Professor universitário e investigador, Tiago Ratinho integrou a equipa que levou a cabo um estudo sobre o impacto das incubadoras no ecossistema empreendedor. É convidado do "Start now. Cry later".
É professor universitário e investigador na área do empreendedorismo. O último estudo que fez foi publicado, no final de 2019, numa das revistas académicas de referência mundial, o Journal of Business Venturing, uma das revistas académicas de referência mundial, listada pelo Financial Times no Top50. Nele, fala-se das implicações para o entendimento do impacto das incubadoras, mas também para a prática de incubação nos ecossistemas correspondentes.
“O que tentámos fazer foi responder à questão de como a incubação funciona, dependendo do local onde está. Há a ideia de que as incubadoras funcionam de uma forma ideal e não de uma forma real”, começa por explicar o professor universitário de empreendedorismo na universidade francesa IÉSEG, em Paris. A ideia do português foi analisar a interação entre o efeito da incubação e as condições regionais — número de pessoas, concentração de indústria — recorrendo a uma base de dados que incluía mais de 46 mil participantes a operar entre 1997 e 2007, nos Estados Unidos.
“Observámos que as incubadoras têm um efeito benéfico quando a população é baixa ou a concentração da indústria é baixa. No caso em que não há população, as incubadoras têm um efeito maior na vida das startups porque tudo o que a incubadora fornece são os recursos gerais. Mas conseguem ter um efeito adverso nas condições contrárias: numa cidade sem concentração de indústria ou de pessoas, uma startup estará pior dentro de uma incubadora do que fora dela”, assinala.
Ainda assim, para Tiago Ratinho, “se as incubadoras contribuem e são um dos pilares do ecossistema, então não há incubadoras a mais”. Por isso, a multiplicação por dez dos dados referentes a Portugal, nos dez últimos anos, não espanta o investigador. De acordo com dados da Rede Nacional de Incubadoras (RNI), em 2018 Portugal tinha mais de 130 espaços deste tipo, entre iniciativas criadas por universidades, polos científicos e tecnológicos, autarquias, empresas privadas ou entidades estrangeiras.
Para o professor universitário e investigador, o maior proveito que pode ser retirado pelas autarquias, universidades ou indústria é poderem alavancar as condições locais através da existência ou desenvolvimento de incubadoras de startups. “É possível criar e dinamizar empreendedorismo por serviços mais auxiliares”, sublinha.
Sobre o ensino do empreendedorismo, Ratinho explica que a aprendizagem é feita com a consciência de que se trata de uma ferramenta. “Como professor, ensino o empreendedorismo como uma ferramenta. E isso é uma caixa para conduzir processos de mudança em qualquer organização. A mais difícil é criar uma startup. É muito mais fácil ser empreendedor dentro de uma empresa do que criar uma startup, porque a startup não existe”, assegura.
Pode ouvir o episódio completo “Incubadoras: alavanca ou adversidade” aqui:
O podcast “Start now. Cry later” é um projeto da jornalista Mariana de Araújo Barbosa e da Startup Portugal, que conta com o apoio da revista Pessoas. Pode ouvir os episódios e seguir o projeto aqui.
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Tiago Ratinho, professor de empreendedorismo em Paris: “Não há incubadoras a mais”
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