sendo que os idosos com mais de 80 anos e os utentes e profissionais de lares, bem como trabalhadores dos serviços de saúde fazem parte do primeiro grupo de vacinação.

Certo é que a campanha de vacinação já teve alguns percalços. Na quarta-feira passada, a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde emitiu um alerta para que as pessoas com histórico de reações alérgicas “significativas” não recebam esta vacina, depois de terem sido detetados dois casos com reações adversas em profissionais de saúde. Também nos Estados Unidos, foram detetados quatro casos de paralisia de Bell, ou paralisia facial periférica, entre os voluntários que receberam a vacina (isto ainda antes de ser aprovada). Entretanto, a Food and Drug Administration (FDA), o regulador de saúde norte-americano, veio afastar a ligação entre a administração da vacina e os sintomas.

Apesar dos efeitos secundários anteriormente mencionados, a verdade é que a vacina da Pfizer/BioNTech está a merecer confiança por parte de vários países. Dois dias depois do “ok” do Reino Unido, a 4 de dezembro, o Bahrein tornou-se no segundo país do mundo a aprovar o uso desta vacina contra a Covid-19. Em novembro, este país do Médio Oriente já havia aprovado a vacina produzida pela Sinopharm — que provou uma eficácia de 85% — para uso restrito em funcionários da linha de frente no combate a pandemia no país, não obstante, este domingo foi aprovado o uso generalizado desta vacina chinesa, revela a Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

Ao lado, também o vizinho o Kuwait já autorizou o uso de emergência da vacina da Pfizer. A notícia foi comunicada pelo Ministério da Saúde do país árabe, que, de acordo com a ABC News (acesso livre, conteúdo em inglês), já tinha dado a possibilidade aos cidadãos de se registarem antecipadamente para receberem a vacina.

Do outro lado do Atlântico, também o Canadá, Estados Unidos da América (EUA) e México deram o seu “carimbo” à vacina que está a ser desenvolvida pela Pfizer, em conjunto, com a farmacêutica alemã. Este domingo, o Canadá já recebeu 30 mil doses desta vacina, numa altura em que as autoridades de saúde estimam atingir os 12 mil casos diários em janeiro, assinala o CBC (acesso livre, conteúdo em inglês). Esta aprovação permitiu ao país da América do Norte começar a vacinar esta segunda-feira, tornando-se no terceiro país do mundo a utilizar a vacina da Pfizer, segundo a Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês).

O Canadá espera receber até ao fim dos mês 249.000 doses desta vacina, ou seja, o suficiente para vacinar 124.500 pessoas, visto serem necessárias duas doses. Até ao final de 2021 são esperados quatro milhões de doses. À semelhança do plano de vacinação português, os primeiros a receber as doses de vacina serão profissionais e utentes que se encontram em lares ou residências de cuidados continuados e profissionais de saúde. No entanto, cada província poderá alterar as recomendações nacionais.

Os Estados Unidos são de longe o país mais afetado pela pandemia, tendo já registado mais de 16 milhões de infetados (cerca de 22% do total mundial) e mais de 306 mil mortes por Covid-19. Depois da aprovação do regulador norte-americano, e apesar das alegadas pressões políticas para acelerar o processo, também este fim de semana, a vacina da Pfizer/BioNTech começou já a ser expedida, em caixas refrigeradas a menos de 70 graus centígrados, a partir da fábrica da Pfizer no estado do Michigan para hospitais e outros centros de vacinação dos EUA. É expectável que três milhões de doses sejam disponibilizadas até quarta-feira, para vacinar perto de 20 milhões de norte-americanos antes do final do ano e 100 milhões antes do final de março do próximo ano no país. Sob o mote “Warp Speed”, e a par com o Canadá, a campanha de vacinação nos EUA arrancou esta segunda-feira, sendo que os profissionais de saúde são a prioridade.

Já na América Latina, mais precisamente no México, a Comissão Federal para a Proteção contra Riscos Sanitários (Cofepris) foi o primeiro país da América Latina a aprovar o uso de emergência da vacina da Pfizer/BioNTech. Apesar de esta vacina ter inicialmente suscitado dúvidas devido às suas características de conservação, o governo mexicano estabeleceu um mecanismo para a sua distribuição, esperando começar o plano de vacinação ainda este mês.

Certo é que, para já, Portugal tem de esperar pela avaliação da EMA, que deverá pronunciar-se sobre a vacina da Pfizer a 29 de dezembro e a 12 de janeiro do próximo ano sobre a vacina desenvolvida pela Moderna. Nesse sentido, ainda não é certo quando deverá arrancar a vacinação na União Europeia, mas o primeiro-ministro português veio defender no último Conselho Europeu que a vacinação contra a Covid-19 deve começar no mesmo dia em todos os Estados-membros, eventualmente a 4 ou a 5 de janeiro de 2021.

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