Caixa também sobe comissões. Obriga a gastar 50 euros/mês para dar desconto nas contas pacote
Há mais um banco a mexer no preçário, depois do BPI e Novo Banco. Se é cliente da Caixa, prepare-se para pagar mais pelos cartões e pelas transferências online. E receber menos nos depósitos.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) prepara-se para fazer alterações no seu preçário. Os cartões de débito vão ficar mais caros, assim como levantar dinheiro ao balcão com caderneta e fazer transferências na internet ou através da app. Nas contas, acabam as isenções nas comissões de manutenção na generalidade dos produtos, e nas contas pacote, o banco público vai alterar os critérios de bonificação que terá impacto no bolso dos clientes: passa a exigir gastos de 50 euros por mês para se ter direito a desconto.
As alterações entram em vigor a partir de 1 de maio. A Caixa junta-se assim a outros bancos nacionais como o BPI e o Novo Banco que agravaram recentemente as comissões junto dos particulares.
No caso do banco público, há alterações em vários serviços e produtos em perspetiva, além de uma descida nos juros dos depósitos, refletindo o ambiente de adversidade com que o setor opera atualmente e que tem levado a banca a olhar para outras fontes de receitas além da tradicional margem financeira.
Em declarações ao ECO, o banco liderado por Paulo Macedo diz que a “política de comissionamento da Caixa procura garantir um equilíbrio entre rentabilidade e responsabilidade social” e que as “alterações propostas não alteram o posicionamento da Caixa” em termos de “competitividade” em relação aos outros bancos e de “manutenção das medidas de proteção dos universos de clientes com menor rendimento”.
Neste contexto, por exemplo, a CGD acaba com os critérios de isenção de comissão para as contas à ordem com aplicações financeiras associadas. Os clientes com estas contas vão passar a pagar uma mensalidade de 4,95 euros (5,15 euros já com o Imposto do Selo de 4%). É o equivalente a 61,77 euros por ano (já considerando os impostos).
Nas contas pacote, também há mudanças nos critérios de bonificação que poderão ter impacto no bolso dos clientes.
A Conta Caixa S, Conta Caixa M e Conta Caixa L (esta última com comercialização suspensa desde o início do ano) mantêm a domiciliação de rendimento como critério de bonificação, mas passam a exigir “compras de valor igual ou superior a 50 euros por mês efetuadas com cartões de débito e/ou crédito associados”.
Nestas contas, também se passará a admitir outro critério de bonificação: duas ou mais cobranças de débito direto nos últimos três meses e compras iguais ou superiores a 50 euros com cartão de débito ou crédito. Atualmente, para ter direito à bonificação nestas, exigem-se “duas ou mais autorizações de débito na conta depósito à ordem associada à Conta Caixa (a conta tem pelo menos duas cobranças (serviço de débitos diretos) executadas com sucesso)”.
Nas contas Caixa Azul também se passa a obrigar as compras de 50 euros ou mais com cartões em vez das duas ou mais autorizações de débito.
O banco adianta que com estas alterações “passa, por exemplo, a ser possível atribuir bonificação mesmo sem a domiciliação de rendimentos pois nem todos os clientes (ex. trabalhadores independentes) conseguem ter a domiciliação de rendimentos na Caixa, sendo no entanto importante premiar todos os clientes que connosco mantêm um relacionamento regular”.
Levantar dinheiro ao balcão com caderneta custará mais 65%
Com o novo preçário, vai passar a vigorar uma comissão única de 4,95 euros (5,15 euros já com o Imposto do Selo) para levantamento de dinheiro ao balcão, embora o banco mantenha as isenções para levantamentos com apresentação de cheques, para as contas de serviços mínimos e para os três primeiros levantamentos do mês nas Contas Base Extrato e Contas Base Caderneta.
Na prática, este agravamento de custos vai refletir-se apenas no levantamento de numerário mediante a apresentação de caderneta: atualmente custa 3,00 euros (3,12 euros com Imposto do Selo) e vai passar a custar 4,95 euros (5,15 euros com imposto), uma subida de 65%.
“A caderneta deixou de ser um meio de movimentação da conta à ordem e o serviço prestado ao cliente é o mesmo independentemente do meio utilizado para identificação do titular “, justifica o banco em relação ao fim da diferenciação para os detentores de caderneta. A expectativa é que a alteração não afete muitos clientes pois quem tem cartão levanta geralmente no multibanco e quem não tem forma de levantar com cartão e tem apenas caderneta está isento.
Em relação aos cartões de débito, a disponibilização sobe dos 18 euros para os 19 euros (19,76 euros com o imposto) para uma dezena de cartões.
Transferências encarecem 15 cêntimos
As transferências a crédito SEPA + para outros bancos através da internet ou da aplicação do telemóvel também vão encarecer. Uma ordem de transferência permanente ou pontual vai passar a custar 95 cêntimos (99 cêntimos com Imposto do Selo), mais 15 cêntimos face ao preço atual.
O mesmo se aplica a transferências internacionais com indicação de NIB pelos mesmos canais, com o encargo de uma ordem de transferência a subir também 15 cêntimos, dos 80 cêntimos para 95 cêntimos (mais Imposto do Selo).
Depósitos vão render menos
Ao mesmo tempo que sobe comissões, a Caixa vai proceder a um corte nas remunerações de alguns depósitos. As contas Caixapoupança Reformado, Caixapoupança Caixapoupança Emigrante e Caixaprojecto apresentam atualmente uma taxa anual de 0,015% a partir dos 250 euros. Porém, a partir de abril, vão render menos: 0,005%.
As condições também vão ser revistas noutros depósitos já descomercializados mas cujas contas continuam ativas como a Poupança Caixa Activa, Caixaprojeto Emigrante, Caixapoupança Rumos e Caixa Poupança Superior e ainda a Poupança Caixa Família Base e Poupança Caixa Família Mais. Também vão passar a pagar 0,005%.
“A alteração da remuneração de alguns depósitos tem presente o contexto de taxas de juro historicamente baixas, que gera rentabilidade negativa para a conta de resultados dos bancos”, afirma a CGD. “A Caixa, à semelhança do restante mercado, tem vindo a alterar as taxas de juro de alguns depósitos, procurando encontrar o equilibro entre a remuneração possível e o nível de envolvimento/fidelização dos seus clientes”, acrescenta.
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