Subida do preço das casas volta a abrandar no terceiro trimestre, mas número de negócios recuperou
No terceiro trimestre, o crescimento dos preços das casas voltou a abrandar, tal como aconteceu nos três meses anteriores. Porém, houve uma forte recuperação no número de transações.
O ritmo de crescimento dos preços das casas voltou a arrefecer no terceiro trimestre deste ano, o que poderá ser atribuído à pressão da crise pandémica. Entre o início de julho e o final de setembro, os preços das casas cresceram 7,1%, segundo os números divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o que representa uma desaceleração face aos 7,8% do segundo trimestre e aos 10,3% do primeiro trimestre.
“Entre o 2º e o 3º trimestre de 2020, o IPHab cresceu 0,5% (0,8% no 2º trimestre de 2020 e 1,2% no 3º trimestre de 2019), o que constitui o aumento trimestral de menor amplitude observado desde o 3º trimestre de 2015“, destaca o INE.
Esta desaceleração coloca o ritmo de crescimento do preço das casas no nível mais baixo desde 2016, tal como mostra o gráfico do gabinete de estatísticas. O índice de preços da habitação cresceu 7,1% no terceiro trimestre, com as habitações existentes a subir 7,4% e as habitações novas a somar 5,8%, em termos homólogos. Foi o segundo trimestre consecutivo em que os preços abrandaram.
Contudo, houve uma recuperação no número de negócios fechados. No terceiro trimestre, venda de casas subiu 35,1% face ao segundo trimestre, mostrando agora uma quebra homóloga de apenas 1,5%. “A taxa de variação observada constitui o aumento de maior amplitude da série e surge na sequência da redução de 23,3% registada no 2º trimestre de 2020, período fortemente influenciado pelas restrições impostas no contexto da pandemia COVID-19“, escreve o INE. No total, foram vendidas 45.136 casas entre julho e setembro deste ano.
Se no número de transações ainda há uma pequena quebra homóloga, o valor das transações já supera o do ano passado, no mesmo período. “No trimestre de referência, o valor das habitações transacionadas atingiu aproximadamente 6,8 mil milhões de euros, mais 4,4% face a idêntico período de 2019“, revela o INE, assinalando que “agosto foi o mês com o maior crescimento do valor das transações, 7,3%, seguindo-se setembro (4,5%) e julho (2,1%)”. O mesmo comportamento registou-se no número de transações, com uma recuperação gradual que levou o valor de agosto de 2020 a ser igual ao de agosto de 2019.
Na semana passada, o Banco de Portugal veio alertar o país para a possível correção do mercado imobiliário por causa da crise pandémica. “Os preços do imobiliário residencial mostraram resiliência, mas persistem riscos de uma correção em baixa“, escreveu o banco central no Relatório de Estabilidade Financeira de dezembro, apesar de ressalvar que o futuro dependerá de dois fatores rodeados de incerteza: a procura de casas para fins turísticos (alojamento local) e a procura de estrangeiros.
Habitações novas ganham importância no mercado imobiliário
Em termos de preço, as habitações existentes cresceram mais do que as habitações novas, mas estas últimas estão a ganhar peso no mercado imobiliário. De acordo com os dados do INE, no terceiro trimestre o número de transações de habitações novas cresceu 11% ao passo que o número de transações de habitações existentes desceu 3,7%, em termos homólogos.
O mesmo se aplica na comparação em cadeia, ou seja, face ao segundo trimestre: “O crescimento do número das transações de habitações novas excedeu aquele que foi registado nas habitações existentes, 43,9% e 33,5%, respetivamente”, refere o gabinete de estatísticas.
No que toca ao valor transacionado, as habitações novas também crescem face a 2019, com uma subida de 22,2%, ao passo que nas habitações existentes o crescimento é de apenas 0,3%. No total, o valor das transações foi de 6,8 mil milhões de euros, “dos quais 5,2 mil milhões de euros respeitaram a habitações existentes, o que representa 77,7% do total, a mais baixa percentagem observada desde o 2º trimestre de 2016“. O valor das transações de habitações novas foi de 1,6 mil milhões de euros.
Lisboa regista queda tanto das vendas como do valor
Entre julho e setembro, a Área Metropolitana de Lisboa registou uma quebra simultânea nas vendas (-8,7%) e no valor (-2,8%). Apenas a Região Autónoma dos Açores teve o mesmo desempenho duplamente negativo. No total, houve 14.141 transações em Lisboa num total de 2,9 mil milhões de euros.
Também no terceiro trimestre, houve quatro regiões com um crescimento homólogo tanto do número como do valor das habitações. Foi o caso da Madeira, do Centro, do Alentejo e do Norte. A região Norte, a segunda com mais peso logo a seguir a Lisboa, registou 13.351 transações num total de 1,7 mil milhões de euros. No caso do Algarve, houve uma redução no número de transações (-0,9%), mas um aumento do valor (+14%).
Os dados relativos ao quarto trimestre serão conhecidos a 23 de março do próximo ano.
(Notícia atualizada às 11h53 com mais informação)
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