Portugal ganha no Turismo mas perde na competitividade

  • Lusa
  • 24 Janeiro 2017

O elevado endividamento, público e privado e as condições precárias de acesso a crédito "vão continuar a ser um grande impedimento para a aceleração do crescimento", diz o relatório do BMI.

O Business Monitor International, do grupo Fitch, considera que o dinamismo do setor do turismo é um ponto forte de Portugal, mas que a perda de produtividade desde a entrada no euro é uma fraqueza do país.

No relatório hoje publicado, o Business Monitor International faz uma análise SWOT a Portugal, em que identifica as forças e as fraquezas da economia portuguesa, mas também as oportunidades e as ameaças.

Como pontos fortes, o documento refere o facto de as famílias continuarem a recuperar da quebra económica desde 2009 e o crescimento do turismo, sublinhando o dinamismo que o setor tem tido.

Por outro lado, como fraquezas, destaca-se o facto de o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do país ser o mais baixo entre os 15 países da União Europeia antes do alargamento e “entre os mais baixos” da zona euro.

Também o facto de Portugal “ter perdido – e não ganhado – terreno nos principais Estados europeus em termos de produtividade desde a entrada no euro” é considerado como uma fraqueza pelo BMI, acrescentando que, “apesar da reversão nos últimos anos devido às reformas estruturais, pode demorar vários anos até que Portugal se torne competitivo”.

Entre as oportunidades apontadas, está o facto de “o novo Governo poder recolher benefícios mantendo o momento das reformas estruturais no setor público”, nomeadamente se “tentar resolver o número excessivo de funcionários públicos e a baixa produtividade da administração pública”.

Por outro lado, “o elevado peso da dívida externa pode significar que uma reestruturação da dívida continue a ser uma possibilidade”, segundo o BMI, considerando a dívida como uma ameaça, bem como a hipótese de “o plano do novo Governo anti-austeridade de reverter as reformas anteriores”, uma vez que isto pode aumentar os custos de financiamento e fazer cair o investimento privado.

O elevado endividamento, público e privado, e as condições precárias de acesso a crédito “vão continuar a ser um grande impedimento para a aceleração do crescimento”, fazendo também com que “o investimento continue fraco, tendo em conta o aumento da incerteza política e uma fraca procura global”.

O BMI reviu ligeiramente em alta a sua projeção de crescimento de Portugal para 2017, antecipando que o PIB cresça 1,1% (acima dos 1% anteriormente previstos), e para 2018, espera um crescimento de 1%.

O BMI considera que a aprovação de um orçamento de 2017 que “satisfaz tanto os elementos populistas internos como a Comissão Europeia é um bom sinal para a estabilidade política de curto prazo, para a credibilidade soberana e para a atividade económica”.

No entanto, o organismo considera que “o Governo minoritário liderado pelo Partido Socialista vai continuar instável à medida que caminha entre as exigências de prudência fiscal dos seus credores externos e as exigências de mais direitos e benefícios dos trabalhadores por parte dos sindicatos internos”.

Olhando para o médio/longo prazo, o BMI entende que as perspetivas de Portugal “vão ser marcadas amplamente pelas medidas que o governo tem de tomar para controlar o défice orçamental e reduzir a dívida pública para níveis controláveis”.

O BMI alerta que Portugal “terá de melhorar as suas perspetivas de crescimento se quiser escapar da armadilha da dívida”.

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