A Pessoas acompanhou um dia do programa PLUG.IN_PACT, organizado IES Business School, que abre portas para quem quer mudar de carreira ou entrar no ecossistema de impacto com novos projetos.
Reintegrar ex-presidiários com um modelo que assegura que têm uma casa e trabalho depois da sua saída, um projeto chamado Flor de Lótus, foi o vencedor da segunda edição do programa PLUG.IN_PACT, e a menção honrosa foi para o Come2Roots, que quer combater a desertificação da aldeia de Justes, uma aldeia do concelho de Vila Real. Do curso de duas semanas desenhado para quem quer entrar no ecossistema de impacto, saiu ainda o Connections, que quer apostar na partilha de conhecimento de pessoas com mais de 60 anos através de aulas online, o DreamSurfing, que junta os “dreamers” e os “dream catchers” na partilha de experiências e concretização de sonhos, e o + por –, para combater o desperdício.
O curso PLUG.IN_PACT, desenvolvido para quem quer fazer o “shift” para uma carreira no impacto e promovido pela IES – Social Business School, recebeu candidaturas de pessoas de várias idades e de todos os cantos do país. Durante duas semanas e dez módulos, os 16 participantes – ou pluggers – deram vida a cinco projetos. A Pessoas assistiu a uma das sessões para conhecer melhor o processo.
Por dentro do PLUG.IN_Pact
“Têm de ter ideias para aumentar o número de assaltos dentro do elétrico 28. Vão ter seis minutos para ter o maior número de ideias possível e dois minutos para partilhar”, foi assim que Maria João Ferreira, mentora do IES, lançou o primeiro desafio de brainstorming para começar a sessão de 26 de novembro, antes de as equipas se dividirem em salas individuais na plataforma Zoom, as breakout rooms. Trata-se da dinâmica do “anti-problema”, que tem por base a técnica de “opposite thinking”, explica a formadora, cuja ideia é “levar as pessoas a pensarem o contrário do que normalmente teriam de pensar para aumentar a criatividade. Normalmente o que queremos é diminuir e não aumentar [o número de assaltos]. Vai ser mais fácil terem mais ideias para aquilo que é o desafio que querem resolver”, detalha em conversa com a Pessoas.
Seis minutos depois, os participantes regressam à “sala principal”, e em cada grupo o porta-voz partilha as dez ideias para potenciar os assaltos ao elétrico, à medida que se preparam para a sessão de formação que se segue. A sessão é conduzida por Francisca, gestora de comunidade do IES, que explica de que forma se pode construir a “proposta de valor” para cada projeto, ou seja “o conjunto de benefícios que vão entregar ao público-alvo com a nova solução”, detalha a mentora. Terminada a sessão sobre a proposta de valor, as mentoras reúnem-se para avaliar e propor melhorias para as apresentações futuras, enquanto os participantes aguardam antes de se reunirem individualmente com um dos quatro mentores. No programa, cada grupo pode ter mentoria até um máximo de 10 horas, para além de apoio diário via chat.
Todos eles, quando apresentaram o seu objeto inspirador, já apresentaram uma causa ou um problema que gostariam de resolver e vê-se que é uma coisa que querem levar a longo prazo.
Em todos os encontros, acontece o PLUG.IN_People, um momento dedicado aos keyplayers do ecossistema de impacto. Nesta sessão entrou no Zoom Inês Sequeira, diretora do hub empreendedor Casa do Impacto, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que apelou a ideias novas e aconselhou os participantes a “serem persistentes e encontrarem a sua paixão”. Passaram pelo PLUG.IN_PACT outros convidados como Diogo Cruz, CEO da U.Dream, Pedro Marques, CEO da Hug-a-Group, Rita Brito e Faro, financial controller do SPEAK, Elena Duran, CEO do 55+, entre outros.
Este é apenas um dos passos antes de chegarem ao pitch, o momento em que os participantes apresentam os seus projetos a um júri composto por profissionais dentro do ecossistema do impacto.
Rita Ferreira, responsável de marketing e comunicação da IES, Francisca Lencastre, gestora de comunidade da IES, Maria João Ferreira, responsável de operações na Whitesmith, Inês Monteira, gestora de comunicação e projetos no Movimento Transformers e Carlos Azevedo, CEO da IES – Business School, são os mentores desta edição mas, todos os anos o programa de impacto acolhe mentores selecionados pela bolsa de formados do IES Business School.
Um futuro profissional com mais impacto
No primeiro encontro do programa PLUG.IN_PACT, os participantes apresentam-se através de um objeto inspirador e, por norma, já têm ideias e projetos antes da inscrição. Contudo, o curso é aberto a “todos os curiosos”, que poderão integrar outros grupos de acordo com os interesses que já foram explicitados no formulário de inscrição. E “todos eles, quando apresentaram o seu objeto inspirador, já apresentaram uma causa ou um problema que gostariam de resolver e vê-se que é uma coisa que querem levar a longo prazo”, assegura Rita Ferreira, mentora do programa.
A pandemia está a fazer com que cada vez mais pessoas repensem o seu percurso profissional e queiram redirecionar as suas carreiras para torná-las caminhos com mais impacto e um maior propósito, acredita Carlos Azevedo, CEO da IES – Business School. “Não acontece só com jovens. Há uma franja da população que tem muita experiência de trabalho, já tem até uma carreira estável, mas que entende que há ali quase uma última oportunidade de fazer essa mudança e ter mais propósito e sentir que está a fazer a diferença na sociedade”. Estas pessoas ligam-se a nós e precisam destas experiências para ganhar aquele boost de coragem para saltarem do trabalho onde estão e ligarem-se a este”, detalha o responsável, em conversa com a Pessoas. A pandemia também aumentou a adesão nesta edição do programa PLUG.IN_PACT, apesar do contexto económico e social.
Há uma franja da população que tem muita experiência de trabalho, já tem até uma carreira estável, mas que entende que há ali quase uma última oportunidade de fazer essa mudança e ter mais propósito e sentir que está a fazer a diferença na sociedade,
A pandemia também aumentou a adesão nesta edição do programa PLUG.IN_PACT, apesar do contexto económico e social. “Embora estejamos com um timing terrível, tivemos uma adesão interessante e muita gente a dizer ‘eu pago este valor, porque eu quero mudar’”, conta Rita Ferreira, da IES. A pandemia veio criar novas oportunidades de escalar o negócio para o próprio IES, que tem programas a decorrer em vários países da Europa e no Norte de África. Carlos Azevedo acredita que o futuro da aprendizagem será blended, uma mistura entre o presencial e o remoto. Para quem procura uma carreira no impacto, o responsável deixa alguns conselhos: o autodesenvolvimento, criar uma rede de contactos no ecossistema do impacto e ter o máximo de experiências possível.
“O que estamos aqui a oferecer é uma experiência particular num setor que não é conhecido da maior parte das pessoas. Aquilo que nós sabemos hoje, é que 85% dos millennials querem ter um propósito na sua carreira e muitas vezes não sabem como”, refere o CEO da IES. Para Carlos Azevedo, este é um desafio também para as empresas, já que Portugal tem todas as condições para acolher empreendedores e para iniciar uma carreira no ecossistema do impacto. “O talento vai empurrar as empresas. Se equiparmos esse talento com este tipo de metodologias, com estas novas abordagens, com um framework que lhes permita pensar desta forma e estruturar o seu caminho, acho que as pessoas vão querer ter mais impacto”, alerta o responsável.
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Como fazer o “shift” para uma carreira de impacto
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