Portugal vai ter a maior contração da economia da UE no primeiro trimestre
Os primeiros três meses do ano serão marcados por novos decréscimos das economias europeias, estima o executivo comunitário. Portugal destaca-se.
As economias europeias deverão voltar a encolher, nos primeiros três meses de 2021, por força do endurecimento das restrições imposto em resposta ao agravamento da pandemia de coronavírus. De acordo com as previsões de inverno da Comissão Europeia, o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal deverá cair 2,1% em cadeia, no primeiro trimestre do ano. É a contração mais acentuada no bloco comunitário.
O executivo comunitário espera que a economia europeia arranque 2021 de modo lento, pressionada por dois grandes fatores: a pandemia de coronavírus, bem como a saída do Reino Unido do mercado único. Prevê-se, por isso, que, nos primeiros três meses do ano, o PIB da União Europeia caia 0,8% e o da Zona Euro recue 0,9%, face ao trimestre anterior.
Bruxelas estima que a generalidade dos Estados-membros verá as suas economias encolher, no primeiro trimestre de 2021, face ao anterior, havendo três países onde esse decréscimo será mais acentuado. Portugal, com uma queda de 2,1% (face ao quarto trimestre), ocupa o lugar cimeiro dessa lista, seguindo-se a Irlanda (com uma descida de 1,6%) e a Áustria (com um recuo de 1,4%).
De notar que Portugal tem sido um dos países mais castigados pela terceira vaga da pandemia de coronavírus, tendo registado em janeiro valores recorde de novos contágios, internamentos e óbitos. Aliás, o Executivo português viu-se mesmo obrigado a confinar o país e a pedir auxílio a outros países europeus para o combate à Covid-19.
Tudo somado, depois da queda histórica do PIB português no segundo trimestre de 2020, foi registada alguma recuperação na segunda metade do ano, mas o arranque de 2021 deverá ser marcado por uma nova contração da economia, uma vez que o país voltou a ficar em confinamento geral. A Comissão Europeia antecipa que o segundo trimestre de 2021 trará um melhor desempenho económico, com uma “grande recuperação” a ser estimada para os meses do verão, à boleia da retoma do turismo.
Ainda no que diz respeito ao primeiro trimestre de 2021, a quebra de 2,1% do PIB português projetada pela Comissão Europeia compara com o recuo de 1,2% estimado relativamente à economia alemã e com a descida de 1,3% prevista para o PIB francês. De acordo com as expectativas do executivo comunitário, será a Bélgica o país cuja economia menos será castigada, nos primeiros três meses do ano, prevendo-se que fique estacionada nos 0%. A Suécia também se destaca, esperando-se um recuo de 0,1%.
Para o conjunto do ano, a Comissão Europeia estima que a economia da UE crescerá 3,7%. Portugal deverá superar esse valor, isto é, espera-se que o PIB português cresça 4,1% (menos do que prevista Bruxelas em novembro de 2020), antecipando um regresso aos níveis pré-pandemia no final de 2022.
O executivo comunitário deixa, ainda assim, um aviso: “Os riscos mantêm-se significativos devido à grande dependência de Portugal no turismo externo, que continua a enfrentar incertezas relacionadas com a evolução da pandemia”. Espera-se, por outro lado, que o aumento da procura dos consumidores e a melhoria da confiança dos empresários promovam a recuperação da economia portuguesa.
Bruxelas prevê que PIB espanhol será o que mais crescerá em 2021
A Comissão Europeia estima que, nos primeiros três meses do ano, o PIB de Espanha recue 0,4%, mas no conjunto de 2021 cresça 5,6%, o maior aumento da União Europeia. Isto depois de em 2020 ter sido o Estado-membro mais penalizado pela Covid-19 com uma queda de 11% da sua economia.
Bruxelas espera que à medida que o processo de vacinação avançar e as restrições forem levantadas, a atividade económica espanhola “recupere de forma vigorosa”, impulsionada pela retoma da procura, durante a segunda metade de 2021. A referida estimativa de crescimento de 5,6% está, contudo, 1,4 pontos percentuais (p.p) abaixo da do Governo espanhol (que aponta para um crescimento de 7%).
Bruxelas volta a piorar previsões para PIB alemão
Depois de ter revisto em baixa a previsão para o PIB alemão em novembro, a Comissão Europeia voltou agora a fazê-lo, apontando para um crescimento de 3,2% da economia germânica em 2021, menos 0,3 pontos percentuais que a estimativa anterior.
Em 2020, pela primeira vez em dez anos, o PIB alemão contraiu (5%), devido à pandemia de coronavírus e às restrições adotadas em resposta.
Economia francesa deverá crescer 5,5% em 2021
O PIB francês deverá crescer 5,5%, este ano, estima a Comissão Europeia. Essa projeção é inferior (em 0,3 pontos percentuais) do que a anterior, o que se explica pelo agravamento da pandemia e consequentemente endurecimento das restrições, no arranque de 2021.
Bruxelas estima que, no terceiro trimestre do ano, a atividade económica francesa deverá recuperar fortemente, com o alívio das restrições imposta em resposta à pandemia e com o plano nacional de recuperação, no âmbito do Mecanismo de Recuperação e Resiliência. A atividade económica de França deverá atingir os níveis pré-crise durante a primeira metade de 2022, indica a Comissão Europeia.
Itália deverá crescer menos do que se esperava
Também em Itália o arranque de 2021 está a ser marcado pelo endurecimento das restrições aplicadas para conter a pandemia, pelo que a economia deverá registar “um fraco início de ano”, indica a Comissão Europeia. No conjunto do ano, o PIB italiano deverá crescer 3,4%, menos do que estimado na previsão anteriormente divulgada por Bruxelas.
Além disso, o executivo comunitário antecipa que, em 2022, o ritmo de crescimento da economia italiana deverá manter-se ao mesmo nível, fixando em 3,5%. “A produção real deverá crescer a um ritmo semelhante em 2022, devido ao impulso ganho no segundo semestre deste ano e à contínua recuperação do setor dos serviços“, é sublinhado nas previsões de inverno.
(Notícia atualizada às 10h50)
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